Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/09/2001 - 18h01

Declaração contra palestinos provoca reação no DF

Publicidade

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

O presidente honorário da Coplac (Confederação Palestino-Americana e do Caribe), Farid Suwwan, disse hoje, com exclusividade à Folha Online, que exigirá a demissão do presidente da Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília), Eri Varela, por ele ter declarado que a OLP (Organização para Libertação da Palestina) pratica terrorismo.

"Foi uma declaração preconceituosa, racista, provocadora e que pode semear o ódio contra toda a comunidade palestina em Brasília e no Brasil", afirmou Suwwan.

Varela afirmou ontem que "a OLP é uma organização terrorista que levou o mundo à insegurança". A declaração foi feita após ele ter afirmado que o ex-governador Cristovam Buarque (PT) doou ilegalmente um terreno para a construção da futura embaixada da Palestina.

Segundo declaração de Varela, a doação só poderia ser feita a países que se dispusessem a doar, em troca, imóveis para a instalação da representação diplomática brasileira. "A Palestina não tem um território definido e portanto não é possível instalar uma embaixada lá", disse Varela.

Os palestinos também foram alvo de ataques por parte do deputado do DF José Edmar Cordeiro (PMDB). Em discurso no plenário da Câmara Legislativa, ele chamou o PT de "partido do Taleban" e acusou a legenda de doar lote para a causa palestina, 'a mesma causa dos terroristas' segundo Edmar. Para o deputado, o dinheiro ganho pelos palestinos no Brasil é usado para financiar campanhas terroristas.

"Os palestinos foram os mesmos que saíram dançando e cantando no dia da explosão das torres-gêmeas nos Estados Unidos, que matou inclusive brasileiros", disse Edmar.

Suwwan se reuniu hoje com o ministro, José Gregori, da Justiça, que, segundo ele, prometeu pedir providências ao governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB). O líder palestino exige que Roriz demita Varela do cargo e que seja feito um pedido de desculpas do presidente da Terracap. O mesmo será feito em relação a José Edmar por meio de uma representação à Câmara Legislativa.

"Não se pode confundir uma questão local com um conflito internacional. Esse tipo de declaração fere os princípios democráticos brasileiros. O Brasil é um país aberto a todas as nações. Não se pode admitir isso de ocupantes de cargos públicos", declarou Suwwan. Ele disse ainda que deverá processar Varela e Edmar por racismo, calúnia e difamação e acusação sem fundamento.

O vice-governador do DF, Benedito Domingos (PPB), considerou 'infelizes' as declarações de Varela e Edmar. Ele disse que o governador Joaquim Roriz foi comunicado sobre o fato e "procurou transmitir solidariedade aos palestinos."

Domingos não soube dizer se o presidente da Terracap será demitido. O deputado José Edmar não foi encontrado para falar sobre o assunto, mas segundo o assessor, Ivonildo Di Lira, ele "se expressou mal e não teve intenção de agredir o povo palestino."

Varela também não foi localizado. Farid Suwwan afirmou que ele teria reiterado hoje tudo o que disse sobre os palestinos. Antes de assumir a presidência da Terracap, Varela, que é advogado, ficou conhecido por ter defendido entre outros, o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal, o ex-senador Luiz Estevão.

Atualmente, cerca de 800 famílias de palestinos vivem em Brasília. Em todo o país a comunidade palestina possui mais de 40 mil pessoas. Cerca de 7,5 milhões de muçulmanos moram em território brasileiro.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA


 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página