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25/11/2001
-
07h10
FERNANDO DE BARROS E SILVA
da Folha de S.Paulo
Acostumado desde sempre a ser a noiva do poder, o PFL se vê diante da circunstância inusitada de ter um de seus quadros -e justamente a sua noivinha- disputando a Presidência em 2002.
Pensada como um balão de ensaio para cacifar o partido dentro do consórcio do poder no jogo sucessório, a candidatura Roseana Sarney inflou mais e mais rápido até mesmo do que Jorge Bornhausen, presidente do PFL e seu maior artífice, imaginava.
A direita descobriu, afinal, uma candidata competitiva. Cria instantânea da TV e filha de uma das mais influentes oligarquias do país, a pré-candidata maranhense difere do fenômeno Collor num ponto fundamental: pertence a um partido estruturado, que se profissionalizou e ganhou organicidade ao longo da era FHC.
A queda de ACM acabou contribuindo para dar maior coesão ao PFL, hoje um modelo de unidade invejado pelas facções que se digladiam no PSDB e no PMDB.
A pouco mais de dez meses da eleição, a foto da sucessão que o Datafolha estampa hoje deve ser observada com a prudência que a dinâmica política exige.
Mas, consideradas as ressalvas, a ascensão de Roseana, o fortalecimento de Serra no PSDB e as rasteiras que o PMDB governista (ou golpista) vai aplicando em capítulos contra Itamar desenham um novo xadrez para 2002.
Tornou-se plausível supor que a tríplice aliança de FHC vá chegar rachada às eleições: de um lado, Roseana; do outro, Serra com o PMDB, tendo o governador Jarbas Vasconcelos (PE) como vice. Esse é há muito o sonho do ministro.
E é provável que Tasso, engasgado com o preferido de FHC, lidere uma dissidência branca no PSDB em apoio ao PFL ou a Ciro.
Sem estrutura partidária, este último começa a afundar no seu voluntarismo; e o populismo midiático-messiânico de Garotinho (PSB) segue sendo uma opção de poder pouco provável.
Diante disso, Roseana, pela direita, e Serra, pelo centro, parecem reunir mais condições para disputar o direito de enfrentar Lula num eventual segundo turno.
Mais do que isso, Roseana passa a representar desde já a promessa de uma aposta dobrada na política liberal de Malan. Basta ler a entrevista que a Folha publica hoje com o economista Michal Gartenkraut, guru da governadora.
Tido como esgotado no próprio tucanato, o malanismo volta exibir fôlego de sete gatos na figura de Roseana, capaz de aglutinar uma parcela do empresariado que se sente desassistida pelo discurso e pelo estilo de Serra. A direita, enfim, começa a se reorganizar. E não é à toa que Delfim Netto veja na musa do Maranhão o sonho renovado da velha Arena.
Análise: A candidata da direita
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da Folha de S.Paulo
Acostumado desde sempre a ser a noiva do poder, o PFL se vê diante da circunstância inusitada de ter um de seus quadros -e justamente a sua noivinha- disputando a Presidência em 2002.
Pensada como um balão de ensaio para cacifar o partido dentro do consórcio do poder no jogo sucessório, a candidatura Roseana Sarney inflou mais e mais rápido até mesmo do que Jorge Bornhausen, presidente do PFL e seu maior artífice, imaginava.
A direita descobriu, afinal, uma candidata competitiva. Cria instantânea da TV e filha de uma das mais influentes oligarquias do país, a pré-candidata maranhense difere do fenômeno Collor num ponto fundamental: pertence a um partido estruturado, que se profissionalizou e ganhou organicidade ao longo da era FHC.
A queda de ACM acabou contribuindo para dar maior coesão ao PFL, hoje um modelo de unidade invejado pelas facções que se digladiam no PSDB e no PMDB.
A pouco mais de dez meses da eleição, a foto da sucessão que o Datafolha estampa hoje deve ser observada com a prudência que a dinâmica política exige.
Mas, consideradas as ressalvas, a ascensão de Roseana, o fortalecimento de Serra no PSDB e as rasteiras que o PMDB governista (ou golpista) vai aplicando em capítulos contra Itamar desenham um novo xadrez para 2002.
Tornou-se plausível supor que a tríplice aliança de FHC vá chegar rachada às eleições: de um lado, Roseana; do outro, Serra com o PMDB, tendo o governador Jarbas Vasconcelos (PE) como vice. Esse é há muito o sonho do ministro.
E é provável que Tasso, engasgado com o preferido de FHC, lidere uma dissidência branca no PSDB em apoio ao PFL ou a Ciro.
Sem estrutura partidária, este último começa a afundar no seu voluntarismo; e o populismo midiático-messiânico de Garotinho (PSB) segue sendo uma opção de poder pouco provável.
Diante disso, Roseana, pela direita, e Serra, pelo centro, parecem reunir mais condições para disputar o direito de enfrentar Lula num eventual segundo turno.
Mais do que isso, Roseana passa a representar desde já a promessa de uma aposta dobrada na política liberal de Malan. Basta ler a entrevista que a Folha publica hoje com o economista Michal Gartenkraut, guru da governadora.
Tido como esgotado no próprio tucanato, o malanismo volta exibir fôlego de sete gatos na figura de Roseana, capaz de aglutinar uma parcela do empresariado que se sente desassistida pelo discurso e pelo estilo de Serra. A direita, enfim, começa a se reorganizar. E não é à toa que Delfim Netto veja na musa do Maranhão o sonho renovado da velha Arena.
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