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18/05/2001 - 02h38

Isolado, ACM chora e beija colega para evitar cassação

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RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A sete dias da votação no Conselho de Ética que decidirá sobre a abertura do processo de cassação contra Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF), aumentou o isolamento político dos dois. Só o PFL ainda tenta uma saída para salvar o mandato de ACM.

A contagem regressiva para os dois políticos renunciarem e evitarem o processo de cassação começa na quarta-feira.

O parecer do senador Saturnino Braga (PSB-RJ) deve ser aprovado com facilidade, principalmente pelo fato de a votação ser aberta, transmitida ao vivo pela TV Senado. Aprovado, irá à Mesa Diretora, que decide pela abertura ou não do processo.

Ontem, Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente do Senado, pediu ao secretário-geral da Mesa, Raimundo Carrero, um parecer sobre o papel da Mesa nesse caso.

Ele quer saber se os sete senadores que a integram podem analisar o mérito ou têm apenas uma função burocrática de encaminhar automaticamente o parecer ao Conselho de Ética.

O provável relator do caso na Mesa deve ser o primeiro secretário, Carlos Wilson (PPS-PE), que foi responsável pela abertura do inquérito administrativo para apurar a violação do painel. Se for mesmo o relator, Wilson promete dar seu parecer em 24 horas.

A expectativa de pefelistas e de pessoas ligadas a Arruda é que os dois renunciem quando o processo atingir essa fase, entre a decisão da Mesa e o recebimento do processo pelo conselho.

Por enquanto, a estratégia do PFL está mantida. Na quarta-feira, contestará a realização da votação aberta, por meio de recurso ao plenário do conselho. O partido também apresentará voto separado propondo apenas a suspensão dos senadores.

Corpo-a-corpo
Desde quarta, ACM e Arruda intensificaram um corpo-a-corpo junto aos colegas, no qual valem lágrimas e beijos.

"Depois da morte do meu filho, só tenho tido desastres na vida", afirmou ACM a um senador do PMDB na última quarta-feira. Foi a segunda visita do baiano a esse gabinete. Na primeira, ele era presidente da Casa e foi tratar de assunto da Bahia. Desta vez, ele se mostrou humilde, arrependido e chegou a chorar.

Em outro senador, do PSDB, ACM chegou a dar um beijo, depois de apelar para não ser prejulgado. Os dois dizem ter ficado "condoídos" com a situação do ex-presidente do Senado.

Arruda, que também tem feito visitas a gabinetes, há dias sofreu um constrangimento público, no plenário. Ele se aproximou do líder do PSDB, Sérgio Machado (CE), pegou no braço dele e pediu para conversarem. "Olha os fotógrafos", disse o líder tucano, se afastando de Arruda.

O isolamento político dos dois senadores ameaçados de cassação é patente. O presidente Fernando Henrique Cardoso diz claramente a seus interlocutores que quer a cassação de ACM.

A Arruda, que foi seu líder no Senado, FHC chegou a mandar recados para que renunciasse e, assim, facilitasse o processo contra o baiano.
Pessoas ligadas a Arruda contam que o ministro da Saúde, José Serra, também teria sugerido a renúncia ao ex-tucano.

Tasso
Embora seja aliado de ACM, o governador do Ceará, Tasso Jereissati, tem evitado fazer gestões para salvar o baiano. Difícil é a situação do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), ligado ao governador e a ACM.
Integrante do Conselho de Ética, Lúcio tem manifestado a amigos que votar a favor de ACM e de Arruda seria o fim de suas chances eleitorais em 2002.

Por enquanto, Tasso interferiu timidamente. Numa ocasião em que Alcântara deu declarações um pouco incisivas sobre a necessidade de punição no caso da violação do painel, o governador do Ceará pediu que o senador fosse mais discreto ao manifestar suas opiniões publicamente.

No PSDB e no PMDB, tem sido difícil para ACM e Arruda conseguir apoio. O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), adversário de Tasso, trabalha em silêncio pela cassação de ACM.

Já o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), recebeu uma cobrança do líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), adversário do baiano, para que seja mais duro no comando do processo.

Apesar das divergências graves com ACM, Jader não tem defendido a cassação. Reservadamente, chegou a dizer que, pelo bom senso, a punição mais justa seria a suspensão temporária dos mandatos dos dois senadores.
 

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