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05/01/2002 - 07h20

Serra tem até maio para provar que é viável

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RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Mesmo tendo vencido a disputa interna do PSDB, o ministro José Serra (Saúde) ainda terá de convencer os tucanos de que sua candidatura à Presidência é competitiva, antes de ser formalmente indicado em convenção a ser realizada no final de junho.

No dia 23 de fevereiro, o PSDB o lançará como pré-candidato. Daí até maio é o prazo que ele tem para atingir cerca de 15% das intenções de votos nas pesquisas e afastar de vez as desconfianças sobre sua viabilidade eleitoral.

Oficialmente, os tucanos dizem que Serra será lançado sem a obrigação de crescer logo nas pesquisas. "É irreversível. O PSDB terá candidato e o candidato é ele", diz o presidente do partido, José Aníbal (SP). O próprio Serra trabalha com o horizonte de julho. Mas, à exceção de seus aliados mais fiéis, nos bastidores a conversa é outra.

A avaliação é que Serra precisa chegar até maio com pelo menos 15% nas pesquisas. "Se tiver 12%, passará a ser contestado", diz um tucano situado no centro das discussões internas do PSDB e do governo sobre sucessão.

Neste caso, os tucanos voltariam a estimular outras opções. O nome do governador do Ceará, Tasso Jereissati, é considerado carta fora do baralho, e Geraldo Alckmin (SP) insiste em disputar a reeleição em São Paulo. Mas Aécio Neves (MG), presidente da Câmara, é uma opção real.

O deputado mineiro disfarça, diz que não é candidato a presidente e que assumirá integralmente a campanha de Serra. "Ninguém fará corpo mole", diz. Mas o fato é que Aécio trabalha também em tempo integral para se manter como uma alternativa viável dentro do PSDB.

É nesse contexto que deve ser entendido o esforço de Aécio para dar o máximo de visibilidade às iniciativas que patrocinou com sucesso na presidência da Câmara. Exemplos: a regulamentação da edição de medidas provisórias, o fim da imunidade parlamentar, os acordos que permitiram a correção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) e a aprovação do salário mínimo de R$ 200. Mas Aécio também não descuida da costura interna.

Após Tasso desistir de concorrer, ele tornou-se um dos mais assíduos interlocutores do governador cearense. Também passou a conversar mais frequentemente com a governadora Roseana Sarney (PFL-MA), o nome do campo governista mais bem situado nas pesquisas. São contatos fundamentais para quem considera a hipótese de que pode vir a ser chamado para recompor a unidade tucana e a da aliança.

Serra passou as festas de fim de ano na França e volta a Brasília na segunda-feira. Deve assumir logo a condição de candidato. Mas, antes de deixar o ministério, pretende inaugurar um hospital da rede Sarah Kubitschek no Rio, lançar uma campanha antitabagista e, se der tempo, regularizar a situação trabalhista de cerca de cem agentes comunitários de saúde.

Após ser formalizado pré-candidato na convenção de fevereiro, Serra será a estrela do programa de TV do PSDB, em março, parte do esforço tucano para fazer sua candidatura crescer nas pesquisas. Mas o próprio Serra sente-se desobrigado de dar uma resposta imediata nas pesquisas.

Ele julga que há muita ansiedade no ar e que o prazo para exigir respostas é após a Copa. Serra procura não demonstrar ansiedade nem com o lançamento de Roseana pelo PFL, o que considera um fato fora do controle dos tucanos. Neste caso, disse a interlocutores, "o PSDB vai com um candidato e eles vão com outro".
 

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