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09/10/2001
-
21h51
do Banco de Dados
O economista Roberto de Oliveira Campos, que morreu nesta terça-feira no Rio de Janeiro, era tido por admiradores como intelectual notável e por adversários como ícone da direita e sempre despertava reações. "Sou um homem controverso, não sou homem de unanimidades", costumava dizer.
Escreveu mais de 20 livros. Em 1994, lançou "Lanterna na Popa", livro de memórias, e, em 1996, "Antologia do Bom Senso", obra que lhe valeu o prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não-Ficção (1997). Era colunista da Folha desde dezembro de 1994.
Campos nasceu em Cuiabá (MT), em 17 de abril de 1917. Aos nove anos, entrou para um seminário em Guaxupé (MG), de onde saiu em 1937, por não ter dinheiro e idade para continuar a carreira eclesiástica.
No mesmo ano, mudou-se para Batatais (SP), onde conheceu Estela, com quem se casaria três anos depois e teria três filhos.
É a partir de 1939 que a vida de Roberto Campos começa a se misturar com a história do Brasil.
Após ser rejeitado para um emprego de escriturário no Ministério do Trabalho e para inspetor de ensino, prestou concurso para o Itamaraty e passou em primeiro.
Como adido comercial da embaixada em Washington, em 1942, Campos tomou gosto pela economia, concluindo seu doutorado pela Universidade de Columbia, em Nova York, em 1949.
Na doutrina econômica, adotou como guru _assim como a ex-primeira-ministra britânica Margareth Thatcher_ o austríaco Friedrich von Hayek (1899-1992), ultraliberal e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1974.
Campos começou sua participação mais efetiva na política na década de 50. No governo Getúlio Vargas (1951-1954), participou da criação da Petrobras _seu projeto original previa uma empresa mista sob controle majoritário do Estado, não uma estatal.
Depois de um ano como presidente do BNDE, foi nomeado, em 1959, embaixador nos EUA.
Em abril de 1964, após a instauração do regime militar, tornou-se ministro do Planejamento do governo Castello Branco.
Em 1992, notabilizou-se por ter dado o primeiro voto _ favorável_ na sessão que definiu a abertura de processo de impeachment de Fernando Collor. Campos foi a Brasília especialmente para a sessão, preso a uma cadeira de rodas devido a uma septicemia (infecção generalizada).
Em outubro de 1999, causou nova polêmica ou se candidatar à vaga de Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras. A mulher do dramaturgo, Bernadeth Lyzio, ameaçou transferir o corpo do marido do mausoléu da ABL por causa da candidatura, e um grupo, entre eles Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado e João Ubaldo Ribeiro, se opôs ao nome de Campos. Sobre a polêmica, Campos falou: "As esquerdas queriam criar uma reserva de mercado" para as vagas que surgissem na academia. Foi eleito.
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O economista Roberto de Oliveira Campos, que morreu nesta terça-feira no Rio de Janeiro, era tido por admiradores como intelectual notável e por adversários como ícone da direita e sempre despertava reações. "Sou um homem controverso, não sou homem de unanimidades", costumava dizer.
Escreveu mais de 20 livros. Em 1994, lançou "Lanterna na Popa", livro de memórias, e, em 1996, "Antologia do Bom Senso", obra que lhe valeu o prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não-Ficção (1997). Era colunista da Folha desde dezembro de 1994.
Campos nasceu em Cuiabá (MT), em 17 de abril de 1917. Aos nove anos, entrou para um seminário em Guaxupé (MG), de onde saiu em 1937, por não ter dinheiro e idade para continuar a carreira eclesiástica.
No mesmo ano, mudou-se para Batatais (SP), onde conheceu Estela, com quem se casaria três anos depois e teria três filhos.
É a partir de 1939 que a vida de Roberto Campos começa a se misturar com a história do Brasil.
Após ser rejeitado para um emprego de escriturário no Ministério do Trabalho e para inspetor de ensino, prestou concurso para o Itamaraty e passou em primeiro.
Como adido comercial da embaixada em Washington, em 1942, Campos tomou gosto pela economia, concluindo seu doutorado pela Universidade de Columbia, em Nova York, em 1949.
Na doutrina econômica, adotou como guru _assim como a ex-primeira-ministra britânica Margareth Thatcher_ o austríaco Friedrich von Hayek (1899-1992), ultraliberal e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1974.
Campos começou sua participação mais efetiva na política na década de 50. No governo Getúlio Vargas (1951-1954), participou da criação da Petrobras _seu projeto original previa uma empresa mista sob controle majoritário do Estado, não uma estatal.
Depois de um ano como presidente do BNDE, foi nomeado, em 1959, embaixador nos EUA.
Em abril de 1964, após a instauração do regime militar, tornou-se ministro do Planejamento do governo Castello Branco.
Em 1992, notabilizou-se por ter dado o primeiro voto _ favorável_ na sessão que definiu a abertura de processo de impeachment de Fernando Collor. Campos foi a Brasília especialmente para a sessão, preso a uma cadeira de rodas devido a uma septicemia (infecção generalizada).
Em outubro de 1999, causou nova polêmica ou se candidatar à vaga de Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras. A mulher do dramaturgo, Bernadeth Lyzio, ameaçou transferir o corpo do marido do mausoléu da ABL por causa da candidatura, e um grupo, entre eles Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado e João Ubaldo Ribeiro, se opôs ao nome de Campos. Sobre a polêmica, Campos falou: "As esquerdas queriam criar uma reserva de mercado" para as vagas que surgissem na academia. Foi eleito.
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