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29/08/2001 - 02h59

Ex-prefeito afirma que ligação para Suíça pode ser engano

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da Folha de S. Paulo

Um dia após a divulgação da existência de ligações de familiares de Paulo Maluf (PPB) para o Citibank de Genebra, o ex-prefeito admitiu ontem que parentes seus podem ter se comunicado com a cidade da Suíça, ainda que por engano.

""Pode ser que alguém da minha família tenha ligado para alugar um carro, para reservar um hotel. (...) Quem sabe [alguém" até telefonou, pegou por acaso o número por engano e desligou", declarou ele, que também disse não se lembrar de ter telefonado para Jersey.

As ligações foram descobertas com a quebra do sigilo telefônico da família. Até janeiro de 1997, a família era beneficiária de conta na agência suíça do Citibank. Quando Maluf deixou a prefeitura, a conta foi transferida para a agência do banco em Jersey.

O pepebista negou que ele ou qualquer integrante de sua família sejam proprietários ou beneficiários de conta, trust ou aplicações fora do país. Afirmou ainda que esteve em Genebra apenas durante sua lua-de-mel. O ex-prefeito se casou em 1955. A seguir, trechos da entrevista.

LIGAÇÕES - "Dizem que houve 3.000 ligações internacionais desde 1993. Isso dá uma média de 30 ligações por mês. Como estão sendo investigadas 10 pessoas da minha família, em média, cada uma falou três vezes, em 21 telefones fixos e 14 celulares. Diz que tem uma ligação para a Suíça. Desconheço. Gostaria de saber para quem foi, quantas horas, minutos [durou] e quantas vezes falou. Pode ser que alguém da minha família tenha ligado para alugar um carro, para reservar um hotel. Pelo Bradesco, aqui, você reserva um hotel. A ligação não foi para tratar de conta, porque não tenho conta na Suíça. Quero saber se a ligação tem duas horas, meia hora, dois minutos. Quem sabe [alguém] até telefonou, pegou por acaso o número por engano e desligou. Tem ligação que pode ser de 15 segundos. Não pode dizer que tenho conta lá porque ligou uma vez."

BENEFICIÁRIO - "Não tenho conta fora, a Sylvia [mulher do pepebista] não tem. E tudo que eu tiver fora dôo para a Santa Casa. Você encontra o trust de que eu sou beneficiário que eu dôo. Desde que entrei na política, em 1967, até hoje nunca tive conta no exterior. Para ter aplicação, precisaria ter conta. Não tenho conta, trust ou aplicação. O linchamento tem que ter um mínimo de ética. Não tenho empresa registrada em Cayman. A Blue Diamond e a Red Ruby não são e não foram minhas. Minha família também não é beneficiária de trust."

ADVOGADO NO EXTERIOR - "Não posso permitir que os promotores difamem minha reputação. Estão transformando o Ministério Público em partido político. Em não tendo nenhuma prova, usam a imprensa para tentar denegrir minha imagem e impedir uma candidatura vitoriosa. Estou na maior alegria porque erraram no timing. Quando chegar ao final do ano, meu DNA está lá. Aí, eu entrei em contato com o Tosto (Ricardo Tosto, advogado do pepebista) para saber se há um escritório no exterior que poderia me representar. Ele está autorizado a contratar um escritório lá fora, mas eu não sei se já contratou."

JERSEY - "Nunca estive em Jersey. Na Suíça, gosto muito de Gstaad. É uma cidade para esportes de inverno. Gosto de St. Moritz e gosto muito de Monte Carlo. Em Zurique, só [estive" em conexão. A primeira e única vez que estive mais tempo, foi em minha lua-de-mel, que já faz algum tempo. Não pernoito em Zurique. Não tenho recordação de ter ligado para Jersey. Em Genebra estive também na lua-de-mel. Mas recentemente não tenho recordação. [Quando soube da publicação da reportagem da Folha sobre os recursos em Jersey" Liguei para o seu Frias [Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha], meu amigo há 40 anos. Disse: "Acho que estão cometendo uma indignidade." Ele me mostrou aquele "affidavit" [declaração criminal circunstanciada] falso. Falei: "Seu Frias, isso não é base, não é fonte. Isso é um insulto que estou recebendo de um promotor. Liguei [novamente] para o seu Frias [quando foi contatado para dar sua versão sobre o caso] e contei que aquilo era uma indignidade porque era um insulto que eu estava recebendo e que não era prova nenhuma. Ele disse: "Mas a Redação ficou muito brava porque eu lhe mostrei esse documento [confidencial]". Eu disse: "Espera, Frias. Eu posso ler no jornal e não posso saber pra repercutir? Onde está a imparcialidade? A Redação não pode ficar brava."

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA - "O governador é que nomeia [o procurador-geral de Justiça]. Cabe perguntar a ele porque todos os promotores públicos estão cometendo crimes funcionais, passíveis de serem punidos. Existe uma campanha organizada, por quem está em segundo, terceiro lugar na pesquisa [de intenção de voto]."

QUEBRA DE SIGILO - "Vamos fazer uma campanha contra o sigilo para os políticos, porque o político tem de ter vida clara e transparente. Tenho hoje menos do que eu tinha quando entrei na vida pública. Tenho 18 declarações de renda que mostram que meu patrimônio minguou."


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