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31/10/2001
-
10h33
LÉO GERCHMANN
MÁRIO MAGALHÃES
da Agência Folha, em Porto Alegre
Guerrilheiro treinado em Cuba, dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), um dos supostos autores da explosão na qual morreu um soldado do 2º Exército em 1968, preso libertado no sequestro do cônsul japonês em São Paulo em 1970, aprendiz que dominou o idioma flamengo em poucos meses de estudo, executivo do Ministério do Planejamento da Guiné-Bissau e um dos inspiradores do MSTur, programa de turismo em acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Eis um possível currículo do economista Diógenes José Carvalho de Oliveira, 58, que em 1999 orientou o chefe de Polícia Civil a não reprimir o jogo do bicho, na condição de colaborador do governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT).
Oliveira nasceu em Júlio de Castilhos (RS). Tornou-se militante de esquerda na adolescência. Depois da instauração do regime militar, em 1964, esteve em Cuba para aprender guerrilha.
Em 1968, foi um dos fundadores da organização armada VPR, uma das principais do combate ao governo militar (1964-85).
Documentos do CIE (Centro de Informações do Exército) apontam Oliveira como um dos participantes do atentado ao quartel-general do 2º Exército, em São Paulo, quando morreu o soldado Mário Kosel Filho. Ex-companheiros confirmam.
Preso em 1969, foi severamente torturado, conforme numerosos testemunhos. Conseguiu ser solto quando o cônsul do Japão em São Paulo, Nobuo Okuchi, foi sequestrado em março de 1970 por um comando da VPR.
O objetivo do sequestro era libertar o militante Shizuo Ozawa, o Mário Japa, preso ao se acidentar de carro dias antes. Ozawa guardava o segredo da localização da área, no vale do Ribeira, sul do Estado de São Paulo, onde o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca montava um foco de oposição armada.
Na lista de cinco presos cuja libertação foi exigida em troca do cônsul, foi incluído um certo "Toledo", cujo verdadeiro nome de guerra era "Oliveira" e nem tinha sido preso. Foi substituído por Diógenes, antes fora da relação.
Amigo de Lamarca, que viria a morrer em 1971, Oliveira foi para o exílio. Morando na Bélgica, cursou economia na Universidade de Louvain. "Ele era tão determinado que em menos de um ano falava fluentemente flamengo, a língua da região. Dava palestras em flamengo", diz o hoje jornalista Shizuo Ozawa, 56.
Então casado com a ex-guerrilheira Dulce Maia, Oliveira mudou-se para a recém-independente Guiné-Bissau (África) e lá integrou a cúpula do Ministério do Planejamento.
Voltou ao Brasil nos anos 80 e entrou no PT. Como secretário dos Transportes de Porto Alegre na gestão de Olívio Dutra (1989-92), ganhou fama ao disciplinar o trânsito da cidade. Depois, abriu um agência de turismo, fundou o Clube de Seguros da Cidadania e intermediou contatos do partido com empresários. Procurado ontem, Oliveira não foi encontrado.
Economista do PT-RS foi guerrilheiro, torturado e exilado
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MÁRIO MAGALHÃES
da Agência Folha, em Porto Alegre
Guerrilheiro treinado em Cuba, dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), um dos supostos autores da explosão na qual morreu um soldado do 2º Exército em 1968, preso libertado no sequestro do cônsul japonês em São Paulo em 1970, aprendiz que dominou o idioma flamengo em poucos meses de estudo, executivo do Ministério do Planejamento da Guiné-Bissau e um dos inspiradores do MSTur, programa de turismo em acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Eis um possível currículo do economista Diógenes José Carvalho de Oliveira, 58, que em 1999 orientou o chefe de Polícia Civil a não reprimir o jogo do bicho, na condição de colaborador do governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT).
Oliveira nasceu em Júlio de Castilhos (RS). Tornou-se militante de esquerda na adolescência. Depois da instauração do regime militar, em 1964, esteve em Cuba para aprender guerrilha.
Em 1968, foi um dos fundadores da organização armada VPR, uma das principais do combate ao governo militar (1964-85).
Documentos do CIE (Centro de Informações do Exército) apontam Oliveira como um dos participantes do atentado ao quartel-general do 2º Exército, em São Paulo, quando morreu o soldado Mário Kosel Filho. Ex-companheiros confirmam.
Preso em 1969, foi severamente torturado, conforme numerosos testemunhos. Conseguiu ser solto quando o cônsul do Japão em São Paulo, Nobuo Okuchi, foi sequestrado em março de 1970 por um comando da VPR.
O objetivo do sequestro era libertar o militante Shizuo Ozawa, o Mário Japa, preso ao se acidentar de carro dias antes. Ozawa guardava o segredo da localização da área, no vale do Ribeira, sul do Estado de São Paulo, onde o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca montava um foco de oposição armada.
Na lista de cinco presos cuja libertação foi exigida em troca do cônsul, foi incluído um certo "Toledo", cujo verdadeiro nome de guerra era "Oliveira" e nem tinha sido preso. Foi substituído por Diógenes, antes fora da relação.
Amigo de Lamarca, que viria a morrer em 1971, Oliveira foi para o exílio. Morando na Bélgica, cursou economia na Universidade de Louvain. "Ele era tão determinado que em menos de um ano falava fluentemente flamengo, a língua da região. Dava palestras em flamengo", diz o hoje jornalista Shizuo Ozawa, 56.
Então casado com a ex-guerrilheira Dulce Maia, Oliveira mudou-se para a recém-independente Guiné-Bissau (África) e lá integrou a cúpula do Ministério do Planejamento.
Voltou ao Brasil nos anos 80 e entrou no PT. Como secretário dos Transportes de Porto Alegre na gestão de Olívio Dutra (1989-92), ganhou fama ao disciplinar o trânsito da cidade. Depois, abriu um agência de turismo, fundou o Clube de Seguros da Cidadania e intermediou contatos do partido com empresários. Procurado ontem, Oliveira não foi encontrado.
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