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14/05/2001
-
07h38
ELIANE CANTANHÊDE
diretora da Sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo
Com o enterro da CPI da corrupção, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) volta ao centro da cena política nesta semana envolto por uma dúvida: o presidente Fernando Henrique Cardoso barganhou ou não a absolvição de ACM pelo fim da CPI?
A oposição não tem dúvida de que barganhou, mas o PSDB tentará demonstrar o contrário e aprovar, na sua convenção nacional do próximo fim de semana, em Brasília, uma moção pela cassação de ACM e de José Roberto Arruda (sem partido-DF).
FHC e PSDB temem que a opinião pública, já irritada com o fim da CPI, culpe o presidente por uma eventual absolvição de ACM.
Nenhum dos cardeais tucanos aceita apresentar a moção, mas a cúpula partidária acha que basta um dos convencionais fazê-lo para que seja aprovada. Ninguém se disporia a discursar contra.
O partido tem três dos 16 integrantes do Conselho de Ética, que vai ouvir nesta quarta-feira o parecer do senador Saturnino Braga (PSB-RJ). A tendência é Saturnino pedir a abertura de processo contra ACM e Arruda.
Os três tucanos são: o próprio Arruda, Osmar Dias (PR), que assinou na última hora o requerimento da CPI da corrupção, e Lúcio Alcântara (CE), que está sob fogo cruzado. De um lado, o PSDB é contra ACM; de outro, o governador tucano Tasso Jereissati (CE) é amigo do baiano.
Alcântara reúne-se hoje em Fortaleza com Tasso, que é seu principal aliado político e é próximo de ACM a ponto de ter sido lançado por ele candidato à Presidência da República em 2002. Descarta, porém, qualquer pressão.
"O Tasso lamenta muito essa situação, principalmente porque é amigo de ACM. Mas não fez nem fará pressão nenhuma, porque não é o estilo dele nem seria admissível", disse Alcântara ontem.
Ele provoca a cúpula tucana: "Eu fico lendo informações e posições desencontradas do partido na imprensa. É muito cômodo. Por que, então, a Executiva Nacional não solta uma nota oficial?".
Confissão pefelista
Os tucanos e a cúpula do PFL foram surpreendidos, no sábado, pela declaração do ministro pefelista Roberto Brant (Previdência Social) de que falara com ACM, em nome de FHC, durante a megaoperação para abortar a CPI.
Brant, FHC e o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), trocaram telefonemas no próprio sábado. Depois, FHC negou qualquer interferência no processo pela violação do painel de votações do Senado.
Conforme a Folha apurou, além de temer que a opinião pública se volte contra ele próprio se os dois senadores forem absolvidos, Fernando Henrique Cardoso analisa que ACM é o principal culpado pelos dois principais problemas do governo: a própria CPI e, indiretamente, a crise energética.
O risco de existir uma CPI só houve em função de denúncias e declarações do senador baiano, e os ministros de Minas e Energia do primeiro mandato e de mais da metade do segundo foram indicados por ACM. Eles teriam sido imprevidentes.
Há, ainda, dois argumentos para desvincular FHC de uma operação de bastidores para salvar os mandatos de ACM e Arruda. Um deles é que o governo retirou número suficiente de assinaturas da CPI e não precisou, efetivamente, do recuo dos baianos.
O outro é que, se ACM se mantiver senador, continuará sendo o principal inimigo de FHC no Congresso. Passado o processo do painel do Senado e mantido senador, ele voltaria à carga com tudo contra o governo.
Se ACM for salvo, porém, o presidente e o PSDB sabem que ninguém acreditará que não tiveram nada a ver com isso.
Leia mais sobre a quebra de sigilo
PSDB teme levar culpa por eventual absolvição de ACM
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diretora da Sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo
Com o enterro da CPI da corrupção, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) volta ao centro da cena política nesta semana envolto por uma dúvida: o presidente Fernando Henrique Cardoso barganhou ou não a absolvição de ACM pelo fim da CPI?
A oposição não tem dúvida de que barganhou, mas o PSDB tentará demonstrar o contrário e aprovar, na sua convenção nacional do próximo fim de semana, em Brasília, uma moção pela cassação de ACM e de José Roberto Arruda (sem partido-DF).
FHC e PSDB temem que a opinião pública, já irritada com o fim da CPI, culpe o presidente por uma eventual absolvição de ACM.
Nenhum dos cardeais tucanos aceita apresentar a moção, mas a cúpula partidária acha que basta um dos convencionais fazê-lo para que seja aprovada. Ninguém se disporia a discursar contra.
O partido tem três dos 16 integrantes do Conselho de Ética, que vai ouvir nesta quarta-feira o parecer do senador Saturnino Braga (PSB-RJ). A tendência é Saturnino pedir a abertura de processo contra ACM e Arruda.
Os três tucanos são: o próprio Arruda, Osmar Dias (PR), que assinou na última hora o requerimento da CPI da corrupção, e Lúcio Alcântara (CE), que está sob fogo cruzado. De um lado, o PSDB é contra ACM; de outro, o governador tucano Tasso Jereissati (CE) é amigo do baiano.
Alcântara reúne-se hoje em Fortaleza com Tasso, que é seu principal aliado político e é próximo de ACM a ponto de ter sido lançado por ele candidato à Presidência da República em 2002. Descarta, porém, qualquer pressão.
"O Tasso lamenta muito essa situação, principalmente porque é amigo de ACM. Mas não fez nem fará pressão nenhuma, porque não é o estilo dele nem seria admissível", disse Alcântara ontem.
Ele provoca a cúpula tucana: "Eu fico lendo informações e posições desencontradas do partido na imprensa. É muito cômodo. Por que, então, a Executiva Nacional não solta uma nota oficial?".
Confissão pefelista
Os tucanos e a cúpula do PFL foram surpreendidos, no sábado, pela declaração do ministro pefelista Roberto Brant (Previdência Social) de que falara com ACM, em nome de FHC, durante a megaoperação para abortar a CPI.
Brant, FHC e o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), trocaram telefonemas no próprio sábado. Depois, FHC negou qualquer interferência no processo pela violação do painel de votações do Senado.
Conforme a Folha apurou, além de temer que a opinião pública se volte contra ele próprio se os dois senadores forem absolvidos, Fernando Henrique Cardoso analisa que ACM é o principal culpado pelos dois principais problemas do governo: a própria CPI e, indiretamente, a crise energética.
O risco de existir uma CPI só houve em função de denúncias e declarações do senador baiano, e os ministros de Minas e Energia do primeiro mandato e de mais da metade do segundo foram indicados por ACM. Eles teriam sido imprevidentes.
Há, ainda, dois argumentos para desvincular FHC de uma operação de bastidores para salvar os mandatos de ACM e Arruda. Um deles é que o governo retirou número suficiente de assinaturas da CPI e não precisou, efetivamente, do recuo dos baianos.
O outro é que, se ACM se mantiver senador, continuará sendo o principal inimigo de FHC no Congresso. Passado o processo do painel do Senado e mantido senador, ele voltaria à carga com tudo contra o governo.
Se ACM for salvo, porém, o presidente e o PSDB sabem que ninguém acreditará que não tiveram nada a ver com isso.
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