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05/10/2001
-
07h01
ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
A cidade de Palmas (TO) inaugura hoje uma exposição polêmica: a história de Luiz Carlos Prestes, recontada por iniciativa de um governo do PFL.
A mostra, que traz fotos e objetos raros do líder e do movimento liderado por ele na década de 20, a Coluna Prestes, ficará permanentemente no memorial projetado pelo arquiteto e comunista histórico Oscar Niemeyer, 93, e inaugurado no ano passado pelo governador do Tocantins, Siqueira Campos (PFL).
Entre os objetos doados pela família, o Memorial Coluna Prestes guardará fotos raras, armas usadas por comandantes e objetos de uso pessoal de Prestes, morto em 1990.
Boa parte dos objetos foi coletada por Luiz Carlos Prestes Filho, que, em 1995, refez o caminho do pai em busca de documentos para uma exposição.
A Coluna Prestes foi um movimento de militares que combatiam o governo do presidente Artur Bernardes e que, de 1925 a 1927, marcharam com 1.500 combatentes pelo interior pregando reformas políticas e sociais. Saiu do Rio Grande do Sul e chegou ao Maranhão, sem derrotar o governo nem ser batida.
Após o movimento, Luiz Carlos Prestes ganhou prestígio e, depois de voltar do exílio político, em 1935, integrou-se ao Partido Comunista Brasileiro.
A memória de Prestes tem sido alvo de discussões dentro de sua própria família. Anita Leocádia Prestes, por exemplo, foi contra a construção do memorial no Tocantins. "Esse governador [Siqueira Campos" foi um anticomunista ferrenho. Não dá para aceitar que ele homenageie Prestes", diz a filha de Prestes e de Olga Benário.
Segundo Anita, desde o centenário de nascimento do líder comunista, há tentativa de torná-lo figura aceitável para todos os brasileiros. "Isso esvazia seu conteúdo revolucionário. Ele foi um homem que rompeu com as classes dominantes. Não foi um líder de todos os brasileiros, mas apenas dos oprimidos", diz.
Para o historiador da UFRJ Francisco Carlos Teixeira está acontecendo com Prestes um fenômeno parecido com o que ocorre com Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas.
"É uma briga de construções do passado. O memorial ou sua homenagem por uma escola de samba do Rio domesticam a imagem dele", diz Teixeira.
Prestes Filho, um dos idealizadores do memorial e da exposição e filho do líder comunista e de Maria Prestes, defende a iniciativa do governo de Tocantins. "A coluna teve importante passagem pela área. Como governador, Siqueira Campos teve o mérito de reconhecer a maior marcha já feita na história mundial. Será que vamos ter que pedir o currículo dos governantes antes de eles fazerem monumentos a Prestes, Lamarca ou Getúlio?"
Ele lembra que Oscar Niemeyer, um dos maiores amigos do pai, aceitou
fazer o projeto gratuitamente, sem interferência do governo do Tocantins.
A Folha entrou em contato por duas vezes com a assessoria de imprensa do governador Siqueira Campos, que não respondeu aos pedidos de entrevista.
Memorial para Prestes divide a família
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da Folha de S.Paulo, no Rio
A cidade de Palmas (TO) inaugura hoje uma exposição polêmica: a história de Luiz Carlos Prestes, recontada por iniciativa de um governo do PFL.
A mostra, que traz fotos e objetos raros do líder e do movimento liderado por ele na década de 20, a Coluna Prestes, ficará permanentemente no memorial projetado pelo arquiteto e comunista histórico Oscar Niemeyer, 93, e inaugurado no ano passado pelo governador do Tocantins, Siqueira Campos (PFL).
Entre os objetos doados pela família, o Memorial Coluna Prestes guardará fotos raras, armas usadas por comandantes e objetos de uso pessoal de Prestes, morto em 1990.
Boa parte dos objetos foi coletada por Luiz Carlos Prestes Filho, que, em 1995, refez o caminho do pai em busca de documentos para uma exposição.
A Coluna Prestes foi um movimento de militares que combatiam o governo do presidente Artur Bernardes e que, de 1925 a 1927, marcharam com 1.500 combatentes pelo interior pregando reformas políticas e sociais. Saiu do Rio Grande do Sul e chegou ao Maranhão, sem derrotar o governo nem ser batida.
Após o movimento, Luiz Carlos Prestes ganhou prestígio e, depois de voltar do exílio político, em 1935, integrou-se ao Partido Comunista Brasileiro.
A memória de Prestes tem sido alvo de discussões dentro de sua própria família. Anita Leocádia Prestes, por exemplo, foi contra a construção do memorial no Tocantins. "Esse governador [Siqueira Campos" foi um anticomunista ferrenho. Não dá para aceitar que ele homenageie Prestes", diz a filha de Prestes e de Olga Benário.
Segundo Anita, desde o centenário de nascimento do líder comunista, há tentativa de torná-lo figura aceitável para todos os brasileiros. "Isso esvazia seu conteúdo revolucionário. Ele foi um homem que rompeu com as classes dominantes. Não foi um líder de todos os brasileiros, mas apenas dos oprimidos", diz.
Para o historiador da UFRJ Francisco Carlos Teixeira está acontecendo com Prestes um fenômeno parecido com o que ocorre com Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas.
"É uma briga de construções do passado. O memorial ou sua homenagem por uma escola de samba do Rio domesticam a imagem dele", diz Teixeira.
Prestes Filho, um dos idealizadores do memorial e da exposição e filho do líder comunista e de Maria Prestes, defende a iniciativa do governo de Tocantins. "A coluna teve importante passagem pela área. Como governador, Siqueira Campos teve o mérito de reconhecer a maior marcha já feita na história mundial. Será que vamos ter que pedir o currículo dos governantes antes de eles fazerem monumentos a Prestes, Lamarca ou Getúlio?"
Ele lembra que Oscar Niemeyer, um dos maiores amigos do pai, aceitou
fazer o projeto gratuitamente, sem interferência do governo do Tocantins.
A Folha entrou em contato por duas vezes com a assessoria de imprensa do governador Siqueira Campos, que não respondeu aos pedidos de entrevista.
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