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25/04/2001 - 03h02

"Destruí, rasguei", diz ACM da lista que leu

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FERNANDO RODRIGUES, da Folha de S.Paulo, em Brasília

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse ontem que teve acesso à lista com a votação secreta da cassação de Luiz Estevão. Recebeu-a, segundo diz, do senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). Indagado sobre o destino do documento, ACM diz: "Destruí. Rasguei".

O ex-presidente do Senado, que comandou a sessão que cassou o mandato de Luiz Estevão, diz não lembrar se destruiu a lista na presença de Arruda.

ACM diz ter mantido sigilo sobre a lista para evitar a anulação da cassação de Estevão, antecipando o que dirá no depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, amanhã.

Seu argumento é que, no dia da cassação de Estevão, seria impossível garantir que votos não haviam sido alterados.

Haveria pressão, segundo ACM, para que uma nova votação fosse realizada. Nessa hipótese, ela teria de ser realizada em outra data. Luiz Estevão poderia, nesse caso, ganhar tempo para tentar reverter o resultado adverso.

Recluso no dia de ontem, ACM falou pouco em público. Conversou
rapidamente com a Folha, no final da tarde. O plenário do Senado estava quase vazio. Ele interrompeu a entrevista várias vezes para falar com alguns senadores que ainda estavam no local.

Não foi possível questioná-lo nos cerca de cinco minutos que durou a entrevista inteira, descontadas as interrupções.

A seguir, os principais trechos da entrevista de ACM, que deve finalizar hoje com seus advogados e assessores o teor do depoimento que dará amanhã sobre o caso:

Folha - O sr. vai admitir em seu depoimento, com todas as letras, que teve acesso à lista?
Antonio Carlos Magalhães -
Vou.

Folha - Admitir, isso não prejudica a sua defesa?
ACM -
Não.

Folha - Por quê?
ACM -
Vou explicar detalhadamente o que aconteceu. A razão da necessidade de manter o sigilo e não de punir na hora quem cometeu o delito foi para não tornar sem efeito a cassação de Luiz Estevão.

Folha - Mas já está claro que isso, a anulação da cassação, não vai acontecer...
ACM -
Está claro agora, depois que a Unicamp fez um laudo atestando que não foram modificados os votos. Naquele dia, não. Poderia haver um movimento pela anulação da cassação.

Folha - O fato de o sr. admitir que teve a lista não o complica, já que ficaria comprovado que o sr. não disse a verdade outras vezes?
ACM -
Eu nunca neguei a lista... Falei em lista... Era uma lista como outra qualquer. Como poderia saber ao certo?

Folha - O sr. então vai argumentar que não poderia saber, ao certo, que a lista de fato informava como votaram os senadores na cassação de Luiz Estevão?
ACM -
Não é bem isso. É melhor.

Folha - O sr. recebeu a lista do senador Arruda. O que fez com ela?
ACM -
Destruí. Rasguei.

Folha - Fez isso na presença do senador Arruda?
ACM -
Não me lembro.

Folha - Quando esteve em sua sala com a lista, o senador Arruda só apresentou a cópia que entregou ao sr. ou tinha mais cópias?
ACM -
Ele levou só uma cópia.

Folha - E sobre a sua ligação telefônica agradecendo a ex-diretora do Prodasen Regina Borges?
ACM -
Continuo a não me lembrar. Mas vou fazer uma nova análise disso hoje (ontem à noite).
 

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