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29/10/2001 - 03h25

Aliado de Olívio confirma ação em favor de bicheiros

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RONALDO SOARES
da Agência Folha, em Curitiba

O economista Diógenes Oliveira, 57, presidente do Clube de Seguros da Cidadania -empresa criada por petistas e simpatizantes do PT que ajudou a arrecadar verbas para a campanha do governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT)-, afirmou que não recebeu autorização do governador para tratar da repressão ao jogo do bicho com o ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino.

Oliveira, que retornou no final de semana de uma viagem à Europa, admitiu ter dado "um carteiraço" para convocar o delegado para uma conversa em sua casa.

"Falei indevidamente em nome do governador", afirmou. Segundo Oliveira, seu objetivo era pedir que a polícia parasse de achacar apontadores do jogo do bicho.

Na conversa, ocorrida em janeiro de 1999 e divulgada na última sexta pela CPI da Segurança Pública, Oliveira sugeria que o delegado usasse menos rigor na repressão e afirmava que o PT sempre teve "relação muito boa, muito estreita, com esse pessoal do Carnaval e do jogo do bicho".

Após a divulgação da conversa, Olívio afirmou que jamais deu autorização para que Oliveira falasse "em nome do governo ou do PT".

Para o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), a situação de Diógenes e do governo se complicou. "No momento em que alguém que priva da intimidade do poder peita o chefe de polícia para ele não reprimir o jogo, admitindo que deu um "carteiraço", para mim não resta dúvida do comprometimento do governo com o jogo do bicho", afirmou.

Vieira da Cunha disse que já esperava que Oliveira tentasse isentar o governo de responsabilidade no episódio e assumisse sozinho "a responsabilidade pelos fatos gravíssimos que vieram à tona".

"Mas não há como desvincular a figura do Olívio e do Diógenes. Para nós, eles estão umbilicalmente ligados; o Diógenes sempre foi figura de copa e cozinha do Palácio Piratini (sede do governo estadual)", afirma o deputado, mencionando documentos que estão sendo analisados pela CPI.

Segundo o relator, responsáveis por empresas que contribuíram com o Clube de Seguros e Cidadania disseram que foram procurados por Oliveira, em nome do governo, com pedido de doações para obras sociais do Estado.

Filiado ao PT, Oliveira foi secretário de Transportes na primeira administração petista em Porto Alegre (1989-92) e também no primeiro mandato de Tarso Genro na prefeitura (1993-96).

O PT admite que o economista Oliveira ajudava o partido na arrecadação de recursos para campanhas, mas diz que ele jamais exerceu a função de coordenador.

Vieira da Cunha não descarta a possibilidade de o relatório final da CPI, previsto para o próximo dia 14, pedir abertura de processo de impeachment contra Olívio. Segundo ele, a CPI está de posse de um "conjunto probatório" que pode incriminar o governador.

Entenda o caso
17 de maio
Em depoimento à CPI da Segurança Pública, instalada em abril de 2001, delegados dizem que banqueiros do jogo do bicho doam dinheiro para o PT e para obras sociais do governo

18 de maio
O ex-tesoureiro do PT Jairo Carneiro dos Santos, expulso do partido por desvio de verbas, diz que bicheiros doaram R$ 600 mil à campanha de Olívio Dutra (PT) em 98, por meio do Clube de Seguros da Cidadania, formado por petistas e simpatizantes do PT

19 de maio
Dirigentes do clube e do PT negam as acusações. Diógenes Oliveira, presidente do clube, diz que prédio foi comprado por R$ 310 mil por meio de doações legais ao partido

26 de junho
Santos depõe à CPI e diz que inventou as declarações

Agosto
São quebrados os sigilos bancário, telefônico e patrimonial dos dirigentes do clube, de Santos e do ex-chefe de polícia Luís Fernando Tubino

22 de outubro
Carlos Zignani, representante da empresa Marcopolo, faz declarações que contradizem o Clube de Seguros. Segundo Carlos Zignani, o dinheiro foi doado diretamente para o PT, e não para o Clube de Seguros. A empresa, então, não deveria estar na lista do clube

26 de outubro
CPI divulga CD com gravações de uma conversa entre o ex-chefe de polícia Tubino e Diógenes Oliveira, do Clube de Seguros. Na gravação, Oliveira diz que fala em nome de Olívio e sugere que Tubino use menos rigor na repressão ao jogo do bicho. Tubino reconhece a gravação. Olívio nega que tenha dado autorização para Oliveira falar em nome do governo


Leia mais:
  • Foi "caso isolado", diz presidente do PT no RS

  • Para petistas, denúncias são "caso de polícia"
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