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27/04/2001 - 03h40

ACM mentiu, diz detector de mentiras

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FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Um programa de exame de frequência de voz analisou o depoimento de ontem do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e concluiu que ele mentiu ao Conselho de Ética ao dizer que não pediu a ninguém, direta ou indiretamente, que solicitasse a lista de votos da cassação de Luiz Estevão.

"Fica claro que ele está mentindo nesse trecho, quando diz "não pedi nem direta nem indiretamente". O computador demonstra um alto nível de estresse e medo extremo", diz Mauro J. Nadvorny, da Truster Brasil, empresa com sede em Porto Alegre.

"Tenho certeza do resultado porque o programa permite que sejam retirados padrões que possam, em determinadas circunstâncias, mascarar o resultado. Ontem, programei para que não fossem consideradas frequências de voz que demonstrassem extrema tensão, pois tratava-se de uma situação obviamente tensa", diz Nadvorny.

O programa utilizado, o truster, é de procedência israelense e sua função guarda semelhança com a de um detector de mentiras comum -o polígrafo, que mede variação de pressão arterial, movimentos respiratórios etc. A diferença é que o truster trabalha apenas com a voz. O depoimento de ACM foi gravado, digitalizado e repartido em 1.347 trechos.

Diferentemente de sistemas similares, o truster utiliza um algoritmo (conjunto de regras e operações matemáticas) que permite ao sistema detectar o estado de estresse, medir seu nível e perceber a causa desse estresse.

Toda vez que ocorre uma alteração de frequência na voz, o software vai registrando as variações, estabelece um padrão e aponta quando há distorções.

No depoimento de ACM, o truster detectou que o senador disse a verdade ao relatar que não tem o costume de autorizar pessoas a usarem o seu nome para fazer alguma coisa. Mas há uma "imprecisão" quando diz: "Não pedi para conhecer o resultado da votação da cassação de Luiz Estevão".

ACM também mente, segundo o programa, ao dizer: "José Roberto Arruda" pediu a uma das minhas secretárias que fizesse a ligação para Regina Borges" logo depois de receber a lista.

Ficou registrado no computador que é verdade o conteúdo da ligação de ACM a Regina, conforme relatado pelo senador, dizendo que não fez um agradecimento pela lista. Segundo o truster, entretanto, é mentira que ACM tenha tomado a decisão de rasgar a lista logo após Arruda tê-la entregue e saído de sua sala. Mas é verdade que, em algum momento, o senador tomou de fato essa decisão, destruindo o papel.

Uma análise com o truster nos depoimentos de Regina Borges (ao conselho) e do senador José Roberto Arruda (no plenário do Senado) também demonstra que esses dois personagens mentiram parcialmente. Segundo o programa, Regina mentiu em seu depoimento de 19 de abril apenas em questões acessórias de sua fala. Por exemplo, quando disse lamentar o mal que o processo todo causava ao Senado. Ou quando quando também lamentou o problema que causava para os senadores Arruda e ACM.

Arruda, segundo a análise do truster, demonstra "imprecisão" quando diz ter surgido uma dúvida com relação ao conhecimento dos resultados das votações secretas por parte dos funcionários do Prodasen. Outro dado revelador: segundo o truster, Arruda mente ao dizer que estava sozinho na sala com ACM ao entregar a lista.
 

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