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16/05/2001
-
03h16
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) dá sinais de cansaço da luta contra a sua cassação. Reservadamente, ele já não rejeita com tanta veemência a hipótese de renunciar ao mandato, dizendo não aguentar mais a "chateação".
José Roberto Arruda (sem partido-DF) não esconde o abatimento nem publicamente. "Me impus um certo recato. É um momento difícil. Vou contribuir com o meu silêncio", dizia ontem.
Envolvidos na violação do painel eletrônico do Senado, os dois lutam para evitar a cassação. Em troca, admitem ser punidos com uma pena mais branda, como a suspensão temporária dos mandatos. A amigos, Arruda já chegou a dizer que irá abandonar a vida pública, com a qual estaria desiludido.
ACM está se sentindo um candidato em campanha, mas com poucas chances de vitória. Um candidato que precisa se desdobrar em sorrisos, abraços, participação em eventos públicos e caminhadas para provar sua popularidade. Ele tem dito a amigos que não consegue mais dormir, ler ou fazer outra coisa senão pensar na situação que está vivendo.
Publicamente, o baiano ainda não admite a possibilidade da renúncia para evitar ser penalizado com a cassação e a consequente inelegibilidade por oito anos após o fim do atual mandato. "Não é meu propósito [a renúncia", porque acho que não serei condenado". Ele apela para o ""bom senso" dos colegas ao fazer sua defesa.
Pecado
"Qual é o meu pecado? Sou acusado de não ter tomado providências [para punir a violação do painel]. Isso é motivo de cassação? A violação pode até ser motivo para cassação, mas essa acusação contra mim não é", argumenta.
ACM e Arruda entregaram memoriais com suas defesas aos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Eles têm frequentado as sessões do Senado, mas com estilos diferentes.
O baiano faz apartes e fala sobre assuntos diversos, enquanto Arruda se mostra constrangido e calado. Ele tem feito um mea-culpa, afirmando que cometeu um erro, mas que a cassação seria uma pena desproporcional à infração.
Compara sua falha à acusação que pesou contra o senador cassado Luiz Estevão (PMDB-DF), de envolvimento no desvio de R$ 169,5 milhões de recursos públicos destinados à construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Arruda mantém a tese de que ACM o autorizou a fazer em seu nome uma "consulta" à ex-diretora do Prodasen Regina Célia Peres Borges sobre os riscos de violação do painel.
O senador baiano continua negando. Voltou a dizer ontem que não deu autorização a Arruda para usar seu nome e que se surpreendeu quando o ex-tucano levou a ele a lista com o resultado da votação da cassação de Estevão.
ACM não admite que espera dos aliados do governo contrapartida pelo fato de ter determinado aos deputados carlistas que retirassem suas assinaturas do requerimento que propunha a criação da CPI da corrupção.
Sua explicação oficial para retirar os apoios é o fato de um dos autores da CPI ser o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), um de seus adversários na Bahia.
"Esse camarada vai ter meu apoio para criar CPI? Posso ser tudo, menos burro", diz. Ao fazer essa afirmação, ACM teve um momento de nostalgia e se lembrou de um artigo escrito há anos por João Ubaldo Ribeiro. O título era: "Burro é que ele não é".
(RAQUEL ULHÔA)
ACM se diz insone a já cogita renúncia
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O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) dá sinais de cansaço da luta contra a sua cassação. Reservadamente, ele já não rejeita com tanta veemência a hipótese de renunciar ao mandato, dizendo não aguentar mais a "chateação".
José Roberto Arruda (sem partido-DF) não esconde o abatimento nem publicamente. "Me impus um certo recato. É um momento difícil. Vou contribuir com o meu silêncio", dizia ontem.
Envolvidos na violação do painel eletrônico do Senado, os dois lutam para evitar a cassação. Em troca, admitem ser punidos com uma pena mais branda, como a suspensão temporária dos mandatos. A amigos, Arruda já chegou a dizer que irá abandonar a vida pública, com a qual estaria desiludido.
ACM está se sentindo um candidato em campanha, mas com poucas chances de vitória. Um candidato que precisa se desdobrar em sorrisos, abraços, participação em eventos públicos e caminhadas para provar sua popularidade. Ele tem dito a amigos que não consegue mais dormir, ler ou fazer outra coisa senão pensar na situação que está vivendo.
Publicamente, o baiano ainda não admite a possibilidade da renúncia para evitar ser penalizado com a cassação e a consequente inelegibilidade por oito anos após o fim do atual mandato. "Não é meu propósito [a renúncia", porque acho que não serei condenado". Ele apela para o ""bom senso" dos colegas ao fazer sua defesa.
Pecado
"Qual é o meu pecado? Sou acusado de não ter tomado providências [para punir a violação do painel]. Isso é motivo de cassação? A violação pode até ser motivo para cassação, mas essa acusação contra mim não é", argumenta.
ACM e Arruda entregaram memoriais com suas defesas aos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Eles têm frequentado as sessões do Senado, mas com estilos diferentes.
O baiano faz apartes e fala sobre assuntos diversos, enquanto Arruda se mostra constrangido e calado. Ele tem feito um mea-culpa, afirmando que cometeu um erro, mas que a cassação seria uma pena desproporcional à infração.
Compara sua falha à acusação que pesou contra o senador cassado Luiz Estevão (PMDB-DF), de envolvimento no desvio de R$ 169,5 milhões de recursos públicos destinados à construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Arruda mantém a tese de que ACM o autorizou a fazer em seu nome uma "consulta" à ex-diretora do Prodasen Regina Célia Peres Borges sobre os riscos de violação do painel.
O senador baiano continua negando. Voltou a dizer ontem que não deu autorização a Arruda para usar seu nome e que se surpreendeu quando o ex-tucano levou a ele a lista com o resultado da votação da cassação de Estevão.
ACM não admite que espera dos aliados do governo contrapartida pelo fato de ter determinado aos deputados carlistas que retirassem suas assinaturas do requerimento que propunha a criação da CPI da corrupção.
Sua explicação oficial para retirar os apoios é o fato de um dos autores da CPI ser o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), um de seus adversários na Bahia.
"Esse camarada vai ter meu apoio para criar CPI? Posso ser tudo, menos burro", diz. Ao fazer essa afirmação, ACM teve um momento de nostalgia e se lembrou de um artigo escrito há anos por João Ubaldo Ribeiro. O título era: "Burro é que ele não é".
(RAQUEL ULHÔA)
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