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20/05/2001 - 04h26

Para estudioso, indignação na rua está "difusa"

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VERA MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo

Para o doutor em ciência política Jairo Marconi Nicolau, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), existe uma "indignação difusa" da população. Para ele, essa é uma reação ao mesmo tempo ao caso da violação do painel do Senado, à crise energética e à operação do governo para abafar a CPI da corrupção.

"Houve esta semana uma escalada de indignação, mas ainda são eventos isolados. Como não víamos manifestações há muito tempo, isso chama a atenção. Mas para se falar em movimento são necessários mais eventos", afirma.

Para ele, qualquer que seja o resultado do processo no Senado, ACM sai dessa crise "ferido de morte". "É um fim de carreira melancólico para um dos políticos mais importantes da República. Ele caiu por um delito quase juvenil", analisa.

Leia a seguir trechos da entrevista, concedida por telefone na última sexta-feira.


Folha - Como o sr. analisa a escalada de protestos da última semana? Pode-se dizer que está nascendo um novo movimento, como os "caras-pintadas"?
Jairo Marconi Nicolau
- Esses eventos ainda são muito pequenos e isolados para se falar num movimento nacional. Houve durante a semana uma escalada de indignação, ainda difusa. Como não víamos manifestações há muito tempo, chama a atenção, mas para se falar em movimento são necessários mais eventos.

Folha - Há também uma nova forma silenciosa de protesto, que são os e-mails, mandados às centenas aos congressistas. Que força isso tem?
Nicolau
- A mudança do ambiente tecnológico muda a maneira de os cidadãos fazerem política. A TV, os e-mails, as correntes de protesto via Internet são componentes fundamentais nesse episódio. A correspondência tradicional não tinha esse impacto. O e-mail permite contato imediato entre eleitor e parlamentar.

Folha - Os protestos chegaram à Bahia. Isso ameaça o carlismo?
Nicolau
- Sempre houve uma oposição a ACM na Bahia, circunscrita a correntes de esquerda e centro-esquerda. Agora, ela pode chegar a outros setores. Seja qual for o resultado da investigação, ACM sai desse episódio ferido de morte. O fim do carlismo não será imediato, mas há uma crise interna que começou com a morte do filho, Luís Eduardo Magalhães, que seria seu herdeiro.

Folha - Por que o caso do painel do Senado catalisou a atenção da opinião pública?
Nicolau
- Porque envolveu duas lideranças importantes, principalmente ACM, a quem setores da opinião pública sempre tiveram restrição. Se fosse só o [José Roberto] Arruda ou qualquer outro senador, não haveria essa comoção popular. E ele [o senador baiano] se envolveu numa coisa miúda para uma figura da estatura dele, um delito quase juvenil. É um fim de carreira melancólico para uma das dez figuras mais importantes do Brasil.

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