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27/04/2001 - 16h33

Tebet encerra depoimento de Arruda; acareação acontece na 5ª feira

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da Folha Online

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), encerrou há pouco o depoimento do senador José Roberto Arruda (sem partido-DF), que durou mais de sete horas. Como há muitas contradições entre os depoimentos, Tebet marcou para as 14h30 da próxima quinta-feira (3) a acareação entre os senadores Arruda, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e a ex-diretora do Prodasen Regina Borges.

Tebet pediu que, até lá, os membros do Conselho de Ética estudem detalhadamente todos os depoimentos concedidos e os laudos técnicos anexados à investigação.

Arruda contradisse hoje no Conselho de Ética os depoimentos de Antonio Carlos Magalhães (ocorrido na quinta) e de Regina Borges, ex-diretora do Prodasen (departamento de processamento de dados do Senado).

Após o depoimento, os senadores só tinham uma certeza: de que é preciso uma acareação entre ele, ACM e a ex-diretora do Prodasen. Arruda diz que apenas pediu, em nome de ACM, que Regina Borges checasse a vulnerabilidade do painel do Senado. Ela diz que pediram a quebra do sigilo, e ACM diz que seu nome foi usado em vão.

A intenção de Arruda era convencer que não é o culpado pela quebra do sigilo de votação do Senado na sessão que cassou Luiz Estevão, em junho do ano passado, e, assim, evitar sua cassação.

Para isso, contou sua versão dos fatos. Disse que antes daquela votação procurou Regina Borges a pedido de ACM.

O ex-líder tucano disse que havia uma preocupação de ACM com a possibilidade da quebra do sigilo do painel de votação. E que o então presidente do Senado (ACM) queria saber se era possível acontecer essa quebra.

Arruda insistiu que conversou com ACM antes de procurar Regina Borges e que perguntou se poderia conversar com ela em nome dele (ACM).

Segundo Arruda, foi Regina Borges que entendeu mal a conversar e, em vez de apenas checar a possibilidade de quebra, teria violado por conta própria o sigilo da votação.

Essa versão não é a mesma da apresentada por ACM ou por Regina Borges.

O senador baiano disse que jamais conversou com Arruda, antes da cassação de Luiz Estevão, sobre a segurança do painel de votação. Insistiu que, se alguém utilizou seu nome para conseguir a lista de votação, utilizou sem seu conhecimento ou consentimento.

Já Regina Borges disse que não houve apenas uma consulta sobre a vulnerabilidade do painel, mas um pedido para que o sigilo fosse quebrado.

Há, ainda, outra contradição entre Arruda e ACM. O ex-líder do governo no Senado disse que após receber a lista de votação de Regina Borges a levou para o gabinete de ACM, que os dois analisaram a lista e que ACM, então, ligou para a então diretora do Prodasen para agradecer o trabalho feito.

Já o ex-presidente do Senado disse que só ligou para Regina para acalmá-la.

Com relação a Regina Borges também há outras divergências. Arruda disse que ela ficou de ligar para dizer se era possível a quebra ou não, mas que não o fez. E que voltou a falar com ela depois que ela já tinha obtido a lista com os votos dos senadores.

Mas essa informação foi contesta, por meio do senador Eduardo Suplicy. Ainda durante o depoimento de Arruda, Suplicy afirmou que Regina Borges o havia avisado que já estava com a relação de telefonemas dados naqueles dias e que no dia da cassação de Luiz Estevão, às 10h05, havia ligado para o celular de Arruda.

O senador insistiu que não falou com Regina Borges e que naquele dia, como sempre faz, havia deixado o celular com sua secretária. Disse também que a revelação de Suplicy era uma "tática de guerrilha".

Acareação

Para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), o mar de contradições entre os depoimentos faz do processo "um samba do crioulo doido".

"Isso é o samba do crioulo doido. Os dois senadores [Antonio Carlos Magalhães e Arruda] merecem até um prêmio, enquanto Regina Borges [ex-diretora do Prodasen] deve ir para uma penitenciária ou então para um hospício", ironizou Péres.

Segundo ele, só uma acareação entre os três (ACM,. Arruda e Regina) poderá esclarecer qual a versão verdadeira.

O que acontece agora

Depois da acareação, os membros da Comissão de Ética e Decoro decidem se deve ou não ser aberto um processo de cassação contra os dois senadores. O próximo passo será uma parecer da Comissão de Constituição e Justiça sobre a validade ou não do processo de cassação.

Para cassar o mandato de um senador é necessário o voto secreto da maioria absoluta (41) dos 81 senadores. A votação é secreta.

Em toda história, apenas um senador brasileiro foi cassado por seus pares, justamente Luiz Estevão, naquele 28 de junho de 2000, quando houve a quebra do sigilo do painel de votação, que deu início a esse novo caso.

  • Leia mais sobre a quebra de sigilo
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