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17/05/2001 - 18h10

Nova manifestação contra ACM reúne 20 mil pessoas na Bahia

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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha

Na maior manifestação de protesto na Bahia desde o "Fora Collor", em agosto de 1992, pelo menos 20 mil estudantes, sindicalistas e políticos voltaram às ruas hoje em Salvador (BA) para pedir a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).

O protesto foi pacífico _a PM recuou e permitiu que a manifestação fosse realizada em frente ao prédio onde mora ACM, na Graça (centro da capital). Na semana passada e ontem, a PM utilizou bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes para impedir o protesto em frente ao edifício Stella Maris _no qual ACM mora na cobertura.

O recuo da PM foi determinado pela Secretaria da Segurança Pública depois que dois procuradores da República na Bahia telefonaram para o Ministério da Justiça e informaram que o clima era tenso em Salvador.

A Agência Folha apurou que funcionários do Ministério da Justiça entraram em contato com o governo baiano solicitando que a PM não interferisse na manifestação.

Às 11h30, pelo menos 300 policiais do Batalhão de Choque já tinham isolado todas as ruas que dão acesso ao prédio onde mora o senador Antonio Carlos Magalhães, acusado de ter participado da violação do painel de votação do Senado.

Os manifestantes, que estavam concentrados em quatro unidades da UFBa (Universidade Federal da Bahia), não encontraram nenhuma dificuldade para chegar ao edifício Stella Maris _às 12h, todos os policiais já tinham deixado as imediações da Graça.

Em frente ao prédio onde mora, o senador Antonio Carlos Magalhães foi chamado de "ladrão e corrupto" por cerca de 10 mil manifestantes. "Queremos ver o ACM na cadeira junto com o Lalau (o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto)", gritaram os manifestantes.

Em seguida, os estudantes "lavaram" o passeio do prédio do senador. "Simbolicamente, estamos lavando toda a lama que o ACM carrega em quase 50 anos de vida pública", disse o estudante secundarista Tiago Mascarenhas, 17.

Depois do protesto, os manifestantes resolveram seguir em passeata até a praça Municipal (onde fica a Prefeitura de Salvador). Antes, os manifestantes passaram pela reitoria da UFBa para protestar contra a invasão realizada pela Polícia Militar em cinco unidades da instituição, anteontem à tarde.

No confronto de anteontem, quatro manifestantes foram presos e outros 30 ficaram feridos. Em repúdio à invasão, as aulas na UFBa foram suspensas durante todo o dia de ontem.

Quando os manifestantes estavam na UFBa, chegou o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA). Ele foi fortemente vaiado e recebidos com gritos: "CPI já, vamos cassar também o senador Jader Barbalho". Constrangido, Geddel Vieira Lima voltou a seu carro e deixou o local.

Até a praça Municipal, os manifestantes caminharam cerca de cinco quilômetros com faixas, cartazes e carros de som. A PM não interferiu na manifestação.

"Os estudantes e a oposição deram uma lição de democracia. Nós vamos continuar mobilizados até o final do processo que pede a cassação dos senadores ACM e Arruda", disse o líder do PT no Câmara, deputado Wálter Pinheiro.

Há uma nova manifestação marcada para a próxima quarta-feira, para quando está marcada a votação, pela Comissão de Ética do Senado, do relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ).

À tarde, quando a manifestação havia acabado, a secretária da Segurança Pública da Bahia, Kátia Alves, afirmou que a PM permitiu a manifestação ontem pois tinha sido avisada antes. "A lei estabelece que as manifestações devem ser comunicadas com antecedência, para que tomemos as providências necessárias. Nós fomos informados, e tudo transcorreu com tranquilidade."

Inquérito

O Ministério Público Federal da Bahia abriu inquérito para apurar a responsabilidade pela invasão do pátio da Faculdade de Direito da UFBA, durante a manifestação de ontem. Será investigado também a desobediência à uma decisão da Justiça.

A pedido do Ministério Público, a Justiça Federal concedeu um habeas corpus ordenando que a PM deixasse o campus. A Polícia Federal foi chamada para exigir a saída do batalhão de choque. Como órgão federal, apenas a PF pode atuar na área da universidade.

 

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