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23/04/2001
-
03h51
da Folha de S.Paulo, em Brasília
De volta do Canadá, Fernando Henrique Cardoso vive uma semana decisiva. A oposição, encorajada pela insatisfação da base aliada com o Planalto, que apóia a investigação de seus líderes, ame-aça instalar a CPI da corrupção. Some-se a isso as dificuldades na economia por conta da turbulência política e da crise argentina.
No Congresso, ao lado dos depoimentos sobre a violação do sigilo do painel, que envolve Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o ex-líder do governo José Roberto Arruda (PSDB-DF), há a possibilidade de a CPI da corrupção obter as assinaturas necessárias para ser instalada. A oposição trabalha ainda com a hipótese de criar uma outra CPI, no Senado, caso a primeira se torne inviável.
O caso da quebra do sigilo da votação que cassou Luiz Estevão já ameaça respingar no Planalto. "Ele (Arruda) era líder do governo: se sabia de alguma coisa, acho difícil que o governo não soubesse", afirma o governador da Bahia, César Borges (PFL).
Some-se a esse cenário os desdobramentos das investigações sobre a corrupção na Sudam, que deixam o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), numa situação incômoda. Ainda que não atinja diretamente o Planalto, o caso desestabiliza o PMDB, um dos partidos da base de sustentação política de FHC.
Na economia, o cenário é adverso. A crise na Argentina ainda não está sob controle e seus efeitos sobre a cotação do dólar e sobre o real, associados à crise política no Congresso, são imprevisíveis.
"O governo acompanhará tudo de perto e espera que a economia não seja afetada por todos esses fatos", disse o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), um dos integrantes do conselho politico do governo, que hoje se reunirá às 17h com FHC. "O governo quer e agirá assim, para manter a retomada do desenvolvimento".
Pimenta disse que o governo não acredita na instalação da CPI da corrupção por ela ser inconstitucional. "Ela não atende aos requisitos necessários para ser instalada. Se atendesse, ou seja, se tivesse um objetivo específico, poderíamos até discuti-la", afirmou.
A hipótese da CPI voltou a ganhar corpo devido a ameaças veladas dos líderes partidários envolvidos na crise de apoiá-la. Na realidade, trata-se de pressão, uma tentativa de envolver o Planalto num acordo para livrar as cabeças de ACM, Arruda e Jader.
Se não conseguir até o fim da semana as assinaturas que faltam na Câmara, a oposição deve mudar o requerimento para que a CPI seja só no Senado. Para evitar que senadores retirem suas assinaturas, o líder da oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), perguntará em plenário se os 27 que assinaram mantêm seu apoio.
(WF e VM)
Sucessão de crises preocupa FHC
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De volta do Canadá, Fernando Henrique Cardoso vive uma semana decisiva. A oposição, encorajada pela insatisfação da base aliada com o Planalto, que apóia a investigação de seus líderes, ame-aça instalar a CPI da corrupção. Some-se a isso as dificuldades na economia por conta da turbulência política e da crise argentina.
No Congresso, ao lado dos depoimentos sobre a violação do sigilo do painel, que envolve Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o ex-líder do governo José Roberto Arruda (PSDB-DF), há a possibilidade de a CPI da corrupção obter as assinaturas necessárias para ser instalada. A oposição trabalha ainda com a hipótese de criar uma outra CPI, no Senado, caso a primeira se torne inviável.
O caso da quebra do sigilo da votação que cassou Luiz Estevão já ameaça respingar no Planalto. "Ele (Arruda) era líder do governo: se sabia de alguma coisa, acho difícil que o governo não soubesse", afirma o governador da Bahia, César Borges (PFL).
Some-se a esse cenário os desdobramentos das investigações sobre a corrupção na Sudam, que deixam o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), numa situação incômoda. Ainda que não atinja diretamente o Planalto, o caso desestabiliza o PMDB, um dos partidos da base de sustentação política de FHC.
Na economia, o cenário é adverso. A crise na Argentina ainda não está sob controle e seus efeitos sobre a cotação do dólar e sobre o real, associados à crise política no Congresso, são imprevisíveis.
"O governo acompanhará tudo de perto e espera que a economia não seja afetada por todos esses fatos", disse o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), um dos integrantes do conselho politico do governo, que hoje se reunirá às 17h com FHC. "O governo quer e agirá assim, para manter a retomada do desenvolvimento".
Pimenta disse que o governo não acredita na instalação da CPI da corrupção por ela ser inconstitucional. "Ela não atende aos requisitos necessários para ser instalada. Se atendesse, ou seja, se tivesse um objetivo específico, poderíamos até discuti-la", afirmou.
A hipótese da CPI voltou a ganhar corpo devido a ameaças veladas dos líderes partidários envolvidos na crise de apoiá-la. Na realidade, trata-se de pressão, uma tentativa de envolver o Planalto num acordo para livrar as cabeças de ACM, Arruda e Jader.
Se não conseguir até o fim da semana as assinaturas que faltam na Câmara, a oposição deve mudar o requerimento para que a CPI seja só no Senado. Para evitar que senadores retirem suas assinaturas, o líder da oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), perguntará em plenário se os 27 que assinaram mantêm seu apoio.
(WF e VM)
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