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30/10/2001 - 21h40

Impor políticas unilateralmente é tão grave como o terrorismo, diz FHC

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FÁBIO PORTELA
da Folha Online

Mesmo sem citar diretamente os Estados Unidos, o presidente Fernando Henrique Cardoso fez hoje duras críticas à política externa norte-americana durante pronunciamento na Assembléia Nacional francesa. FHC foi aplaudido diversas vezes pelos cerca de 500 deputados que ouviram a sua exposição.

O presidente disse que o terrorismo deve ser combatido, mas lembrou que não se pode deixar de analisar as causas da insatisfação que atinge diversas populações do mundo e viabiliza o surgimento de organizações como a Al Qaeda, liderada por Osama bin Laden. "A barbárie não é somente a covardia do terrorismo, mas também a intolerância ou a imposição de políticas unilaterais em escala planetária."

Sobre o conflito entre judeus e palestinos no Oriente Médio, FHC diz que é necessário encontrar uma solução justa e duradoura para as divergências entre os dois povos. Ele voltou a defender de forma contundente a criação de um Estado Palestino, em coexistência com Israel.

"Assim como apoiou em 1948 a criação do Estado de Israel, o Brasil hoje reclama passos concretos para a constituição de um Estado Palestino democrático, coeso e economicamente viável. O direito à autodeterminação do povo palestino e o respeito à existência de Israel como Estado soberano, livre e seguro são essenciais para que o Oriente Médio possa reconstruir seu futuro em paz", afirmou.

Fernando Henrique também pediu um novo reordenamento político internacional, lembrando que uma reorganização da estrutura da Organização das Nações Unidas seria fundamental para viabilizar decisões mais democráticas sobre problemas que atingem todo o planeta. "As instituições da governança internacional foram concebidas para reger o mundo da Guerra Fria. É chegado o momento de atualizar essas instituições às circunstâncias do século 21."

Fernando Henrique também recebeu aplausos dos parlamentares franceses ao afirmar que já é hora de as nações adotarem mecanismos para impor limites aos abusos decorrentes do fluxo de capitais especulativos, que prejudicam as economias, principalmente dos países em desenvolvimento, por estarem comprometidos apenas com o lucro, e não com a geração de emprego ou renda.

"Se o mercado é o instrumento mais eficiente para a geração de riqueza, é preciso impor limites às suas distorções e abusos. Ousemos, se necessário, tributar o movimento dos capitais para assegurar a liquidez às economias emergentes e recursos para combater a pobreza, a fome e as doenças nos países mais carentes", disse FHC.

Fernando Henrique foi o primeiro líder latino-americano convidado a expor seus pensamentos na Assembléia francesa, privilégio conferido apenas a um grupo seleto de dirigentes estrangeiros, como o primeiro-ministro inglês Tony Blair; o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton; o primeiro-ministro da Alemanha, Gerard Schröder, e o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.

Durante o coquetel oferecido em seguida ao pronunciamento, Fernando Henrique voltou a falar rapidamente sobre a necessidade de haver uma nova postura dos Estados Unidos em relação aos problemas mundiais, principalmente depois dos ataques terroristas de 11 de setembro. "É uma revisão que todo o mundo está fazendo, eles também têm de fazer esta revisão", observou.

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