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24/08/2001 - 03h07

Comissão já dá como certo o processo contra Jader

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da Folha de S. Paulo, em Brasília

A comissão do Conselho de Ética do Senado que investiga denúncias contra o presidente da Casa licenciado, Jader Barbalho (PMDB-PA), está decidida a propor abertura de processo de cassação do seu mandato, mesmo sem comprovar que ele tenha mentido no plenário.

Senadores envolvidos direta ou indiretamente na apuração se dizem tão convencidos de que Jader foi beneficiado com recursos desviados do Banpará em 1984, quando era governador do Estado, que buscam uma forma alternativa de acusá-lo por quebra de decoro que não seja necessariamente a mentira.

Os senadores, reservadamente, dizem o seguinte: se beneficiar do desvio de recursos públicos é tão grave, que a prática não pode ser desprezada pelo Conselho de Ética, mesmo que tenha ocorrido antes do mandato parlamentar.

Regimentalmente, o conselho só pode julgar um senador por fatos praticados durante o seu mandato parlamentar, ou por ele ter faltado com a verdade à Casa ao se defender de acusações.

Por isso, os integrantes da comissão ainda não admitem que já pode ser comprovada a quebra de decoro. Eles aguardam o depoimento de Jader na comissão, marcado para a próxima quarta-feira, quando o senador será questionado sobre acusações concretas. Nos seus discursos em plenário, Jader tem sido hábil ao abordar o caso Banpará, aparentemente não dando margem a contradições com os fatos apurados pelo Banco Central.

Ele se esquiva de explicar as principais acusações, e diz, por exemplo, que cheques administrativos do Banpará nunca foram parar em suas contas. Mas as operações bancárias das quais Jader é acusado de ter se beneficiado não são tão simples.

O depoimento do inspetor do Banco Central Abrahão Patruni Júnior, dado na última terça-feira, foi decisivo para o convencimento dos senadores, integrantes ou não da comissão investigativa.

Com "farta documentação", segundo os senadores, ele mostrou como cheques do Banpará eram aplicados em outros bancos e como parte dos rendimentos acabou em contas de Jader.

"Ele [Jader] tem que provar que a assinatura nos cheques [mostrados por Patruni] não é dele. Ou, se confirmar que a assinatura é dele, tem de apontar a quem deu os cheques", disse o senador Romeu Tuma (PFL-SP). João Alberto (PMDB-MA), considerou o depoimento de Patruni "muito convincente".

Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM) admitiram ontem que os trabalhos da comissão investigativa -integrada também por João Alberto Souza (PMDB-MA)- podem ser prorrogados por mais 15 dias, após 3 de setembro, data final.

Segundo eles, o depoimento de Patruni apontou nomes de pessoas que ainda devem ser ouvidas pela comissão, como gerentes e funcionários de bancos privados que administravam contas de Jader, principalmente do Itaú.

Leia mais:
  • Comissão extrapola atribuições, diz Jader
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