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06/05/2001 - 06h07

Eleições de 2002 devem influenciar votos do conselho

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OTÁVIO CABRAL e VERA MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Pelo menos 9 dos 16 membros do Conselho de Ética do Senado pretendem ser candidatos aos governos de seus Estados em 2002.

Essa preocupação eleitoral, segundo os próprios membros do conselho, deve influenciar na decisão sobre as punições que podem ser aplicadas aos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF) no caso da violação do painel de votação.

A avaliação no Congresso é que os senadores que votarem por uma punição leve aos colegas poderão ser prejudicados na eleição, pois a maioria da opinião pública quer a cassação dos dois.

"Os senadores votarão com um olho no processo e o outro em 2002", admite o senador Ney Suassuna (PMDB), integrante do Conselho de Ética e pré-candidato ao governo da Paraíba. ""Há duas palavras de ordem nesse processo: justiça e sobrevivência política", conclui Suassuna.

Outro fato que demonstra a força da questão eleitoral é que 10 dos 16 membros do conselho ficarão sem mandato no final de 2002. Por isso, precisarão disputar ao menos a reeleição. Apenas um senador, o relator Saturnino Braga (PSB-RJ), admite estar fora da disputa em 2002 -tem mais quatro anos de mandato e diz que não deve disputar o governo do Rio.

Preocupado com essa questão, ACM tenta o impedimento de todos os integrantes do conselho que declararem seus votos. Se conseguir, tentará emplacar senadores que estejam longe da disputa eleitoral para substituí-los.

Um governista que faz parte do conselho tem pesquisas que mostram que mais de 70% da população de seu Estado defende a cassação de ACM e Arruda.

A oposição ajuda a espalhar a influência da opinião pública para garantir a punição máxima. Para um parlamentar do bloco, senadores que querem aliar-se aos partidos de oposição em seus Estados em 2002 precisarão defender a cassação.

Esse é o caso dos peemedebistas Amir Lando (RO) e Casildo Maldaner (SC), que tentam viabilizar-se como candidatos de oposição. O mesmo motivo levou os dois a assinar a CPI.

Em Rondônia, o poder está nas mãos do PFL e do PSDB. Lando busca aliança com partidos de esquerda e pretende ter uma prefeita do PSB como vice.
Maldaner tenta mostrar-se como oposição a Esperidião Amin (PPB) e Jorge Bornhausen (PFL), que dominam a política no Estado e têm ótimas relações com o governo do presidente FHC.

Outros membros do conselho ainda precisam viabilizar-se em seus Estados. Para isso, contam com o destaque obtido com a participação no julgamento de ACM e Arruda. É o caso de Ramez Tebet (PMDB-MS), presidente do conselho. Tebet disputa com o prefeito de Campo Grande, André Puccineli, a candidatura de oposição ao atual governador do Estado, Zeca do PT.

Na mesma situação está o tucano Antero Paes de Barros (MT), que disputará a convenção do partido com o prefeito de Cuiabá, Roberto França. Ele nega que a ênfase empregada em suas intervenções -sempre televisionadas- nos depoimentos tenha motivação eleitoreira.

"Os senadores estão levando em conta a opinião pública. O julgamento será feito independentemente do fato de haver eleições em 2002", diz o tucano.

O corregedor Romeu Tuma (PFL-SP), derrotado na última eleição à Prefeitura de São Paulo, quer tentar o governo. Mas pode concorrer novamente ao Senado caso o PFL se alie ao PMDB ou ao PSDB, abrindo mão de encabeçar a chapa na sucessão estadual.

Jefferson Péres (PDT-AM), que tem se destacado como um dos membros mais incisivos do conselho, quer o governo do Amazonas, mas só se conseguir uma frente ampla de oposição.

"Não tenho dinheiro para viabilizar uma campanha cara como para o governo. Precisaria ter o respaldo partidário e financeiro."

Ele também evita a relação direta entre a atuação no conselho e a eleição. "Jamais vão me ver empunhando a bandeira da ética como mote eleitoral. Para mim, ética não é uma qualidade que deva ser apregoada, e sim uma questão pessoal", discursa.

Dois senadores do Nordeste dependem do destino de seus padrinhos políticos para decidir o futuro. Lúcio Alcântara (PSDB-CE) quer o governo, mas pode disputar o Senado se for conveniente ao governador Tasso Jereissati.

O carlista Paulo Souto (PFL) é o pré-candidato do partido ao governo baiano. Mas pode ter que dar lugar a ACM. Nesse caso, ficaria no Senado, onde tem mandato até o final de 2006.

Também com mandato até 2006, Heloísa Helena (PT) irá disputar o governo de Alagoas. Ela acompanha o caso do painel com interesse pessoal: cassados ACM e Arruda, verá fortalecida a posição de que foi caluniada quando o pefelista divulgou que ela votou contra a cassação de Luiz Estevão.





 

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