Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/07/2001 - 03h28

Relatório do BC cita o senador 50 vezes como beneficiário de desvio

Publicidade

da Folha de S.Paulo

O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), é citado 50 vezes como beneficiário dos desvios do Banpará em relatório de fiscalização do Banco Central (BC) que identificou todos os destinatários do esquema que lesou o banco estadual entre 1984 e 1988.

As tabelas descrevendo os resgates de aplicações do Banpará ocupam 13 páginas do processo Pt. 5045433/90. O nome Jader Fontenelle Barbalho aparece 23 vezes, e as iniciais J. F. B. surgem outras 27. Jader não está sozinho na lista. De sua família, acompanham-no o pai e suplente Laércio Wilson Barbalho, a ex-mulher e deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA) e seus irmãos Luiz Guilherme Fontenelle Barbalho e Joércio Fontenelle Barbalho.

Também surge em diversas citações o assessor e amigo Fernando de Castro Ribeiro e duas empresas de Jader Barbalho, a Rádio Clube do Pará e o Diário do Pará.

A valores atualizados pela tabela de cálculo do Tribunal de Justiça de São Paulo, os 50 resgates de aplicações depositados na conta de Jader somariam hoje R$ 443 mil. É o dobro do que Jader recebe em dois anos de mandato.

Mas o grosso do dinheiro que beneficiou Jader, entretanto, teria percorrido outro caminho, que ainda não foi completamente desvendado com extratos bancários.

Os procuradores que investigam o caso acham que a parte que coube ao presidente do Senado, de fato, é muito maior do que os R$ 443 mil e passeou pelo Citibank. Nessa linha de investigação, duas operações chamam a atenção na identificação de beneficiários de resgates do Banpará. Ambas são aplicações no Citibank, onde Jader também tinha conta. Somam R$ 22,3 milhões.

A primeira foi feita no dia 17 de junho de 1987, por meio de um cheque administrativo, no valor de Cz$ 167.311.043, ou R$ 12,9 milhões a valores atualizados.

A segunda ocorreu no dia 2 de outubro de 1987, também por meio de cheque administrativo, no valor de Cz$ 161.000.000, ou R$ 9,4 milhões atualizados. A suspeita é que parte do dinheiro migrou da aplicação no Citibank para a conta de Jader no mesmo banco.

A bancária Elizabeth Pinto, gerente da conta de Jader na agência Assembléia do Citibank, no Rio, se nega a explicar as movimentações de seu cliente. Hoje, aposentada, diz que "o banco é quem deve informações sobre isso".

O problema é que o Citibank transformou-se numa blindagem contra a fiscalização do BC. O inspetor Abrahão Patruni Júnior, que fez o rastreamento do desvio, colecionou quatro pedidos de informações enviados ao banco americano e nenhuma resposta.

Procurada pela Folha há duas semanas, a assessoria de imprensa do Citibank disse que sempre atende às demandas do BC.

Em Belém e em Brasília, a quebra do sigilo bancário de Jader no Citibank é dada como prioritária para desvendar o destino dos 11 cheques administrativos do Banpará que, entre 1984 e 1985, foram usados para aplicações em títulos de renda fixa no Itaú. Os cheques foram assinados pelo gerente da agência Centro do Banpará, Marcílio Guerreiro, e por alguns auxiliares na presença do então diretor financeiro do banco, Hamilton Guedes, amigo de Jader.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página