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18/07/2001 - 03h21

Jader diz agora querer ser alvo de processo

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RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB), disse ontem que quer ser processado para poder se defender da acusação de desvio de fundos do
Banpará (Banco do Estado do Pará).

Jader alega que nem sequer conhece as acusações, a não ser por fragmentos do relatório do BC (Banco Central) publicados na imprensa.

Em nota oficial, Jader anunciou ontem que recorrerá ao Judiciário para ter acesso ao documento do BC. Ele já fez pedido semelhante ao Banco Central e ao Ministério Público do Pará. Ambos recusaram-se a atendê-lo sob a justificativa de preservar o sigilo bancário de outros citados.

Esse argumento, segundo Jader, só não vale para ele próprio, pois nem o BC nem o MP tomam providência para preservar o sigilo dele e de outras pessoas "expostas arbitrariamente na imprensa, portanto sujeitos às sanções que tais órgãos dedicadamente defendem para negar-me direito constitucional". Jader diz que é "alvo de um processo de linchamento moral e político".

O presidente do Senado acha que terá mais chances na Justiça. "Vão ter de provar [que ele se beneficiou de recursos do Banpará". Se há depósitos, basta tirar um extrato bancário e mover a ação. Qual a dificuldade? Se caiu na conta está comprovado, se está comprovado, tem de processar. Acusem-me e dêem-me a oportunidade de defesa", diz. Apesar de não ter lido o relatório do BC, Jader insiste que os fragmentos publicados não provam nada contra ele. "Não há um extrato, não há uma fita de caixa", argumenta.

Jader diz que a relação de resgates de aplicações que teriam ido parar em sua conta bancária provavelmente é de autoria do auditor do BC, Abrão Patruni Júnior. "Não são extratos bancários".

Na opinião do senador paraense, o relatório de Patruni é apenas peça de uma auditoria que foi ignorada no relatório final do Banco Central. "É o mesmo que, num processo, você pegar o depoimento de um perito e ignorar a sentença. É o que ocorre [em relação ao relatório do BC". Publicam a opinião de um auditor e ignoram o relatório final", diz.

O presidente do Senado refere-se a parecer do BC encaminhado ao Ministério Público segundo o qual a auditoria não havia conseguido detectar provas suficientes para incriminá-lo juridicamente.

"Se estava na minha conta [resgate de aplicações de recursos do Banpará, é a coisa mais fácil do mundo de provar. Basta pegar os extratos, a fita do caixa. Quem descredencia o relatório do Banco Central não é o Jader, é o BC".

Jader insiste que não vai licenciar-se ou afastar-se do cargo de presidente do Senado enquanto duram as investigações, como querem a oposição e setores de seu partido. "Seria um ato de arbítrio", afirma.
Segundo alega o peemedebista, não há razão concreta para seu afastamento
porque ele não estaria impedindo o livre curso das investigações sobre seu suposto envolvimento no desvio de verbas do Banpará.

Jader sustenta que todas as providências sugeridas pela oposição estão tramitando no Senado, sem nenhuma interferência de sua parte. A oposição é que agora estaria querendo capitalizar politicamente o relatório do BC ao pedir a reunião da comissão representativa do Congresso.

"O que eu não posso aceitar é essa história de que tem de afastar de qualquer maneira. Para me afastar, é preciso apresentar alguma coisa concreta contra mim", afirmou.

"No macartismo é que as pessoas eram jogadas fora por uma postura ideológica ou preconceituosa. O arbítrio não tem regra".
 

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