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16/08/2001 - 03h29

Jader sacou R$ 7,158 mi de aplicações do Itaú, diz BC

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ROBERTO COSSO
WLADIMIR GRAMACHO
da Folha de S. Paulo, em Brasília

Guardado sob rigoroso sigilo há quase cinco meses, o resumo do Banco Central (BC) sobre o caso Banpará revela que o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) embolsou irregularmente pelo menos R$ 7,138 milhões do dinheiro aplicado em fundos no Banco Itaú.

O trabalho do BC está cercado de cuidados metodológicos e ressalvas, mas não tergiversa ao afirmar que o senador se beneficiou dos desvios do banco estadual à época em que foi governador.

Jader Barbalho investiu R$ 15.003 em lotes de títulos de renda fixa administrados pela agência Jardim Botânico do Banco Itaú, onde mantinha conta bancária. Pela rentabilidade vigente, Jader deveria ter retirado R$ 18.786. Era a parte que lhe cabia. O rastreamento feito pelo inspetor Abrahão Patruni Júnior, contudo, provou que Jader ficou com R$ 7,158 milhões. O valor investido no fundo foi de R$ 15,220 milhões. Além da aplicação de Jader, esse fundo recebeu R$ 1,748 milhão do Banpará e outros R$ 13,456 milhões de investidores não identificados.

Ou seja, segundo o relatório do BC, Jader se beneficiou irregularmente de recursos do Banpará, que nunca recebeu de volta o dinheiro investido, e dos tais "aplicadores não identificados". O Ministério Público suspeita que as aplicações não identificadas sejam provenientes de caixa dois, inclusive pagamentos de propina.

Como os cheques administrativos do Banpará eram misturados a cheques e depósitos em dinheiro de outros investidores, o BC foi cauteloso ao citar os beneficiários dos 11 cheques administrativos do Banpará utilizados nos desvios.

"Em face da intrincada cadeia de aplicações [...] não se pode afirmar categoricamente para quem se destinaram os valores sacados do Banpará [...], à exceção daquela situação antes descrita, relativa ao cheque administrativo 84/110", diz o resumo, que chegou ao Senado na semana passada acompanhado da nota técnica da 5ª Câmara do Ministério Público.

A "situação antes descrita" constitui até aqui a mais límpida prova de que Jader ficou com recursos desviados do Banpará. Reconstitui o caminho do cheque administrativo 84/110. O documento foi emitido em 5 de dezembro de 1984, no valor de R$ 149.771, atualizados com base em cálculo do BC.

A aplicação no Itaú deu-se dois dias depois, "não se misturando com resgates de aplicações anteriores ou com cheques novos". Trata-se, portanto, unicamente de dinheiro que deixou os cofres do Banpará e foi investido no Itaú.

Passados os seis meses exigidos pela aplicação, o investimento foi resgatado. No dia 28 de junho de 1985, uma empresa e duas pessoas físicas receberam parte dos recursos. O resíduo foi reaplicado.

O maior aquinhoado naquele dia foi o "Diário do Pará", jornal de Jader, com R$ 63.027. O assessor Fernando de Castro Ribeiro, que colaborou com Jader no governo e ainda hoje está a seus serviços, recebeu R$ 15.757. O terceiro beneficiário é Fernando Emanuel Gouveia do Amaral, que recebeu outros R$ 15.757. Amaral é citado no relatório de Patruni como diretor da Arauaya Agrícola e Comercial, cujos endereço e telefone são os mesmos de Jader.


 

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