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17/05/2001 - 03h13

Marmelada e bate-boca agitam Congresso

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da Folha de S.Paulo

Latas de marmelada, gravatas com a inscrição "xô corrupção" e bate-boca entre deputados. Esse foi o quadro no Congresso no dia em que o relator do Conselho de Ética, Saturnino Braga (PSB-RJ), pediu a cassação do mandato dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF), envolvidos no escândalo da violação do painel eletrônico do Senado.

Pela manhã, integrantes do movimento em defesa da ética na política colocaram 81 latas de marmelada em frente ao Congresso. A intenção dos manifestantes era entregar uma lata do doce para cada um dos 81 senadores, mas eles foram impedidos de entrar.

"Esperamos que o processo de cassação não seja transformado em pizza com marmelada de sobremesa", afirmou o ex-deputado Chico Vigilante (PT-DF), que era um dos manifestantes.

A temperatura acabou esquentando na Câmara entre os deputados que seguem a orientação política de ACM, os carlistas, e deputados de oposição da Bahia. O deputado Waldir Pires (PT-BA) discursou protestando contra a invasão da Universidade Federal da Bahia pela Polícia Militar para reprimir manifestação de estudantes a favor da cassação de ACM.

O discurso soou como alarme para os carlistas. O deputado José Rocha (PFL-BA) afirmou que Pires e o deputado Haroldo Lima (PC do B-BA), outro crítico à ação da PM baiana, não tinham "condições eleitorais" para falar contra o grupo que venceu as eleições.

"Não aceitamos que vozes que não têm legitimidade falem em nome da Bahia. O senador Antonio Carlos é a moralidade da Bahia", disse Rocha.
Os carlistas se revezaram para defender ACM e criticar a oposição. Em resposta, deputados de oposição entraram no plenário com gravatas com a inscrição "xô corrupção".

Enquanto isso, os líderes do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), do PT, Walter Pinheiro (BA), e o deputado Nelson Pellegrino seguiam para Salvador para acompanhar os desdobramentos da repressão policial aos estudantes.

Manifestação
Estudantes do Rio de Janeiro saíram às ruas do centro, no final da tarde de ontem, com faixas pedindo a cassação dos senadores Jader Barbalho (PMDB), ACM e Arruda. Pediam, também, a instalação da CPI da corrupção no Congresso. A chuva fina que caía não desanimou os cerca de 300 estudantes presentes à passeata.

Em discursos, líderes estudantis pediam a cassação dos senadores e criticavam a postura do governo em relação à CPI e ao possível corte de energia. "Esse governo já está desmoralizado porque, além de abafar a CPI, ainda vai colocar a gente no escuro", discursou o estudante Bernard Brito, 24.

Com apitos, faixas e narizes de palhaço, os estudantes seguiram pela avenida Presidente Wilson até a sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). À frente, caixões com os rostos de ACM, Arruda e Barbalho.

As manifestações de apoio vieram em forma de papel lançado das janelas dos prédios. A programadora visual Lúcia Tavares e três colegas abandonaram o trabalho para se juntar aos estudantes. "Estou aderindo para mostrar minha indignação com esses políticos. A população está se unindo para mostrar sua opinião".

Na OAB, foi lido um manifesto pela ética na política com 93 assinaturas de artistas, políticos, religiosos e líderes sindicais. "É afrontoso aos princípios da representação popular e da moralidade pública a permanência no Congresso de políticos que cometem sucessivos assaltos ao dinheiro público", diz o documento.
 

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