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15/07/2001
-
08h53
LUÍS INDRIUNAS
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Belém
Relatório do Banco Central confirma que o empréstimo de US$ 2 milhões que o americano George Mellen tomou do Banpará em 1984 cobriu dívidas de pessoas ligadas ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).
Mellen diz que foi procurado pelo empreiteiro José Maria Mendonça, que tinha obras na administração estadual de Jader, para que tirasse o empréstimo.
"A justificativa que Mendonça me apresentou foi a de que Jader precisava cobrir uma dívida no Banpará", afirmou à Agência Folha o americano.
Os três cheques dados por Mellen foram para contas das empresas de Mendonça e do então presidente da Cohab (Companhia da Habitação) do Pará, Paulo Castro de Pinho, segundo a página 117 do relatório número 4233016 do BC.
O relatório diz ainda que o dinheiro quitou dívidas das empresas J.M. Participações e Eccir, ambas de Mendonça, no Banpará.
Como os cheques eram ao portador, Mellen não sabia o destino do dinheiro, revelado só agora.
Na época, Mendonça e os diretores do Banpará eram pressionados por auditorias internas a explicar como o banco havia emprestado tanto dinheiro ao grupo Eccir -que tinha 200 protestos.
Mellen afirmou que não tinha o dinheiro quando foi procurado em dezembro de 1984 por Mendonça, que teria sugerido o empréstimo ao Banpará em nome da empresa Maiame Madeireira, mesmo sem que o americano fosse correntista. O dinheiro foi liberado em apenas três dias.
O americano disse que aceitou o acordo porque, na época, negociava um contrato com a Celpa (Centrais Elétricas do Pará) para vender energia de uma usina termoelétrica. Em dez anos, Mellen pretendia faturar US$ 6 milhões.
Segundo o advogado de Mellen, Joel Ferreira Vaz, o contrato foi cancelado por um decreto de Jader, depois que o americano entrou na Justiça contra Mendonça para receber o dinheiro.
Até hoje, o Banpará cobra os US$ 2 milhões. O caso está na Justiça do Pará e, segundo o advogado, a revelação de que os cheques foram para Pinho e empresas de Mendonça é a "prova cabal" de que Mellen não é o real devedor.
O relatório do BC, que identifica o destino dos cheques 622.713, 622.703 e 622.705, está em ação criminal da 5ª Vara da Justiça Federal do Pará contra os diretores do banco. Eles são acusados de negligência nos empréstimos a 41 empresas, incluindo a de Mellen e o grupo Eccir, de Mendonça.
Os diretores Hamilton Guedes, Jamil Moisés Xaud e Victor Hugo Cunha, todos ligados a Jader, se livraram da ação porque o crime de gestão temerária já está prescrito.
Empréstimo do Banpará cobriu dívidas de amigos de Jader
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ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Belém
Relatório do Banco Central confirma que o empréstimo de US$ 2 milhões que o americano George Mellen tomou do Banpará em 1984 cobriu dívidas de pessoas ligadas ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).
Mellen diz que foi procurado pelo empreiteiro José Maria Mendonça, que tinha obras na administração estadual de Jader, para que tirasse o empréstimo.
"A justificativa que Mendonça me apresentou foi a de que Jader precisava cobrir uma dívida no Banpará", afirmou à Agência Folha o americano.
Os três cheques dados por Mellen foram para contas das empresas de Mendonça e do então presidente da Cohab (Companhia da Habitação) do Pará, Paulo Castro de Pinho, segundo a página 117 do relatório número 4233016 do BC.
O relatório diz ainda que o dinheiro quitou dívidas das empresas J.M. Participações e Eccir, ambas de Mendonça, no Banpará.
Como os cheques eram ao portador, Mellen não sabia o destino do dinheiro, revelado só agora.
Na época, Mendonça e os diretores do Banpará eram pressionados por auditorias internas a explicar como o banco havia emprestado tanto dinheiro ao grupo Eccir -que tinha 200 protestos.
Mellen afirmou que não tinha o dinheiro quando foi procurado em dezembro de 1984 por Mendonça, que teria sugerido o empréstimo ao Banpará em nome da empresa Maiame Madeireira, mesmo sem que o americano fosse correntista. O dinheiro foi liberado em apenas três dias.
O americano disse que aceitou o acordo porque, na época, negociava um contrato com a Celpa (Centrais Elétricas do Pará) para vender energia de uma usina termoelétrica. Em dez anos, Mellen pretendia faturar US$ 6 milhões.
Alan Marques/Folha Imagem |
Jader Barbalho (PMDB-PA) |
Segundo o advogado de Mellen, Joel Ferreira Vaz, o contrato foi cancelado por um decreto de Jader, depois que o americano entrou na Justiça contra Mendonça para receber o dinheiro.
Até hoje, o Banpará cobra os US$ 2 milhões. O caso está na Justiça do Pará e, segundo o advogado, a revelação de que os cheques foram para Pinho e empresas de Mendonça é a "prova cabal" de que Mellen não é o real devedor.
O relatório do BC, que identifica o destino dos cheques 622.713, 622.703 e 622.705, está em ação criminal da 5ª Vara da Justiça Federal do Pará contra os diretores do banco. Eles são acusados de negligência nos empréstimos a 41 empresas, incluindo a de Mellen e o grupo Eccir, de Mendonça.
Os diretores Hamilton Guedes, Jamil Moisés Xaud e Victor Hugo Cunha, todos ligados a Jader, se livraram da ação porque o crime de gestão temerária já está prescrito.
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