27/10/2001 - 22h29

Oposição estuda pedir impeachment de Olívio Dutra

da Agência Folha, em Curitiba

A bancada de oposição no Rio Grande do Sul estuda iniciar processo de impeachment do governador do Estado, Olívio Dutra (PT). O processo seria baseado em suposta vinculação do governo com o jogo do bicho.

A suspeita surgiu a partir de gravação de conversas do ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino com o economista Diógenes Oliveira, diretor do Clube de Seguros da Cidadania _empresa criada por petistas e simpatizantes do PT que ajudou a arrecadar verbas para a campanha de Olívio.

Nas conversas, reveladas ontem em sessão da CPI da Segurança Pública, Oliveira sugere a Tubino que use menos rigor na repressão ao jogo do bicho.

As gravações foram feitas no início de 1999. Em um dos trechos, Oliveira diz que "ao longo da campanha do Olívio, da outra do Tarso (Genro) e das outras, sempre tivemos relação muito boa, muito estreita, com esse pessoal (...) do jogo do bicho".

Na avaliação de alguns deputados, como Mário Bernd (PPS) e Elmar Schneider (PMDB), as declarações podem resultar na abertura de um processo de impeachment contra o governador.

Em entrevista hoje pela manhã à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, Olívio Dutra afirmou que Oliveira não tinha autorização para falar em nome do governo.

"Ele não estava autorizado a falar em nome do governo ou do PT", afirmou o governador.

"Há muito tempo não converso com o Diógenes (Oliveira). Ele não faz parte do governo."

Segundo Dutra, Oliveira tem de "assumir a responsabilidade (pelas declarações)" quando for ouvido pela CPI _o depoimento está marcado para o dia 5 de novembro.

Na entrevista, o governador afirmou ainda que um dos objetivos de seu governo é "desmantelar a banda podre da polícia e a relação dela com a contravenção".

Olívio disse que solicitou ao secretário de Segurança Pública, José Paulo Bisol, que envie à CPI documentos referentes a investigações sobre o jogo do bicho e a banda podre da polícia.

Diógenes Oliveira, 57, foi secretário de Transportes de Porto Alegre na primeira administração petista no município (1989-1992) e também no primeiro mandato de Tarso Genro na prefeitura (1993-1996).

Luiz Fernando Tubino, 49, assumiu a chefia de Polícia do Estado em janeiro de 1999. Ele deixou o cargo no final do mesmo ano, alegando divergências com a política de segurança adotada pelo PT, mas jamais falou em suposto envolvimento do governo com o jogo do bicho.