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12/08/2001
-
10h11
da Agência Folha
A compra de caças pela FAB, isoladamente um negócio que pode ser alvo de críticas pela inexistência de inimigos reais e os valores envolvidos, tem grande implicação geoestratégica.
Primeiro, a parte técnica. A frota atual de Mirage não terá condições de voar após 2005. Ela é responsável por interceptar em velocidade supersônica qualquer avião suspeito. Não é arma de ataque, embora possa ser usada como tal nos 30 anos em que a FAB quer manter os novos aviões.
As distâncias de ação no território brasileiro deverão ser decisivas, em termos técnicos, para definir o vencedor da concorrência. Nisso, perdem muitos pontos o MiG-29, o F/A-18 e o Gripen.
Em segundo lugar, há implicações regionais. O Chile está escolhendo os substitutos para seus Mirage, e vai levando a melhor o F-16 (EUA).
Isso pode influenciar os rumos brasileiros, porque os militares vêem com desconfiança um domínio norte-americano na região -já sob a perspectiva de uma maior presença dos EUA por meio da planejada Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Por outro lado, há quem tema a excessiva dependência dos franceses, que já mandam em parte da Embraer. Por fim, dificilmente Washington vai gostar de ver a FAB equipada com aviões russos.
Há também possíveis efeitos colaterais. "Pode haver uma corrida armamentista. Os vizinhos do Chile podem se sentir ameaçados", afirma Raúl Benítez-Mantaud, do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Pittsburgh. Terence Taylor, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, discorda, devido às condições financeiras da região, mas vê vantagens do estímulo à competição.
""Se os brasileiros parecerem fechar negócio com a Dassault, os chilenos podem preferir um Mirage mais completo ao mesmo preço de um F-16 "pelado". No final, o processo vai gerar uma modernização para todos."
De todo modo, a modernização das Forças Aéreas da região pode esbarrar em outros problemas: no ano passado, 75% da frota da FAB ficou no chão por falta de verba para o combustível.
Negócio tem implicação estratégica
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A compra de caças pela FAB, isoladamente um negócio que pode ser alvo de críticas pela inexistência de inimigos reais e os valores envolvidos, tem grande implicação geoestratégica.
Primeiro, a parte técnica. A frota atual de Mirage não terá condições de voar após 2005. Ela é responsável por interceptar em velocidade supersônica qualquer avião suspeito. Não é arma de ataque, embora possa ser usada como tal nos 30 anos em que a FAB quer manter os novos aviões.
As distâncias de ação no território brasileiro deverão ser decisivas, em termos técnicos, para definir o vencedor da concorrência. Nisso, perdem muitos pontos o MiG-29, o F/A-18 e o Gripen.
Em segundo lugar, há implicações regionais. O Chile está escolhendo os substitutos para seus Mirage, e vai levando a melhor o F-16 (EUA).
Isso pode influenciar os rumos brasileiros, porque os militares vêem com desconfiança um domínio norte-americano na região -já sob a perspectiva de uma maior presença dos EUA por meio da planejada Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Por outro lado, há quem tema a excessiva dependência dos franceses, que já mandam em parte da Embraer. Por fim, dificilmente Washington vai gostar de ver a FAB equipada com aviões russos.
Há também possíveis efeitos colaterais. "Pode haver uma corrida armamentista. Os vizinhos do Chile podem se sentir ameaçados", afirma Raúl Benítez-Mantaud, do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Pittsburgh. Terence Taylor, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, discorda, devido às condições financeiras da região, mas vê vantagens do estímulo à competição.
""Se os brasileiros parecerem fechar negócio com a Dassault, os chilenos podem preferir um Mirage mais completo ao mesmo preço de um F-16 "pelado". No final, o processo vai gerar uma modernização para todos."
De todo modo, a modernização das Forças Aéreas da região pode esbarrar em outros problemas: no ano passado, 75% da frota da FAB ficou no chão por falta de verba para o combustível.
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