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07/01/2002 - 18h07

MST ocupa fazenda no Maranhão e anuncia onda de invasões

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EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) do Maranhão começou no final de semana sua campanha contra a política agrária implantada pelo governo da presidenciável Roseana Sarney (PFL). Ontem, cerca de 300 sem-terra invadiram a fazenda Cantanhede, em Miranda do Norte (150 km de São Luís).

A coordenação do MST no Estado declarou que a invasão foi apenas a primeira de uma série. "Vamos, com certeza, retomar as ocupações em todo o Maranhão", declarou Jonas Borges, da coordenação estadual do movimento.

Segundo as polícias Civil e Militar da cidade (localizada a 150 km de São Luís), os integrantes do MST estão armados com espingardas, foices e enxadas. A fazenda não está acessível por carro. A única ponte, de madeira, teria sido derrubada pelos sem-terra.

Os integrantes do MST estão isolados dentro da propriedade, e até esta tarde não havia ocorrido nenhum tipo de negociação. Não houve prisões nem confrontos. "Eles [os sem-terra] se recusam a conversar. Só ouvimos seus gritos de guerra", afirmou o tenente da PM Claudiomiro Aguiar.

A fazenda Cantanhede, de cerca de 2.000 hectares e localizada às margens da BR-135, foi vistoriada há 15 dias pelo Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária). O laudo _que indicará se ela é ou não improdutiva_ será finalizado até o final desta semana.

"Estávamos acampados na porta da fazenda desde maio passado. Não vamos aceitar que o Maranhão continue sendo o centro dos latifúndios do país. Enquanto o governo anuncia que no Estado não há problemas agrários, só o MST conta hoje com pelo menos mil famílias acampadas ao redor do Maranhão", afirmou.

Para Eurico Fernandes da Silva, presidente interino do Instituto de Colonização de Terras do Maranhão (órgão estatal), o governo maranhense não tem condições financeiras para comprar terras e entregá-las aos sem-terra.

"Como movimento social, o MST faz a parte dele e deve ser respeitado. Mas [os sem-terra] devem admitir que a violência no campo diminuiu muito nos últimos anos", declarou Fernandes da Silva.
De acordo com dados do Incra, no ano passado nenhum trabalhador rural morreu durante conflitos de terra.

Já segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra) do Maranhão, somente em 2001 pelo menos cinco trabalhadores rurais foram mortos durante confrontos agrários. Outros três assassinatos ainda estão sendo investigados pela comissão.
 

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