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02/10/2001 - 03h53

"Sei lidar mais ou menos com crise", diz FHC

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WILSON SILVEIRA
enviado especial a Quito

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem em Quito (Equador) que seu governo se tornou especialista em crises, ao comentar sobre o último ano de seu mandato. Ele disse que já sabe "mais ou menos" como lidar com elas e que o essencial é não perder o rumo.

"Meu governo é especialista em crises. Esta é a sexta crise que enfrentamos."

FHC esteve ontem com o presidente do Equador, Gustavo Noboa, para firmar atos de cooperação bilateral, entre eles um na área científica e tecnológica.

Segundo FHC, o Banco Central já adotou as medidas necessárias para conter a alta do dólar, não sendo necessárias outras. "Por sorte o Banco Central brasileiro atuou corretamente na semana passada."

O presidente defendeu a manutenção da TEC (Tarifa Externa Comum, o imposto único de importação do Mercosul), cuja suspensão temporária está sendo discutida em Montevidéu (Uruguai).

Ao ser questionado sobre a possibilidade de desclassificação da seleção brasileira para a Copa, FHC disse que: "Isso, sim, é um problema".

A seguir, trechos da entrevista concedida por FHC após a assinatura dos acordos no palácio presidencial do Equador.

CRISES - "Meu governo é especialista em crises. Esta é a sexta crise que enfrentamos. A primeira foi a do México, em 95. Em 97, a crise asiática. Em 98, a crise da Rússia. Em 99, a crise do Brasil. Em 2000, a crise argentina. Em 2001, a crise dos Estados Unidos e do mundo. Já sabemos mais ou menos como lidar com as crises. É preciso enfrentá-las sem perder o rumo. Em nenhum ano tivemos crescimento negativo."

GUERRA - "Foi estabelecido um marco jurídico muito claro, que não envolve a entrada de nossos países [da América Latina" diretamente no conflito, mas uma transferência de informações e uma vigilância crescente em relação à ameaça de terrorismo, que é universal.

É importante ressaltar que o terrorismo não está vinculado necessariamente a um povo nem a uma nação. Eventualmente parece ser o caso do Afeganistão. Não se trata de um governo, mas de um grupo que se apoderou do poder. Existem campos de treinamento de terrorismo no Afeganistão. Todos nós estamos torcendo para que essa ação não cause danos aos civis. É muito difícil evitar que haja danos a civis numa situação dessa natureza. Estamos caminhando no fio da navalha."

MALAN - Questionado sobre a não-filiação do ministro Pedro Malan (Fazenda) ao PSDB, embora o dia 5, que é o prazo de filiação, esteja chegando, FHC respondeu: "A pergunta foi bem formulada. O dia 5 está chegando, não chegou. Vamos esperar".

DÓLAR - "Por sorte o Banco Central brasileiro atuou corretamente na semana passada, e a moeda brasileira se revalorizou nos últimos dias. Eu creio que isso é normal, porque o real está demasiadamente subvalorizado. Eu creio que já tomamos as medidas e não se requerem medidas de outra natureza."

SELEÇÃO - Em entrevista a uma televisão equatoriana, questionado sobre a possibilidade de a seleção brasileira de futebol não se classificar para a Copa, FHC afirmou, bem-humorado: "Seria o pior de tudo. Isso sim, é um problema, mais grave do que o que se passa no comércio".

Na entrevista coletiva, disse que era pouco conhecedor de futebol, mas que um dos problemas da seleção poderia ser o fato de a equipe ser formada na última hora, já que muitos jogadores atuam fora do país. FHC disse que está otimista quanto à classificação. "Quanto ao Equador, fiquei muito contente, foi melhor perder para o Equador do que para o Uruguai ou para a Argentina, que são nossos tradicionais adversários."

MERCOSUL - "Para nós, está à margem a idéia de pôr fim à Tarifa Externa Comum, porque é ela que simboliza a vontade de integração. Na Europa houve muitos momentos de crise até que se chegasse à União Européia. Eu creio que o nosso espírito deve ser o de compreender as dificuldades eventuais de um ou de outro país, mas manter a visão de que se deve chegar a um mercado realmente comum."

PRESSÕES POLÍTICAS - "De nenhuma maneira a pressão política vai me fazer tomar medidas que a médio prazo sejam contrárias aos interesses do país. Tenho rechaçado sempre a questão de pôr a popularidade ou o populismo à frente. Na frente está o país, está o povo. Por isso vamos com critério, com cautela."


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