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07/12/2001
-
07h50
ELVIRA LOBATO
enviada especial ao Maranhão
EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha
A Polícia Federal prendeu anteontem em Manaus o chinês naturalizado brasileiro Chhai Kwo Chheng, 43, que foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal sob acusação de estelionato, fraude e formação de quadrilha. Ele era responsável pela instalação de um pólo de confecção no Maranhão, que contou com recursos do Banco Mundial, que eram repassados a cooperativas e tinham supervisão do governo de Roseana Sarney (PFL).
O Pólo Industrial de Confecções de Rosário (a 70 quilômetros de São Luís) começou a ser implantado em 1995, no primeiro governo de Roseana, e foi inaugurado em dezembro do ano seguinte pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A governadora chegou a enviar representantes do Estado a Taiwan para discutir o projeto e reuniu os moradores de Rosário para estimulá-los a participar do empreendimento. Chheng tinha ligações políticas e até se candidatou ao Senado.
Hoje a governadora sustenta que, apesar dos problemas, o projeto foi muito positivo para a região de Rosário. Ela já defendeu punição, caso Chheng "deva".
O procurador da República que acompanhou a investigação do caso em São Luís, Nicolau Dino Costa Neto, denunciou mais oito pessoas por suposta co-participação na fraude e por supostos crimes contra o sistema financeiro. Entre elas, estão o ex-superintendente regional do Banco do Nordeste Adalberto Felinto Júnior e o ex-gerente do mesmo banco Moisés Bernardo de Oliveira. Dois empresários foram também indiciados no inquérito.
Segundo o procurador, o projeto consumiu R$ 7,5 milhões, em valores da época. Parte do dinheiro (R$ 4,05 milhões) foi repassada, a fundo perdido, pelo Banco Mundial, sob fiscalização do governo do Estado, e R$ 3,145 milhões foram financiados pelo Banco do Nordeste.
O protocolo de intenções assinado entre o governo do Estado e Chhai Kwo Chheng, em abril de 95, previa a criação de 4.300 empregos, em regime de cooperativa, e a produção de 15 milhões de camisas por ano destinadas à exportação. Chheng prometeu colocar a produção do pólo no mercado internacional.
Para receber o dinheiro do Banco Mundial e os empréstimos do Banco do Nordeste foram criadas 90 associações, cada uma com 40 pessoas, que participariam da cooperativa. Os presidentes da associações foram avalistas nos empréstimos no Banco do Nordeste e o dinheiro foi usado para a compra de máquinas de costura, fornecidas por Chhai Kwo Chheng.
Segundo o procurador Nicolau Dino, houve fraude na licitação para a compra das máquinas, que teriam sido adquiridas também a preços superfaturados. Durante o inquérito da Polícia Federal, foi quebrado o sigilo bancário e fiscal de vários acusados e, segundo o procurador, ficou provado que o dinheiro dos empréstimos foi parar nas mãos de Chheng, que abandonou o empreendimento depois de sua inauguração.
O procurador diz que o inquérito comprovou também que os presidentes das 90 associações -a maioria semi-analfabetos- assinaram cheques em branco, o que permitiu ao empresário se apoderar do dinheiro liberado para as entidades.
Segundo Dino, os presidentes das entidades também desconheciam que eram avalistas dos empréstimos no Banco do Nordeste e hoje são devedores do banco.
O pólo de Rosário foi readaptado depois que Chheng o abandonou. Em vez de produzir camisas para exportação, os trabalhadores atendem encomendas de empresas de confecção sediadas em São Paulo. No momento, estão costurando fardas para o Exército e pequenos bichos de pelúcia.
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enviada especial ao Maranhão
EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha
A Polícia Federal prendeu anteontem em Manaus o chinês naturalizado brasileiro Chhai Kwo Chheng, 43, que foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal sob acusação de estelionato, fraude e formação de quadrilha. Ele era responsável pela instalação de um pólo de confecção no Maranhão, que contou com recursos do Banco Mundial, que eram repassados a cooperativas e tinham supervisão do governo de Roseana Sarney (PFL).
O Pólo Industrial de Confecções de Rosário (a 70 quilômetros de São Luís) começou a ser implantado em 1995, no primeiro governo de Roseana, e foi inaugurado em dezembro do ano seguinte pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A governadora chegou a enviar representantes do Estado a Taiwan para discutir o projeto e reuniu os moradores de Rosário para estimulá-los a participar do empreendimento. Chheng tinha ligações políticas e até se candidatou ao Senado.
Hoje a governadora sustenta que, apesar dos problemas, o projeto foi muito positivo para a região de Rosário. Ela já defendeu punição, caso Chheng "deva".
O procurador da República que acompanhou a investigação do caso em São Luís, Nicolau Dino Costa Neto, denunciou mais oito pessoas por suposta co-participação na fraude e por supostos crimes contra o sistema financeiro. Entre elas, estão o ex-superintendente regional do Banco do Nordeste Adalberto Felinto Júnior e o ex-gerente do mesmo banco Moisés Bernardo de Oliveira. Dois empresários foram também indiciados no inquérito.
Segundo o procurador, o projeto consumiu R$ 7,5 milhões, em valores da época. Parte do dinheiro (R$ 4,05 milhões) foi repassada, a fundo perdido, pelo Banco Mundial, sob fiscalização do governo do Estado, e R$ 3,145 milhões foram financiados pelo Banco do Nordeste.
O protocolo de intenções assinado entre o governo do Estado e Chhai Kwo Chheng, em abril de 95, previa a criação de 4.300 empregos, em regime de cooperativa, e a produção de 15 milhões de camisas por ano destinadas à exportação. Chheng prometeu colocar a produção do pólo no mercado internacional.
Para receber o dinheiro do Banco Mundial e os empréstimos do Banco do Nordeste foram criadas 90 associações, cada uma com 40 pessoas, que participariam da cooperativa. Os presidentes da associações foram avalistas nos empréstimos no Banco do Nordeste e o dinheiro foi usado para a compra de máquinas de costura, fornecidas por Chhai Kwo Chheng.
Segundo o procurador Nicolau Dino, houve fraude na licitação para a compra das máquinas, que teriam sido adquiridas também a preços superfaturados. Durante o inquérito da Polícia Federal, foi quebrado o sigilo bancário e fiscal de vários acusados e, segundo o procurador, ficou provado que o dinheiro dos empréstimos foi parar nas mãos de Chheng, que abandonou o empreendimento depois de sua inauguração.
O procurador diz que o inquérito comprovou também que os presidentes das 90 associações -a maioria semi-analfabetos- assinaram cheques em branco, o que permitiu ao empresário se apoderar do dinheiro liberado para as entidades.
Segundo Dino, os presidentes das entidades também desconheciam que eram avalistas dos empréstimos no Banco do Nordeste e hoje são devedores do banco.
O pólo de Rosário foi readaptado depois que Chheng o abandonou. Em vez de produzir camisas para exportação, os trabalhadores atendem encomendas de empresas de confecção sediadas em São Paulo. No momento, estão costurando fardas para o Exército e pequenos bichos de pelúcia.
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