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27/04/2001
-
03h39
KENNEDY ALENCAR e WILLIAM FRANÇA, da Folha de S.Paulo, em Brasília
Na avaliação do Palácio do Planalto, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) saiu-se bem formalmente em seu depoimento, mas politicamente não convenceu o Conselho de Ética do Senado. O governo mantém a visão de que a tendência é a cassação.
De acordo com auxiliares do presidente Fernando Henrique Cardoso, o depoimento de ACM deixou claro que ele quebrou o decoro em dois pontos, ainda que tenha justificado seus atos como forma de preservar o Senado e evitar a anulação da cassação de Luiz Estevão, no ano passado:
1) Ao admitir que mentiu para o senadores quando disse, no plenário da Casa, nunca ter visto a lista com os votos da cassação ou saber de sua existência. Julgou-se fatal a comparação da veemência das negativas anteriores com a nova versão;
2) Ainda que seja verdade que não tenha dado a ordem para violar o painel de votação do Senado, o ex-presidente do Congresso se omitiu quando não tomou atitude para repreender os envolvidos e investigar o episódio ao receber a lista do então tucano e líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (sem partido-DF).
Tendência
Para o Planalto, será determinante para a cassação de ACM e a velocidade desse processo a repercussão de seu depoimentos no telejornais e na mídia impressa.
FHC considera que até amanhã haverá uma tendência definida. Arruda depõe hoje, e a expectativa de tucanos com os quais conversou é de que rebaterá parte da versão de ACM.
Um ministro considera que a imprensa será decisiva para cassar ou dar uma punição mais branda a ACM, o que seria uma vitória. Os carlistas sonham com a suspensão temporária do mandato do senador pefelista.
Apesar de julgar que ACM não se salvou politicamente, auxiliares de FHC julgaram bem preparada o início de sua fala, um roteiro traçado com os advogados para tentar provar que não deu a ordem para a violação.
Alternativa
Ainda de acordo com a avaliação do governo, ACM tem uma alternativa preparada caso perdure a sensação de que ele não convenceu sobre seu envolvimento e sua cassação seja iminente.
No governo, avalia-se que ele começará a cogitar seriamente da renúncia, a fim de tentar disputar o governo baiano. Hoje, o entendimento majoritário é que ACM e Arruda, se renunciarem, se livraram da punição de se tornar inelegíveis por oito anos.
FHC assistiu atentamente apenas o início do depoimento de ACM. O presidente estava no Palácio da Alvorada, onde mora, e acompanhou a parte em que ACM fez suas considerações iniciais, até pouco antes das 16h.
Depois, para demonstrar que o governo não irá paralisar suas atividades apesar da crise política no Senado, FHC participou de cerimônia ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, no Palácio do Planalto. FHC atrasou a cerimônia em 20 minutos e aparentava tranquilidade.
Comentário
Durante o seu discurso, o presidente fez um único comentário, de forma indireta, sobre a crise no Legislativo.
Ao falar da capacidade brasileira de superar as dificuldades, especialmente as ligadas ao cenário econômico e internacional, FHC disse que o Brasil conseguiu evoluir, especialmente no que se refere à educação.
"A despeito de todas as dificuldades, sem falar nas dificuldades menores que andam aqui por perto", afirmou FHC, inclinando a cabeça em direção ao prédio do Congresso, que ficava ao seu lado direito.
Seu gesto arrancou tímidos risos dos presentes à cerimônia. "Sem falar dessas", completou o presidente.
Planalto avalia que ACM não convenceu
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Na avaliação do Palácio do Planalto, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) saiu-se bem formalmente em seu depoimento, mas politicamente não convenceu o Conselho de Ética do Senado. O governo mantém a visão de que a tendência é a cassação.
De acordo com auxiliares do presidente Fernando Henrique Cardoso, o depoimento de ACM deixou claro que ele quebrou o decoro em dois pontos, ainda que tenha justificado seus atos como forma de preservar o Senado e evitar a anulação da cassação de Luiz Estevão, no ano passado:
1) Ao admitir que mentiu para o senadores quando disse, no plenário da Casa, nunca ter visto a lista com os votos da cassação ou saber de sua existência. Julgou-se fatal a comparação da veemência das negativas anteriores com a nova versão;
2) Ainda que seja verdade que não tenha dado a ordem para violar o painel de votação do Senado, o ex-presidente do Congresso se omitiu quando não tomou atitude para repreender os envolvidos e investigar o episódio ao receber a lista do então tucano e líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (sem partido-DF).
Tendência
Para o Planalto, será determinante para a cassação de ACM e a velocidade desse processo a repercussão de seu depoimentos no telejornais e na mídia impressa.
FHC considera que até amanhã haverá uma tendência definida. Arruda depõe hoje, e a expectativa de tucanos com os quais conversou é de que rebaterá parte da versão de ACM.
Um ministro considera que a imprensa será decisiva para cassar ou dar uma punição mais branda a ACM, o que seria uma vitória. Os carlistas sonham com a suspensão temporária do mandato do senador pefelista.
Apesar de julgar que ACM não se salvou politicamente, auxiliares de FHC julgaram bem preparada o início de sua fala, um roteiro traçado com os advogados para tentar provar que não deu a ordem para a violação.
Alternativa
Ainda de acordo com a avaliação do governo, ACM tem uma alternativa preparada caso perdure a sensação de que ele não convenceu sobre seu envolvimento e sua cassação seja iminente.
No governo, avalia-se que ele começará a cogitar seriamente da renúncia, a fim de tentar disputar o governo baiano. Hoje, o entendimento majoritário é que ACM e Arruda, se renunciarem, se livraram da punição de se tornar inelegíveis por oito anos.
FHC assistiu atentamente apenas o início do depoimento de ACM. O presidente estava no Palácio da Alvorada, onde mora, e acompanhou a parte em que ACM fez suas considerações iniciais, até pouco antes das 16h.
Depois, para demonstrar que o governo não irá paralisar suas atividades apesar da crise política no Senado, FHC participou de cerimônia ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, no Palácio do Planalto. FHC atrasou a cerimônia em 20 minutos e aparentava tranquilidade.
Comentário
Durante o seu discurso, o presidente fez um único comentário, de forma indireta, sobre a crise no Legislativo.
Ao falar da capacidade brasileira de superar as dificuldades, especialmente as ligadas ao cenário econômico e internacional, FHC disse que o Brasil conseguiu evoluir, especialmente no que se refere à educação.
"A despeito de todas as dificuldades, sem falar nas dificuldades menores que andam aqui por perto", afirmou FHC, inclinando a cabeça em direção ao prédio do Congresso, que ficava ao seu lado direito.
Seu gesto arrancou tímidos risos dos presentes à cerimônia. "Sem falar dessas", completou o presidente.
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