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05/05/2001 - 03h27

"Contribuí para o processo", diz Regina

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WILLIAM FRANÇA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A ex-diretora do Prodasen [o serviço de processamento de dados do Senado" Regina Célia Borges deixou a acareação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aliviada o suficiente para deixar de lado o calmante Lexotan a que vinha recorrendo nos últimos dias para conseguir dormir.

Pela primeira vez em mais de duas semanas, desde que envolveu os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF) na quebra do sigilo do painel eletrônico de votação do Senado, Regina Borges caminhou ontem pelos arredores de sua casa no Lago Sul, bairro de classe média alta de Brasília.

Antes de voltar ao trabalho no Prodasen e retomar sua rotina, ela deve viajar por uma semana. Só depois do descanso vai pensar no processo que enfrentará pela quebra do sigilo da votação que cassou o ex-senador Luiz Estevão.

Questionada sobre que punição deve ser aplicada aos senadores que lhe teriam ordenado a quebra do sigilo, a ex-diretora do Prodasen fez uma pausa. ""Estou cansada demais para pensar nisso".

Ao final de sete horas de acareação com ACM e Arruda, Regina disse ter a consciência tranquila. Ela falou à Folha ao lado do marido, Ivar Ferreira, um dos envolvidos na violação do painel eletrônico e igualmente satisfeito com o desempenho de sua mulher frente a frente com ACM e Arruda. "Agora acabou o pior", comentou Ivar.

Folha - Como é que a senhora avalia a sua participação na acareação?
Regina Célia Borges -
Olha, pelo que foi visto, eu mantive absolutamente o que falei anteriormente. A diferença é que tive como apresentar uma série de dados factuais. Um exemplo foram os telefonemas, todos eles foram confirmando ponto a ponto de tudo o que eu falei. Eu acho que foi boa a minha participação.

Folha - A senhora falou ao final que deixava a acareação mais tranquila. Essa tranquilidade é real?
Regina -
É a minha consciência tranquila que está dizendo que eu falei toda a verdade e que colaborei naquilo que foi possível.
Lógico, eu tenho as minhas limitações, ainda que quisessem que eu avançasse e que fosse além, dizendo algo como o que os senadores pensaram, o que conversaram. Isso aí fugiu ao meu âmbito. Agora, até onde eu pude participar, procurei repassar tudo e tenho certeza de que contribuí para o processo.

Folha - Houve um sentimento expresso por alguns senadores, antes mesmo de a sessão terminar, de que os depoimentos dos senadores José Roberto Arruda e Antonio Carlos Magalhães buscaram tornar a senhora uma espécie de algoz da situação, tornando-se assim a maior responsável por tudo.
A senhora se sente de alguma forma a maior responsável pela violação do painel eletrônico?
Regina -
Sabe que não me sinto assim? O senador Arruda falou que ele foi um elo. E, realmente, se pensarmos que ficaram os servidores de fora, porque desses eu tirei absolutamente [a responsabilidade], só eu fiquei sendo o elo do senador Arruda e do senador ACM -mais até pelo que foi dito pelo senador Arruda, de que ele [ACM] teria tomado a iniciativa. O meu elo mais próximo seria o senador Arruda.
Eu acho que, independentemente do que eles [os demais senadores] tenham afirmado [sobre o depoimento], tem todo o material, tem todas as provas testemunhais e factuais.

Folha - Ao final da acareação, o senador José Roberto Arruda apresentou um e-mail apontando uma estratégia de defesa que citava um amigo de um dos seus filhos e citou o nome dele [Dorival Santos".
Esse e-mail de alguma forma a desestabilizou emocionalmente, uma vez que ele envolveu um de seus filhos?
Regina -
Eu realmente não entendi a citação do senador. Eu procurei tomar rápido o microfone para perguntar onde é que meu filho entrava nisso. Não entendi até agora. Mas eu estou com a minha verdade e pronto.

Folha - Qual é a punição que a senhora imagina que deveria ser aplicável à senhora pela violação do painel do Senado?
Regina -
Eu tenho dificuldades em avaliar isso. Eu fiz tudo cumprindo ordens. Agora vai começar uma outra etapa.
Eu tive essa etapa inicial, que foi colaborar com o Conselho de Ética do Senado e isso me mobilizou por esse tempo todo.
Mas sabe que eu nem tive tempo de parar e pensar naquilo que me diz respeito agora, que é a parte administrativa que vou ter de responder?

Folha - A senhora teme de alguma forma responder também a algum processo penal por conta da violação do painel eletrônico?
Regina -
Olha, eu não quero sofrer por antecipação mais do que eu já tenho sofrido por tudo. Vamos etapa por etapa, ou, como se diz na informática, step by step.

Folha - E, na sua avaliação, que pena caberia ser aplicada aos dois senadores?
Regina -
Não sei, realmente. Eu estou cansada demais para pensar nisso.

Folha - A senhora realmente está mais tranquila, agora?
Regina -
Estou tranquila. É capaz até de eu conseguir dormir sem Lexotan. É capaz...
 

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