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23/09/2001 - 04h15

Posse de arcebispo do Rio é assistida por 10 mil pessoas

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MARCELO BERABA
KARINE RODRIGUES
da Folha de S.Paulo

Cerca de dez mil pessoas acompanharam ontem de manhã a cerimônia de posse do novo arcebispo do Rio, o catarinense d. Eusébio Scheid, 68, na catedral de São Sebastião, no centro. A primeira parte da cerimônia teve a participação do ator Toni Ramos, que leu uma prece pedindo paz, e da cantora Joana.

A segunda parte foi a celebração da missa, que demonstrou a importância que a cúpula da Igreja Católica quis dar à posse: d. Eusébio foi ajudado pelo núncio apostólico, d. Alfio Rapisarda, por seis cardeais (incluindo d. Cláudio Hummes, de São Paulo, e d. Paulo Arns), 39 bispos e 450 padres.

Estavam presentes à cerimônia o vice-presidente Marco Maciel e os governadores Anthony Garotinho, do Rio, e Esperidião Amin, de Santa Catarina, de onde veio d. Eusébio, e o rabino Henry Sobel.

O novo arcebispo do Rio tem um grande desafio: imprimir sua marca na segunda maior diocese do Brasil, administrada, nos últimos 30 anos, pelo mais poderoso prelado brasileiro junto ao pontificado de João Paulo 2º, o cardeal d. Eugenio Sales. Ao desembarcar na cidade, quinta-feira, d. Eusébio Scheid (pronuncia-se Cháit) disse que dará continuidade ao trabalho de d. Eugenio, mas a seu jeito, que chamou de "eusebiano".

Sob o ponto de vista financeiro e operacional, d. Eusébio encontrará uma das dioceses mais bem organizadas do país, com sete bispos auxiliares, 584 sacerdotes, 242 paróquias, 15 mil círculos bíblicos e nenhuma dívida. Seus problemas serão de outra natureza.

Desafios
Para a antropóloga Regina Novaes, professora da UFRJ e pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos da Religião), o novo arcebispo terá três grandes desafios. Primeiro, abrir o diálogo dentro da própria arquidiocese com setores católicos que hoje têm pouco espaço de participação.

Ela acha que movimentos populares que têm muita força em outras regiões do país, como as Cebs (Comunidades Eclesiais de Base, que no Rio são chamadas de Grupos de Reflexão Bíblica), vêm tendo pouca influência nos planos de ação da arquidiocese, assim como os núcleos de intelectuais e acadêmicos católicos.

O segundo desafio é promover o diálogo inter-religioso. Para Novaes, a igreja do Rio raramente participa de iniciativas inter-religiosas. "Os católicos ainda são a maioria da cidade e a igreja deveria tomar a iniciativa do diálogo com as outras religiões."

Por fim, ela acha que a igreja do Rio deveria atuar mais nos dramas da cidade, principalmente na questão da violência. "Espero que os católicos sintam o novo arcebispo mais próximo, que ele consiga romper a distância imposta pela hierarquia e que o separa da população no dia-a-dia."

O padre José Oscar Beozzo, historiador e autor do livro "A Igreja do Brasil", tem avaliação similar. Segundo ele, a Arquidiocese do Rio atende bem os excluídos com programas assistenciais importantes, como as pastorais da População de Rua, das Favelas e Penal, mas não criou canais para a formação e o surgimento de lideranças saídas dos movimentos católicos populares.

Ele acha que o novo arcebispo deverá ter também uma atenção especial em relação aos intelectuais católicos e não-católicos. No episcopado de d. Eugenio ocorreram, por exemplo, vários conflitos com teólogos da PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Segundo o padre Beozzo, embora tenha feito um grande trabalho pastoral em várias áreas, d. Eugenio perdeu o poder de aglutinação no interior da igreja e se afastou muito do conjunto da CNBB.


 

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