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28/06/2000 - 03h47

Cassação pode ser vitória de ACM

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da Folha de S.Paulo

Se o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF) for cassado hoje por quebra de decoro parlamentar pelo Senado, o grande vitorioso será o presidente da Casa, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Sua passagem pela presidência da Casa poderá ficar marcada pela quebra de um
tabu: o Senado nunca cassou um parlamentar antes.

Além da vontade de deixar a marca da austeridade ao seu mandato na presidência do Senado, que termina em fevereiro de 2001, ACM tem outro motivo para querer a cassação de Estevão: vencer o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), seu principal adversário na Casa.

Jader é o provável sucessor de ACM na presidência do Senado. Segundo avaliação de senadores do próprio PMDB, sua candidatura sofreu desgaste nesse processo de Estevão, mas ainda tem fôlego para garantir sua vitória.

ACM tem dedicado empenho pessoal à cassação de Estevão. Ele rejeitou as tentativas de manobra da defesa do senador para protelar o julgamento no plenário.

Anunciou que a votação seria antes do recesso de julho, para evitar falta de quórum e mudança na tendência de aprovação no segundo semestre.

ACM se movimentou discretamente para mudar votos supostamente favoráveis a Estevão no PFL, como de Bello Parga (MA), Edison Lobão (MA) e Francelino Pereira (MG).

Articulou com a governadora Roseana Sarney, do Maranhão, para que ela influenciasse os votos de Parga e Lobão. A governadora -que ficou conhecida como "musa do impeachment" do ex-presidente Fernando Collor de Mello- teve atuação firme e garantiu a aliados que os votos dos três senadores do seu Estado serão a favor da cassação.

O próprio ACM conversou com senadores de vários partidos negociando o voto em favor da cassação e conseguiu apoio quase unânime do PFL -acredita ele.

O presidente do Senado foi autor do requerimento que criou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) encarregada de investigar supostas irregularidades no Poder Judiciário. Também indicou o relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA).

No relatório final, Souto apontou os indícios de envolvimento de Estevão no esquema que desviou recursos públicos destinados à construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.

Nos últimos dias, Estevão intensificou apelos a ACM para que evitasse sua cassação. O presidente do Senado não amoleceu. "O ambiente é pela cassação", anunciou. Segundo ACM, o Senado "precisa zelar pela moralidade pública e pela atuação dos seus integrantes".

Ultrapassado o embate pela cassação de Estevão, ACM e Jader vão se enfrentar em outro provável processo por quebra de decoro contra o senador Luiz Otávio (sem partido-PA).

Dessa vez, os dois estarão em posições invertidas: Jader já começou a luta pela cassação de Luiz Otávio, seu adversário político no Estado, e ACM tem deixado claro que vai proteger o senador paraense. Luiz Otávio foi indiciado pela PF por crime contra o sistema financeiro no inquérito que investiga o desvio de US$ 13 milhões que a Rodomar recebeu em 1992 do Banco do Brasil para a construção de balsas. A obra nunca foi realizada.

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