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17/05/2001
-
03h09
FERNANDO RODRIGUES
DENISE MADUEÑO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Embora negue publicamente, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) está preparado para renunciar na semana que vem ou a qualquer momento. A saída só não foi adotada ainda porque o baiano acredita ter alguma chance de, pelo menos, postergar ao máximo a decisão do Conselho de Ética sobre seu caso.
Entre os carlistas, é quase unânime que está praticamente impossível salvar ACM da cassação. Quando o cenário ficasse inevitável, ACM renunciaria. O primeiro suplente é seu filho Antonio Carlos Magalhães Júnior, conhecido na Bahia apenas como Júnior.
"Saio e deixo o Júnior aqui. Seria a mesma coisa que se eu estivesse ocupando a vaga", disse mais de uma vez ACM a interlocutores, segundo a Folha apurou.
No momento, é remota uma hipótese já analisada por ACM e conhecida como renúncia tríplice. Renunciariam ele, Júnior e o terceiro suplente. Assim, seria preciso convocar nova eleição, pois haveria uma vaga aberta no Senado por mais de 15 meses.
Na saída tríplice, ACM se candidataria ao posto ao qual acabara de renunciar. A eleição seria convocada em 60 ou 90 dias. O baiano contaria com sua eleição e retorno ao Senado antes do fim do ano.
Após consultar assessores próximos, ACM concluiu que a estratégia é muito arriscada. Nos 90 dias até a eleição, poderia haver uma grande campanha na Bahia para impedir sua volta ao Senado. E, mesmo que fosse eleito, ficaria reforçada a pecha de que não respeita decisões democráticas.
Por isso, até ontem, a hipótese mais considerada por ACM era mesmo renunciar e deixar seu filho Júnior com a cadeira. Em 2002, poderia decidir se tentaria o Senado novamente ou o governo da Bahia -sendo este último cargo o seu destino mais provável.
Ao conhecer o conteúdo do relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ) sobre a violação do painel, ACM criticou o documento e não poupou o
relator.
Com seus advogados, Thomaz Bastos e Vicente Cernicchiaro, ACM decidiu, após a reunião do Conselho de Ética, que Paulo Souto e Waldeck Ornélas (ambos do PFL-BA) apresentarão um voto em separado (relatório paralelo).
Cerca de dez deputados -do PFL e baianos de outros partidos- foram ao gabinete de ACM, onde ele assistiu à leitura do relatório pelo circuito de TV.
"O relatório é uma aberração jurídica e uma peça política fraca", disse ACM. "Não temo linchamento político porque tenho um lugar, chamado Bahia, que me dá forças. Eu tenho votos. Talvez por isso eu esteja sofrendo [esse processo"", acrescentou.
ACM disse ainda que seu crime "talvez tenha sido o de ter acusado ladrão demais".
Quanto ao relator, disse: "Foi faccioso e estudou pouco a matéria. É um homem direito, mas teve o dia de maior infelicidade da vida política dele. Mais do que na Prefeitura do Rio". Quando prefeito do Rio de Janeiro, Saturnino declarou a falência do município.
Para ACM, as falhas no parecer vão favorecer sua defesa. "Não acredito no processo de cassação. Não há motivo para cassação. Esse relatório vai se desfazer. Além de ilegal, é um absurdo", disse.
"Saio e deixo o Júnior aqui", diz ACM ao cogitar renúncia
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DENISE MADUEÑO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Embora negue publicamente, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) está preparado para renunciar na semana que vem ou a qualquer momento. A saída só não foi adotada ainda porque o baiano acredita ter alguma chance de, pelo menos, postergar ao máximo a decisão do Conselho de Ética sobre seu caso.
Entre os carlistas, é quase unânime que está praticamente impossível salvar ACM da cassação. Quando o cenário ficasse inevitável, ACM renunciaria. O primeiro suplente é seu filho Antonio Carlos Magalhães Júnior, conhecido na Bahia apenas como Júnior.
"Saio e deixo o Júnior aqui. Seria a mesma coisa que se eu estivesse ocupando a vaga", disse mais de uma vez ACM a interlocutores, segundo a Folha apurou.
No momento, é remota uma hipótese já analisada por ACM e conhecida como renúncia tríplice. Renunciariam ele, Júnior e o terceiro suplente. Assim, seria preciso convocar nova eleição, pois haveria uma vaga aberta no Senado por mais de 15 meses.
Na saída tríplice, ACM se candidataria ao posto ao qual acabara de renunciar. A eleição seria convocada em 60 ou 90 dias. O baiano contaria com sua eleição e retorno ao Senado antes do fim do ano.
Após consultar assessores próximos, ACM concluiu que a estratégia é muito arriscada. Nos 90 dias até a eleição, poderia haver uma grande campanha na Bahia para impedir sua volta ao Senado. E, mesmo que fosse eleito, ficaria reforçada a pecha de que não respeita decisões democráticas.
Por isso, até ontem, a hipótese mais considerada por ACM era mesmo renunciar e deixar seu filho Júnior com a cadeira. Em 2002, poderia decidir se tentaria o Senado novamente ou o governo da Bahia -sendo este último cargo o seu destino mais provável.
Ao conhecer o conteúdo do relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ) sobre a violação do painel, ACM criticou o documento e não poupou o
relator.
Com seus advogados, Thomaz Bastos e Vicente Cernicchiaro, ACM decidiu, após a reunião do Conselho de Ética, que Paulo Souto e Waldeck Ornélas (ambos do PFL-BA) apresentarão um voto em separado (relatório paralelo).
Cerca de dez deputados -do PFL e baianos de outros partidos- foram ao gabinete de ACM, onde ele assistiu à leitura do relatório pelo circuito de TV.
"O relatório é uma aberração jurídica e uma peça política fraca", disse ACM. "Não temo linchamento político porque tenho um lugar, chamado Bahia, que me dá forças. Eu tenho votos. Talvez por isso eu esteja sofrendo [esse processo"", acrescentou.
ACM disse ainda que seu crime "talvez tenha sido o de ter acusado ladrão demais".
Quanto ao relator, disse: "Foi faccioso e estudou pouco a matéria. É um homem direito, mas teve o dia de maior infelicidade da vida política dele. Mais do que na Prefeitura do Rio". Quando prefeito do Rio de Janeiro, Saturnino declarou a falência do município.
Para ACM, as falhas no parecer vão favorecer sua defesa. "Não acredito no processo de cassação. Não há motivo para cassação. Esse relatório vai se desfazer. Além de ilegal, é um absurdo", disse.
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