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16/07/2001 - 07h24

Cresce até no PMDB pressão pelo afastamento de Jader

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da Folha de S.Paulo

A divulgação do relatório do Banco Central sobre o desvio de fundos do Banpará, feita pela revista "Veja", fez crescer no Congresso a pressão para que o senador Jader Barbalho (PA) se afaste da presidência da Casa durante as investigações.

Jader perde apoio até no seu partido, o PMDB. "Se ele se licenciasse da presidência do Senado, poderia cuidar apenas da defesa dele. Seria uma boa saída", defendeu ontem o senador Pedro Simon (PMDB-RS), pré-candidato à Presidência.

Aliado de Jader, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) se diz "constrangido" com as acusações ao presidente do Senado. "Gostaria muito que isso tivesse um fim, nem que seja contra [Jader]."

O presidente do Conselho de Ética do Senado, Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), começa a dar sinais de que pode abandonar a defesa intransigente que fazia de Jader. No fim de semana, ele admitiu pela primeira vez que a situação do colega se complicou.

A avaliação é a mesma no Palácio do Planalto. Teme-se, no governo, que a decomposição da imagem de Jader acabe colando no presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso, num momento em que o Planalto se prepara para enfrentar a candidatura presidencial do governador Itamar Franco (MG) na convenção do PMDB, em 9 de setembro.

O Planalto é fundamental para a definição do futuro de Jader. O Conselho de Ética tem 16 integrantes. Desses, cinco são do PMDB e ligados pessoalmente a Jader. PSDB, PFL e PPB têm oito; a oposição, cinco. Está nas mãos dos partidos aliados de FHC decidir a sorte de Jader Barbalho, caso ela venha a ser levada ao conselho.

O temor do Planalto é desagradar aos aliados de Jader e engrossar o coro da oposição no Senado, a ponto de ela, por exemplo, conseguir criar CPIs para apurar atos suspeitos do governo. A CPI da corrupção conta com 26 assinaturas. Falta uma para ser aberta.

Na oposição, o PT é a sigla mais obstinada para cassar Jader Barbalho. Mas há divergências. O senador Roberto Freire (PPS-PE), por exemplo, acha que as acusações não devem resultar em processo de cassação, pois se referem a atos praticados antes de Jader ser eleito senador.

"Isso [o desvio do Banpará] não é falta de decoro parlamentar, é crime", afirmou Freire. Ele cobra uma atitude mais firme do Ministério Público, que, em sua opinião, já tem indícios suficientes para recomendar a abertura de um inquérito para investigar as denúncias. Para Freire, o máximo que o Senado pode fazer nesse caso é aprovar uma licença para que Jader seja processado pelos supostos desvios do Banpará.

Já o senador Jefferson Péres (PDT-AM) acha que foram criadas condições para uma representação contra Jader por quebra do decoro. "Ele havia declarado que foi inocentado no caso do Banpará. Ao que parece, isso já configura uma inverdade."

Outro lado
Em férias no litoral do Pará, Jader reagiu à tese do afastamento. "Não há razão plausível para isso. Estamos tratando de fatos que teriam ocorrido 17 anos atrás. Imagino que deveríamos estar preocupados com fatos que ocorreram há 17 meses ou há 17 dias", disse o senador à Folha.

A linha de defesa de Jader é a de desacreditar o relatório do Banco Central. "Como eu posso dar credibilidade a um documento que o próprio BC não levou a sério. Se tivesse levado, o BC tinha que ter tomado alguma providência e não me excluído do processo."


 

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