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20/05/2001 - 04h30

TV Senado é ameaça à popularidade de senadores

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RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo

Do céu ao inferno: a TV Senado, criada há seis anos para aproximar o parlamentar de sua base eleitoral e dar mais visibilidade ao trabalho legislativo, está se tornando uma ameaça à popularidade dos senadores.

Com um potencial de quase 40 milhões de telespectadores (com acesso via TV por assinatura, canal aberto ou pelo sistema de parabólica), a TV Senado fica no ar 24 horas por dia.

Manifestações de telespectadores mostram que os picos de audiência são atingidos durante transmissão de cenas constrangedoras aos senadores, como depoimentos, troca de acusações, acareações e bate-bocas.

Quase um mito na Bahia, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) foi mostrado há cerca de um ano recebendo um "calado, caladinho aí" do adversário Jader Barbalho (PMDB-PA) em sessão plenária, na qual foram trocadas acusações entre ambos.

Recentemente, os baianos o viram acuado pelos colegas no depoimento sobre a violação do painel eletrônico do Senado e, depois, confrontado com José Roberto Arruda (sem partido-DF) e com a ex-diretora do Prodasen Regina Borges em acareação.

"Ninguém falou. Eu assisti" é o título da mensagem enviada por e-mail a gabinetes do Senado pelo telespectador Eduardo Quadrado, em 15 de maio. Ele mostra a influência da TV Senado na formação da opinião pública.

"Quero informar que acompanhei atentamente na TV Senado todo o desenrolar dos depoimentos e da acareação do caso do painel e, portanto, tenho formado um juízo (e não só eu, mas todos com quem tenho conversado), que não é de ouvir falar ou de ler em jornais. O juízo formado é de quem assistiu, até mais de uma vez, a todos os depoimentos", diz.

E os telespectadores não estão atentos somente ao conteúdo do que assistem pela TV Senado, mas também às roupas, ao cabelo e à aparência geral dos senadores.

"Ligou uma eleitora da Paraíba para dizer que eu estava há três dias usando a mesma gravata. Depois, outra me ligou perguntando por que eu havia tirado a aliança", disse Ney Suassuna (PMDB-PB). "Tudo por causa da TV Senado. E nem era a mesma gravata." Para ele, a TV Senado virou uma "cruz" para os senadores, já que os leva a uma superexposição e a uma cobrança do telespectador.

A preocupação não é só do paraibano. O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), abriu a reunião em que foi lido o parecer de Saturnino Braga (PSB-RJ) propondo processo de cassação de ACM e Arruda com o seguinte apelo: "Por favor, desliguem seus celulares porque, na última sessão, o barulho incomodou os nossos telespectadores".

Como disse uma "fiel telespectadora" da TV Senado em um e-mail, os senadores, agora, precisam ter mais cuidado com "a aparência, a frequência e as mentiras".

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