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24/04/2001
-
02h51
da Folha de S.Paulo
Ao ocupar a tribuna ontem, José Roberto Arruda tinha em mente dois objetivos: não ficar como o único responsável pela quebra de sigilo do painel na cassação de Luiz Estevão e ganhar tempo para decidir se renuncia ou vai até o final, o que pode lhe custar a perda de direitos políticos por oito anos.
Por isso começou dizendo que marcou seu primeiro encontro com a ex-diretora Regina Célia Borges após conversa com o senador Antonio Carlos Magalhães, na qual foram levantadas dúvidas sobre a inviolabilidade do painel.
Na sequência, Arruda assumiu ter pedido à servidora apenas a confirmação sobre a segurança do sistema, sem solicitar que ela imprimisse uma lista com os dados da votação. Arruda alimenta a expectativa de enquadrar a "falha" que reconheceu ter cometido entre os itens cuja sanção é a perda temporária do mandato.
A resolução que criou o Conselho de Ética do Senado prevê tal penalidade no caso de um senador "revelar informações e documentos oficiais de caráter reservado, de que tenha tido conhecimento na forma regimental".
O problema será Arruda convencer os colegas de que o acesso à lista aconteceu "na forma regimental".
Na dúvida, Arruda já falou em atenuantes de eventuais punições. Evocou -e agradeceu- as palavras de Eduardo Suplicy (PT-SP) e Saturnino Braga (PSB-RJ).
Na semana passada, diante do depoimento de Regina, Suplicy levantou a possibilidade de não dar a ela a pena máxima, que seria a demissão, porque teria agido sob coação e viera a público "revelar a inteira verdade dos fatos".
Segundo Suplicy, a cassação ou não de ACM e Arruda dependeria da "disposição de eles transmitirem a nós a verdade toda". Saturnino reafirmou a condicionante.
A decisão de Arruda de se antecipar foi tomada em família e a conselho de amigos, contrariando a orientação de políticos. Na visão partidária, o caminho seria negar até o fim, arrastar o processo e, então, tentar a saída da perda temporária de mandato.
Hábil, o tucano descreveu qual seria a participação de ACM no caso, sem imputar a ele a ordem para a violação. Também assumiu a responsabilidade pelo que seria a principal prova contra ACM: o telefonema de agradecimento a Regina. Arruda disse que ACM ligou a seu pedido. Agora vai ficar palavra contra palavra.
(ANDREA MICHAEL)
Colaborou FERNANDO RODRIGUES, da Sucursal de Brasília
Leia mais sobre a quebra de sigilo
Objetivo de Arruda é ganhar tempo
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Ao ocupar a tribuna ontem, José Roberto Arruda tinha em mente dois objetivos: não ficar como o único responsável pela quebra de sigilo do painel na cassação de Luiz Estevão e ganhar tempo para decidir se renuncia ou vai até o final, o que pode lhe custar a perda de direitos políticos por oito anos.
Por isso começou dizendo que marcou seu primeiro encontro com a ex-diretora Regina Célia Borges após conversa com o senador Antonio Carlos Magalhães, na qual foram levantadas dúvidas sobre a inviolabilidade do painel.
Na sequência, Arruda assumiu ter pedido à servidora apenas a confirmação sobre a segurança do sistema, sem solicitar que ela imprimisse uma lista com os dados da votação. Arruda alimenta a expectativa de enquadrar a "falha" que reconheceu ter cometido entre os itens cuja sanção é a perda temporária do mandato.
A resolução que criou o Conselho de Ética do Senado prevê tal penalidade no caso de um senador "revelar informações e documentos oficiais de caráter reservado, de que tenha tido conhecimento na forma regimental".
O problema será Arruda convencer os colegas de que o acesso à lista aconteceu "na forma regimental".
Na dúvida, Arruda já falou em atenuantes de eventuais punições. Evocou -e agradeceu- as palavras de Eduardo Suplicy (PT-SP) e Saturnino Braga (PSB-RJ).
Na semana passada, diante do depoimento de Regina, Suplicy levantou a possibilidade de não dar a ela a pena máxima, que seria a demissão, porque teria agido sob coação e viera a público "revelar a inteira verdade dos fatos".
Segundo Suplicy, a cassação ou não de ACM e Arruda dependeria da "disposição de eles transmitirem a nós a verdade toda". Saturnino reafirmou a condicionante.
A decisão de Arruda de se antecipar foi tomada em família e a conselho de amigos, contrariando a orientação de políticos. Na visão partidária, o caminho seria negar até o fim, arrastar o processo e, então, tentar a saída da perda temporária de mandato.
Hábil, o tucano descreveu qual seria a participação de ACM no caso, sem imputar a ele a ordem para a violação. Também assumiu a responsabilidade pelo que seria a principal prova contra ACM: o telefonema de agradecimento a Regina. Arruda disse que ACM ligou a seu pedido. Agora vai ficar palavra contra palavra.
(ANDREA MICHAEL)
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