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20/08/2001 - 04h05

ACM aparece 7 vezes na capa das últimas edições do "Diário Oficial"

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WLADIMIR GRAMACHO
da Folha de S. Paulo, em Brasília

O ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) abdicou do mandato, mas não do reinado que mantém há dez anos seguidos no governo baiano. A prova disso está estampada no "Diário Oficial" do Estado, usado insistentemente para promovê-lo.

Levantamento feito pela Folha revela que ACM foi tema de "reportagens" e fotos de capa no periódico em 7 de suas 13 últimas edições. O material tem tempero mais publicitário que jornalístico.

Na edição de 1º de agosto, por exemplo, sob o título "ACM recebe manifestação de apoio na cidade", o periódico reproduz declarações do pefelista em inauguração de estrada de 34 km que liga Andorinha a Igara, no interior do Estado.

"Para ACM, que mais uma vez foi recebido com faixas, cartazes e manifestações de apoio, a vitória do seu grupo político nas próximas eleições está garantida", diz o texto oficial.

Falando sob reserva, um ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que as últimas edições do "Diário Oficial" da Bahia poderiam custar a ACM a impugnação de sua candidatura em 2002 por abuso de meio de comunicação social.

O ex-ministro também considerou que o caso pode gerar denúncia por improbidade administrativa. O réu, entretanto, seria o governador da Bahia, César Borges, responsável legal pela publicação do Estado, e não ACM, seu padrinho político.

Mesmo quando destacam a agenda de Borges, os textos fazem referência a ACM. "Acompanhado pelo ex-presidente do Congresso" ou "ao lado de ACM" são as menções mais usuais.

No dia 8, a primeira página do "Diário Oficial" noticiava o enterro do escritor Jorge Amado. Duas fotos exibiam ACM ao lado do caixão e da viúva. Uma das legendas dizia: "Com a perda do amigo, ACM esteve sempre junto a Zélia Gattai". No velório, o ex-senador posicionou-se estrategicamente ao lado do caixão.

Na opinião da advogada Estella Bruna Santo, especialista em direito eleitoral, "é evidente e nítida a campanha eleitoral num órgão [o "Diário Oficial"] que não deveria se prestar a isso".

Segundo Santo, que presta assessoria para o PT, ACM pode ser denunciado por partido político ou pelo Ministério Público com base na Lei de Inelegibilidades, que proíbe abuso de meio de comunicação em benefício de candidato ou partido.

ACM é candidato, só não sabe ainda a quê. Se puder escolher alguém de sua base para o governo sem provocar um racha no PFL, sai a senador. Se puser em risco a unidade de seu grupo político, sai a governador.


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