Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/12/2001 - 06h36

Reação interna à "operação Serra" amplia crise no PSDB

Publicidade

KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA

da Folha de S.Paulo, em Brasília

O governador do Ceará, Tasso Jereissati, e o presidente nacional do PSDB, José Aníbal (SP), saíram a campo para minar a nomeação de João Roberto Vieira da Costa para a Secretaria de Comunicação do Governo. Vieira da Costa, conhecido como Bob, é um dos principais assessores do
ministro José Serra (Saúde), que disputa com Tasso a vaga tucana a 2002.


16.out.01 - Sérgio Lima/ Folha Imagem
O ministro da Saúde, José Serra (PSDB)
Apesar da manobra, a tendência do presidente Fernando Henrique Cardoso é
mesmo nomear Bob para substituir Andrea Matarazzo, designado para a Embaixada do Brasil em Roma, na Secretaria de Comunicação do Governo.
Além de Serra, a indicação de Bob tem o aval de Matarazzo, do ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, e do publicitário Nizan Guanaes, que presta assessoria informal a FHC e deve assumir a campanha tucana em 2002.

O veto de Tasso e Aníbal agrava a guerra interna no PSDB e deixa FHC numa situação incômoda. O grupo contra Bob defende para o cargo o tucano José Abrão, ex-deputado e secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que teria trânsito nas diversas correntes do partido. A Secretaria de Comunicação controla verba de publicidade e a propaganda do governo.

FHC já fez o convite a Bob, que chegou anteontem a se despedir de sua equipe no Ministério da Saúde, onde comanda a assessoria de comunicação de Serra.

Bob deveria ter assumido ontem, mas o Palácio do Planalto suspendeu temporariamente a nomeação. A confirmação estaria prevista para a próxima segunda-feira. Matarazzo deve viajar na quarta-feira para Roma.

Politicamente, o eventual recuo de FHC na nomeação seria desastroso. O presidente teria a autoridade questionada e seria levado a interromper uma operação que desencadeou para abrir caminho para Serra na disputa tucana pela candidatura presidencial.

Outro nome ligado a Serra, o economista Andrea Clalabi, estava cotado para assumir a presidência do BNDES em substituição a Francisco Gros, que foi presidir a Petrobras. Ontem, porém, foi confirmado para o cargo Eleazar de Carvalho, que já atuava como diretor do banco.

Além de enfrentar a oposição de tassistas e resistências dentro do próprio BNDES, que já presidiu, Calabi estaria com problemas de saúde e acabou saindo da disputa.

Caso se confirme, a indicação de Bob tem a simbologia de tornar público o que o presidente só admite reservadamente: Serra é o seu preferido para 2002.

A Folha apurou que José Aníbal julga inconveniente a escolha de Bob quando ele, Aníbal, faz esforços públicos para apaziguar a guerra interna no PSDB.

O ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral) ouviu de políticos ligados a Tasso que o governador não aceitaria passivamente a nomeação do auxiliar de Serra. Virgílio levou a mensagem a FHC.

O próprio Virgílio veria inabilidade política na escolha de Bob, mas seguirá a decisão do presidente. Aníbal e Virgílio são tidos no PSDB como tassistas.

Tasso, que retorna hoje ao Brasil de uma viagem aos EUA, tem se queixado repetidamente de que "existe desigualdade" em sua disputa com Serra.
Recentemente, o governador disse à Folha que FHC deu "um arsenal formidável ao Serra, parecido com o dos americanos contra o Afeganistão". O próprio Tasso avalia que Serra é o preferido de FHC e que o ministro é "dono do segundo escalão do governo".

Na terça, FHC e Serra almoçaram juntos e traçaram a estratégia que prevaleceu na reunião da Executiva do PSDB, segundo a qual o partido fará uma pré-convenção após o Carnaval. Tasso preferia realizá-la só em março.

Veja também:
  • Secretário transmite elogio de Itamar a ministro

  • Justiça condena FHC por uso do Exército


  • Leia mais no especial Eleições 2002
     

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade