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28/09/2001
-
03h06
RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) pretende usar todo o prazo regimental de que dispõe antes de formalizar a decisão já tomada de renunciar ao mandato para evitar o processo de cassação por quebra de decoro e a eventual perda de seus direitos políticos por oito anos.
Jader pode dispor de até 15 dias após a designação de um relator do processo na Mesa do Senado, o que o presidente Ramez Tebet (PMDB-MS) deve fazer na próxima semana. Mas o PMDB está pressionando o senador paraense a abreviar a renúncia a fim de amenizar o desgaste do partido.
Se dependesse do PMDB, Jader teria renunciado ontem, antes da votação do Conselho de Ética, denunciando o processo como sendo "uma farsa". A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), segundo a qual seu direito de defesa não estava sendo cerceado, esvaziou o discurso peemedebista.
Jader deixou ontem Brasília pensando em uma renúncia discreta, restrita ao envio de um ofício à Mesa do Senado. Acha que o discurso feito no conselho, no qual atacou especialmente o senador Romeu Tuma (PFL-SP), resumiu tudo o que ele pretendia dizer, por enquanto.
Com a decisão de adiar ao máximo a renúncia, Jader pretende se manter em evidência para responder às acusações que pesam contra ele e também atacar os adversários. O peemedebista insinua, por exemplo, que tem muito a contar sobre a quebra de sigilo do painel eletrônico do Senado, episódio que levou à renúncia de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e de José Roberto Arruda.
No governo, Jader guarda ressentimento do presidente Fernando Henrique Cardoso, que não o teria ajudado nem mesmo em sua eleição para a presidência do Senado, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, por haver reativado uma auditoria que direções anteriores do BC já haviam abandonado.
Antes de embarcar para Belém, Jader prometeu à direção do PMDB levar em consideração o pedido para abreviar a renúncia. Mas, além de manter-se na mídia, o senador ainda tem esperança de que seja concluída a perícia na auditoria do Banpará antes do prazo fatal para a renúncia, o que é improvável.
Jader diz não ter dúvida de que a perícia determinada pela Justiça do Pará irá inocentá-lo da acusação de haver se beneficiado de recursos
desviados do Banpará, o banco estadual paraense.
Mesmo que isso ocorra, Jader não irá correr o risco de enfrentar o
processo no Conselho de Ética por entender que já foi politicamente julgado e condenado.
Preservando os direitos políticos, poderá concorrer no próximo ano ao governo do Estado ou ao Senado. Uma pesquisa feita por seus adversários no Pará situa-o no primeiro lugar na disputa pelo governo estadual, bem à frente do segundo colocado.
No lugar de Jader Barbalho assumirá o terceiro suplente, Fernando de Castro Ribeiro, 45. O segundo suplente é o pai de Jader, Laércio, que está doente e também é citado na auditoria do BC no Banpará.
Perfil
Fernando Ribeiro foi secretário particular de Jader em seu primeiro governo no Pará (1983-87) e deputado estadual pelo PMDB entre 1987 e 1991.
Ribeiro, que também aparece na auditoria do Banpará, fez cinco cursos superiores, mas não concluiu nenhum. É integrante de uma tradicional família paraense, de pecuaristas na Ilha de Marajó. "Nunca pensei em assumir o mandato nessas circunstâncias. Ainda não há nada decidido, mas, se tiver de acontecer, será uma dolorosa missão", disse Ribeiro ontem à Folha.
Leia mais no especial Jader Barbalho
Decidido a renunciar, Jader quer mandato até o limite
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) pretende usar todo o prazo regimental de que dispõe antes de formalizar a decisão já tomada de renunciar ao mandato para evitar o processo de cassação por quebra de decoro e a eventual perda de seus direitos políticos por oito anos.
Jader pode dispor de até 15 dias após a designação de um relator do processo na Mesa do Senado, o que o presidente Ramez Tebet (PMDB-MS) deve fazer na próxima semana. Mas o PMDB está pressionando o senador paraense a abreviar a renúncia a fim de amenizar o desgaste do partido.
Se dependesse do PMDB, Jader teria renunciado ontem, antes da votação do Conselho de Ética, denunciando o processo como sendo "uma farsa". A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), segundo a qual seu direito de defesa não estava sendo cerceado, esvaziou o discurso peemedebista.
Jader deixou ontem Brasília pensando em uma renúncia discreta, restrita ao envio de um ofício à Mesa do Senado. Acha que o discurso feito no conselho, no qual atacou especialmente o senador Romeu Tuma (PFL-SP), resumiu tudo o que ele pretendia dizer, por enquanto.
Com a decisão de adiar ao máximo a renúncia, Jader pretende se manter em evidência para responder às acusações que pesam contra ele e também atacar os adversários. O peemedebista insinua, por exemplo, que tem muito a contar sobre a quebra de sigilo do painel eletrônico do Senado, episódio que levou à renúncia de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e de José Roberto Arruda.
No governo, Jader guarda ressentimento do presidente Fernando Henrique Cardoso, que não o teria ajudado nem mesmo em sua eleição para a presidência do Senado, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, por haver reativado uma auditoria que direções anteriores do BC já haviam abandonado.
Antes de embarcar para Belém, Jader prometeu à direção do PMDB levar em consideração o pedido para abreviar a renúncia. Mas, além de manter-se na mídia, o senador ainda tem esperança de que seja concluída a perícia na auditoria do Banpará antes do prazo fatal para a renúncia, o que é improvável.
Jader diz não ter dúvida de que a perícia determinada pela Justiça do Pará irá inocentá-lo da acusação de haver se beneficiado de recursos
desviados do Banpará, o banco estadual paraense.
Mesmo que isso ocorra, Jader não irá correr o risco de enfrentar o
processo no Conselho de Ética por entender que já foi politicamente julgado e condenado.
Preservando os direitos políticos, poderá concorrer no próximo ano ao governo do Estado ou ao Senado. Uma pesquisa feita por seus adversários no Pará situa-o no primeiro lugar na disputa pelo governo estadual, bem à frente do segundo colocado.
No lugar de Jader Barbalho assumirá o terceiro suplente, Fernando de Castro Ribeiro, 45. O segundo suplente é o pai de Jader, Laércio, que está doente e também é citado na auditoria do BC no Banpará.
Perfil
Fernando Ribeiro foi secretário particular de Jader em seu primeiro governo no Pará (1983-87) e deputado estadual pelo PMDB entre 1987 e 1991.
Ribeiro, que também aparece na auditoria do Banpará, fez cinco cursos superiores, mas não concluiu nenhum. É integrante de uma tradicional família paraense, de pecuaristas na Ilha de Marajó. "Nunca pensei em assumir o mandato nessas circunstâncias. Ainda não há nada decidido, mas, se tiver de acontecer, será uma dolorosa missão", disse Ribeiro ontem à Folha.
Leia mais no especial Jader Barbalho
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