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12/07/2001 - 18h24

Trabalhadores rurais promovem saques no Nordeste

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Cerca de cem trabalhadores rurais ligados ao MST e ao MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) saquearam um caminhão carregado de alimentos em Ouricuri, município do sertão de Pernambuco.

A ação ocorreu às 5h30, na rodovia BR-122. Portando foices e facões, os lavradores bloquearam a pista e interceptaram o veículo, que transportava 15 toneladas de alimentos e bebidas.

O motorista Francisco Pereira da Silva foi obrigado a exibir aos saqueadores a nota fiscal do que transportava. Em seguida, teve de abrir o compartimento, que estava trancado com cadeado.

A carga pertencia ao prefeito de Ouricuri, Francisco Ramos da Silva (PSDB), proprietário de três empresas atacadistas e de cinco fazendas na região, com mil cabeças de gado e 500 ovinos.

Segundo o prefeito, cerca de 40% dos produtos foram levados pelos saqueadores. A chegada da polícia impediu a retirada do restante dos alimentos e de bebidas, como cachaça e refrigerante.

Silva estimou o prejuízo em R$ 15 mil. A carga, disse, não estava segurada. Até a tarde de ontem ninguém havia sido preso. O motorista de um ônibus foi detido por suspeita de transportar parte do que foi saqueado.

O delegado da Polícia Civil Robson Américo, que apura o caso, alegou ter dificuldade na investigação por dispor de apenas cinco homens no município, que tem 56,6 mil habitantes.

Para o prefeito, o saque "foi uma ação política" patrocinada por "candidatos derrotados" na eleição passada. O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Estado, Jaime Amorim, afirma que a fome motivou os lavradores.

Segundo Amorim, novos saques ocorrerão, se o governo não atender todos os flagelados. O líder sem-terra disse que, além de água e comida, os lavradores querem o perdão da dívida agrícola e créditos subsidiados.

A Agência Folha apurou que o MST pretende deflagrar uma nova onda de protestos entre os dias 23 e 27 deste mês, tendo como parceiro o MPA, entidade criada em 1996 no Rio Grande do Sul e que tenta se estabelecer este ano em seis Estados do Nordeste.

O superintendente do Incra em Recife, José Geraldo Eugênio de França, disse que não considera correta a justificativa do MST para o saque. "Um caminhão com cestas básicas saiu ontem [anteontem] para atender justamente aquela região."

De acordo com o superintendente, 300 famílias cadastradas receberão os alimentos. O MST afirma que 15 mil pessoas não têm o que comer em Ouricuri. França contesta a informação.

Piauí

No Piauí, chegou a haver uma ameaça de boicote dos prefeitos às cestas básicas distribuídas pelo governo federal. Segundo o presidente da APPM (Associação Piauiense das Prefeituras Municipais), José Maia Filho, 12 municípios em estado de calamidade estavam de fora da lista de distribuição da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Hoje, no entanto, o superintendente regional do órgão Cesar Melo afirmou que todos os cem municípios em estado de calamidade irão receber as cestas e os prefeitos já começaram a retirá-las na Conab.

No entanto, Maia acusa uma distorção: o número de cestas liberadas é maior do que o de bolsas-renda. Isso pode criar problemas para as comissões municipais na hora de escolher quem não irá receber o benefício.

De acordo com o secretário estadual da Defesa Civil, Osmar Araújo, até o momento foram liberadas 103 mil cestas e 51.530 bolsas-renda.
 

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