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18/08/2001 - 02h36

Imprensa usa métodos "aéticos", diz Jader

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da Folha de S. Paulo, em Brasília

O presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), acusou ontem a imprensa de usar métodos "aéticos" para tirá-lo do Senado "por falta de ética". O peemedebista também cobrou uma posição da Câmara em relação ao deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), acusado de haver encomendado a gravação de uma fita cassete envolvendo o senador paraense num esquema de cobrança de propinas.

"Como é que fica o Pauderney Avelino? Não tem cassação? Isso por acaso não é quebra do decoro parlamentar? Isso não pode ficar apenas como um episódio de leviandade da imprensa, da revista "IstoÉ", encampado pelos demais", disse Jader à Folha.

Jader refere-se à publicação, pela revista "IstoÉ", de uma reportagem de capa acusando-o de cobrar propina para permitir a aprovação de um projeto da antiga Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

A revista transcreve trechos de uma gravação na qual uma voz, que seria do deputado Mário Frota (PDT-AM), diz a um empresário que Jader estaria inflexível na cobrança de US$ 5 milhões para permitir a aprovação do projeto.

A fita, descobriu-se mais tarde, era forjada. Enivaldo Marinho, assessor de Mário Frota, confessou que imitara a voz do deputado a pedido de Pauderney Avelino, que é adversário político de Frota no Amazonas. Jader disse que vai processar a revista "IstoÉ" e "outros tantos por aí".

Jader foi duro com a imprensa: "O que está em pauta não é só a ética dos políticos, é a ética da imprensa. A imprensa está querendo me tirar do Senado por falta de ética, mas está usando métodos aéticos para isso".

Para ele, "a imprensa é que tem de rever seus padrões de conduta ética.
Como pode [a "IstoÉ"] abrigar uma fita falsa e todos embarcarem nisso. E aí, fica por isso mesmo? O episódio morre ou esse é um episódio grave?".

Jader disse que foi envolvido nesse episódio por estar "na moda": "Se há uma briga de província [no Amazonas], tem de ter o meu nome. Para dar destaque a uma CPI medíocre [a da Grilagem, cujo relator quer indiciá-lo por desapropriação ilegal de terras", tem de colocar o meu nome. Aí ela [a CPI] passa a ser notícia. Aparece um delegado de polícia no "Jornal da Globo" dizendo que eu tenho 7% do território do Pará, e ninguém se pergunta o que é isso. São 8 milhões de hectares. Nem o Ludwig [o milionário Daniel keith Ludwig, o antigo dono do projeto Jari] tinha isso".

O senador considerou "inomináveis" as especulações segundo as quais teria armado a gravação da fita para desmoralizar as demais acusações: "É o máximo. Nem La Fontaine seria capaz de tanta imaginação". Jader refere-se à fábula em que o lobo, bebendo à beira de um riacho, acusa o cordeiro de sujar sua água. O cordeiro alega que isso era impossível por ele estar mais abaixo. Moral: o lobo queria apenas um pretexto para comer o cordeiro. Apesar de suas alegações, o cordeiro foi comido assim mesmo.

"E ainda tem gente capaz de fazer essa especulação. É de um ridículo que não tem tamanho um jornal com a responsabilidade de "O Globo" publicar isso."

Segundo Jader, a imprensa corre um risco: "Dar abrigo a tudo que é safadeza em que botarem o nome de Jader. Eu estou na moda, sou a bola da vez. Se botarem o nome de Jader, vira notícia".
E finalizou com uma ironia: "Vou renunciar ao meu mandato em homenagem à imprensa".




 

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