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05/07/2000
-
22h32
da Folha de S.Paulo
ISABEL CLEMENTE, da Sucursal do Rio
O banqueiro Salvatore Alberto Cacciola ficou sem seus advogados particulares, nesta quarta-feira (4), na primeira audiência de acusação do processo em que é investigado por supostos crimes praticados durante o socorro do Banco Central ao Marka, banco de sua propriedade.
A defesa alegou ter sido prejudicada pela falta de tempo para analisar todas as provas e documentos do processo, apesar de autorizada a levar o material para análise, porque tudo estaria empilhado e desorganizado numa sala da Justiça Federal do Rio.
Os advogados José Carlos Fragoso e Antônio Carlos Almeida Castro se recusaram a continuar com a audiência e pediram o adiamento da mesma.
O juiz da 6ª Vara Federal, Abel Gomes, negou o pedido e nomeou Tânia Mascarenhas, uma assistente jurídica do tribunal, para atuar como defensora pública de Cacciola. Ao ouvir a decisão do juiz, Cacciola deu um sorriso. Fragoso ainda tentou argumentar em pé, próximo ao juiz, sem sucesso. Na saída, disse: "Não posso fazer a audiência se desconheço inteiramente o que está no processo". Afirmou ainda que o prazo dado pelo juiz (dez dias) para a defesa prévia (por escrito) ainda estava correndo.
O juiz classificou a movimentação dos advogados do banqueiro como "uma estratégia defensiva válida", mas argumentou que o processo de um réu preso não pode sofrer atrasos. Disse também que as fitas produzidas por escuta telefônica autorizada nada teriam a ver com os depoimentos de ontem, tomados pela Polícia Federal.
Antes de deixar a sala de audiências, Castro desejou "boa sorte" ao seu cliente, que completa um mês de prisão amanhã. A audiência foi interrompida por uma hora para a defensora examinar os autos (dois volumes de 300 páginas, porque o processo tem mais de 3.000 páginas).
Após o recesso, a defensora e seu auxiliar pediram mais uma hora para analisar o material, dada a complexidade do caso. Cacciola demonstrava impaciência.
A defesa tentou desqualificar a audiência desta quarta-feira de várias formas. Os advogados questionaram a competência jurídica do Tribunal Federal do Rio, já que há processos anteriores no Distrito Federal. Eles solicitam que tudo corra em Brasília.
Para o juiz, o mesmo que condenou Cacciola em outro processo por crimes contra o Sistema Financeiro, não há relação entre os processos porque os do Distrito Federal são da alçada cível, e o do Rio, da criminal.
Os advogados também alegaram que os procuradores da República, autores das denúncias, estariam ferindo o princípio do "promotor natural" quando a competência é determinada sem indicações. Solicitaram ainda a organização das provas documentais para que elas se tornem "acessíveis". Segundo Fragoso, eles só tiveram conhecimento do material guardado numa sala do tribunal, na semana passada, pouco antes de vencer o prazo para a apresentação da defesa prévia (segunda-feira, 3). Na defesa prévia, os advogados apresentam novas argumentações e indicam, inclusive, sua lista de testemunhas.
O juiz afirmou que o acesso foi permitido, que houve tempo suficiente e que a única solicitação negada foi a de fotografar os documentos.
Outro ponto abordado pela defesa foi o desmembramento do processo. Como essa etapa inicial só trata dos crimes supostamente cometidos por Cacciola, outros réus envolvidos nos mesmos crimes não estão sendo ouvidos em depoimento. As provas estariam espalhadas, e, segundo Fragoso,
isso prejudicaria o banqueiro, único réu preso e sujeito a um julgamento mais rápido.
Fragoso afirmou que "todo o processo está ocorrendo de forma irregular". Em tese, eles podem questionar no próprio TRF a realização da audiência desta quarta-feira.
Segundo os procuradores da República que acompanham o caso, a defesa teve total acesso aos documentos e depoimentos produzidos ao longo do processo. O material e todas as caixas de documentos estão disponíveis desde que a denúncia foi apresentada, em meados de junho.
