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18/09/2001 - 04h07

Jader deixa presidência do Senado com ataques a PFL

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

Isolado e politicamente imobilizado por uma série de acusações que perpassam toda a sua vida pública, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), renuncia hoje ao cargo para o qual foi eleito em fevereiro passado pela maioria absoluta dos votos da Casa, após renhida disputa com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

Jader, 56, renuncia sete meses depois de assumir o cargo. Será sua última tentativa para preservar o mandato e manter o foro privilegiado na Justiça para se defender das acusações que pesam contra ele. Na próxima quinta-feira, o Conselho de Ética do Senado decide se acata ou não o pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista.

Ontem, Jader definiu as linhas gerais do discurso, mas ainda tinha dúvidas se o faria por escrito ou de improviso. Ele prefere falar de improviso, a partir de algumas anotações. Uma coisa é certa: Jader vai atacar parte da aliança governista, especialmente o PFL e integrantes do Conselho de Ética do partido, como o senador Romeu Tuma (SP).

O discurso de renúncia do peemedebista está previsto para as 15h30, mas
existe a possibilidade, remota, de ele vir a ser adiado. Isso acontecerá na hipótese de os partidos da coligação governista não conseguirem entrar em acordo sobre a eleição do sucessor de Jader, que será do PMDB.

"Balanço"
"Vou fazer um balanço do quadro político de antes das eleições [para as presidências da Câmara e do Senado" e de como esse quadro político acabou levando a essa crise no Senado. Uma retrospectiva de tudo o que
aconteceu antes e depois", afirmou o senador paraense ontem à Folha.

Submetido a uma avalanche de acusações que vão desde a participação no desvio de recursos do Banpará (Banco do Estado do Pará) ao envolvimento em fraudes na extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), Jader dirá em seu discurso de renúncia que foi uma vítima do jogo sucessório de 2002.

Do ponto de vista do peemedebista, o ex-senador ACM desencavou antigas acusações que pesavam contra ele em suas passagens pelo governo do Pará e dois ministérios no governo José Sarney (1985-1990) para tentar neutralizar o PMDB na sucessão presidencial. Como líder e presidente do PMDB, Jader conseguira reaglutinar o partido e levá-lo a ocupar espaços cada vez maiores no governo federal.

Apesar da cruzada movida por ACM contra Jader, o PFL perdeu as eleições para as duas Casas do Congresso [a Câmara ficou com o tucano Aécio Neves], credenciando o PMDB como parceiro privilegiado para a reedição da aliança governista nas eleições de 2002. Na avaliação de Jader, a sigla adversária precisava virar o jogo e ele era o alvo perfeito.

Nesse jogo, Jader deu um passo em falso ao pedir ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, a abertura de inquérito contra um de seus acusadores, a ser acompanhado pelo corregedor do Senado, Romeu Tuma.

As investigações viraram-se contra ele. Na lógica de Jader, imediatamente apareceu o PFL: Brindeiro é ligado à sigla e Tuma, um de seus principais nomes.

A atuação de Brindeiro, da Polícia Federal e da AGU (Advocacia Geral da União) levaram Jader também a esfriar suas relações com o presidente Fernando Henrique Cardoso. A desenvoltura com que esses órgãos passaram a agir, segundo acredita, não seria possível sem o aval do presidente.
Ontem, Jader ainda avaliava o que dizer hoje sobre a participação de FHC. Se depender do PMDB, serão coisas amenas.
 

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