Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/04/2001 - 03h26

Após mentir 3 vezes, ACM depõe para salvar mandato

Publicidade

ANDRÉA MICHAEL, da Folha de S.Paulo, em Brasília

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) mentiu em plenário pelo menos três vezes sobre a existência da lista com o resultado da votação que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), em junho de 2000.

ACM depõe hoje, a partir das 14h30, perante o Conselho de Ética do
Senado com o desafio de explicar as diferentes versões que deu ao fato, dirimir dúvidas ainda não respondidas e tentar assim evitar a abertura do processo de cassação de seu próprio mandato.

Assim como seu colega José Roberto Arruda, ACM deve ter sua defesa complicada pela mentira. Somente anteontem, o senador baiano reconheceu que recebeu a lista. Teria destruído o documento depois de lê-lo. Até a confissão de Arruda, ele sustentava a farsa.

O ex-presidente do Senado mentiu primeiro no dia 7 de março. Em resposta a um discurso furioso da senadora Heloísa Helena (PT-AL), ACM atestou: "V. Exª verá, ao final de todo esse imbróglio, que não há lista, que o painel não foi modificado, nada disso", disse da tribuna do Senado.

Naquela sessão, a senadora cobrava de ACM explicações sobre a existência da lista, em especial sobre seu voto -que seria contra a cassação.
Heloísa Helena se referia à conversa de ACM com os procuradores Luiz Francisco de Souza, Guilherme Schelb e Eliana Torelly. O encontro ocorreu em 19 de fevereiro e foi gravada por Luiz Francisco. Nela, ACM aparece dizendo o seguinte, segundo um diálogo recuperado pelo foneticista Ricardo Molina: "Gente da maior qualidade votou nele [Luiz Estevão" ... lemos a lista, Heloísa Helena votou nele... eu tenho todos que votaram nele".

Em 17 de abril, ACM voltou a dizer em plenário que não havia recebido o documento. Foi quando o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), anunciou que o laudo técnico da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) provara a violação do painel. Naquela altura, a ex-diretora do Prodasen Regina Borges já sustentava que o pedido partira do senador e havia sido intermediado por Arruda.

O pefelista se colocou como o maior interessado na apuração e punição dos responsáveis pela violação, fazendo uma ressalva: "Se é que ela [violação" existiu". E insistiu: "Não recebi lista nenhuma nem me foi entregue por ninguém lista alguma".

No dia seguinte, quando ouviu Arruda tentar desmentir Regina, ACM reafirmou desconhecer a violação do painel. "Continuo a desafiar qualquer pessoa a provar que eu tenha tratado com a doutora Regina, ou com qualquer funcionário, ou com qualquer senador, sobre este assunto ou tenha qualquer interesse em saber de lista que nunca vi".

ACM foi no entanto cauteloso ao se referir à ligação mencionada pela servidora: "Não há telefonema algum meu para a doutora Regina, nesse dia ou em qualquer outro, a não ser a respeito de coisas funcionais".

ACM tem dito a interlocutores não se lembrar de ter feito a ligação, mas que não descarta a possibilidade de Arruda ter utilizado seu próprio celular para que o então presidente do Senado falasse com Regina. Se descrever a cena ao Conselho de Ética, ACM deverá dizer que o telefonema foi para indagar sobre a origem da lista que recebeu do tucano. Nesse caso, terá um outro problema. Diante da confirmação de Regina de que o documento era verdadeiro, como sustentar que suspeitava da autenticidade da lista?

As negativas de que soubesse da lista e suas últimas declarações, dando
conta de que realmente recebeu o documento, podem complicar o senador.
Luiz Estevão foi cassado porque não conseguiu se defender da acusação de mentir à CPI que apurou o desvio de R$ 169 milhões no TRT de São Paulo.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página