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Cacciola perde advogados em 1ª audiência
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ISABEL CLEMENTE, da Sucursal do Rio
O banqueiro Salvatore Alberto Cacciola ficou sem seus advogados particulares, nesta quarta-feira (4), na primeira audiência de acusação do processo em que é investigado por supostos crimes praticados durante o socorro do Banco Central ao Marka, banco de sua propriedade.
A defesa alegou ter sido prejudicada pela falta de tempo para analisar todas as provas e documentos do processo, apesar de autorizada a levar o material para análise, porque tudo estaria empilhado e desorganizado numa sala da Justiça Federal do Rio.
Os advogados José Carlos Fragoso e Antônio Carlos Almeida Castro se recusaram a continuar com a audiência e pediram o adiamento da mesma.
O juiz da 6ª Vara Federal, Abel Gomes, negou o pedido e nomeou Tânia Mascarenhas, uma assistente jurídica do tribunal, para atuar como defensora pública de Cacciola. Ao ouvir a decisão do juiz, Cacciola deu um sorriso. Fragoso ainda tentou argumentar em pé, próximo ao juiz, sem sucesso. Na saída, disse: "Não posso fazer a audiência se desconheço inteiramente o que está no processo". Afirmou ainda que o prazo dado pelo juiz (dez dias) para a defesa prévia (por escrito) ainda estava correndo.
O juiz classificou a movimentação dos advogados do banqueiro como "uma estratégia defensiva válida", mas argumentou que o processo de um réu preso não pode sofrer atrasos. Disse também que as fitas produzidas por escuta telefônica autorizada nada teriam a ver com os depoimentos de ontem, tomados pela Polícia Federal.
Antes de deixar a sala de audiências, Castro desejou "boa sorte" ao seu cliente, que completa um mês de prisão amanhã. A audiência foi interrompida por uma hora para a defensora examinar os autos (dois volumes de 300 páginas, porque o processo tem mais de 3.000 páginas).
Após o recesso, a defensora e seu auxiliar pediram mais uma hora para analisar o material, dada a complexidade do caso. Cacciola demonstrava impaciência.
A defesa tentou desqualificar a audiência desta quarta-feira de várias formas. Os advogados questionaram a competência jurídica do Tribunal Federal do Rio, já que há processos anteriores no Distrito Federal. Eles solicitam que tudo corra em Brasília.
Para o juiz, o mesmo que condenou Cacciola em outro processo por crimes contra o Sistema Financeiro, não há relação entre os processos porque os do Distrito Federal são da alçada cível, e o do Rio, da criminal.
Os advogados também alegaram que os procuradores da República, autores das denúncias, estariam ferindo o princípio do "promotor natural" quando a competência é determinada sem indicações. Solicitaram ainda a organização das provas documentais para que elas se tornem "acessíveis". Segundo Fragoso, eles só tiveram conhecimento do material guardado numa sala do tribunal, na semana passada, pouco antes de vencer o prazo para a apresentação da defesa prévia (segunda-feira, 3). Na defesa prévia, os advogados apresentam novas argumentações e indicam, inclusive, sua lista de testemunhas.
O juiz afirmou que o acesso foi permitido, que houve tempo suficiente e que a única solicitação negada foi a de fotografar os documentos.
Outro ponto abordado pela defesa foi o desmembramento do processo. Como essa etapa inicial só trata dos crimes supostamente cometidos por Cacciola, outros réus envolvidos nos mesmos crimes não estão sendo ouvidos em depoimento. As provas estariam espalhadas, e, segundo Fragoso,
isso prejudicaria o banqueiro, único réu preso e sujeito a um julgamento mais rápido.
Fragoso afirmou que "todo o processo está ocorrendo de forma irregular". Em tese, eles podem questionar no próprio TRF a realização da audiência desta quarta-feira.
Segundo os procuradores da República que acompanham o caso, a defesa teve total acesso aos documentos e depoimentos produzidos ao longo do processo. O material e todas as caixas de documentos estão disponíveis desde que a denúncia foi apresentada, em meados de junho.
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