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08/01/2002
-
06h30
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A justificativa é administrativa, mas a razão é política para Roseana Sarney (PFL-MA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) faltarem à reunião de governadores do Nordeste hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Estão descontentes com a forma como FHC apóia a candidatura ao Palácio do Planalto do ministro da Saúde, o tucano José Serra.
Roseana e Tasso se sentem prejudicados por articulações do presidente a favor de Serra. A última, contra a governadora, foi uma tentativa de FHC de tirar o publicitário Nizan Guanaes da campanha da pefelista e levá-lo para a do ministro da Saúde.
A governadora enviará o seu vice, José Reinaldo, para a reunião em que os nove representantes dos governos do Nordeste discutirão o racionamento de energia com FHC. Tasso também mandará o vice, Beni Veras.
Por meio da assessoria, Roseana afirma ter compromissos no Maranhão e querer dar visibilidade política ao pefelista Reinaldo, o candidato dela ao governo do Maranhão neste ano.
Procurado por intermédio da assessoria de imprensa, Tasso não respondeu. Mas políticos ligados ao governador dizem que ele está contrariado com o presidente e que deseja deixar isso claro faltando à reunião.
Afastamento
Assim como Tasso, Roseana quer enviar o recado de insatisfação com FHC e, ao mesmo tempo, descolar-se do governo federal. Na avaliação de estrategistas da campanha da governadora, pode acabar sendo benéfico para ela reforçar o carimbo de que não é a candidata do presidente.
Até o momento, Roseana tem subido nas pesquisas se apresentando como alternativa não hostil a FHC, mas que representará correção de rumos. Já Serra, que sempre foi mais crítico da gestão presidencial do que o PFL de Roseana, poderá estar condenado a assumir um discurso fernandista a fim de tentar se viabilizar.
Na pesquisa Datafolha divulgada anteontem, Roseana teve 21% de intenção de voto no primeiro turno. Serra ficou com 7%. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuou liderando, com 30%. Mais: pela primeira vez no Datafolha, ela apareceu derrotando o PT na simulação de segundo turno.
"Atraso"
Roseana e Tasso começaram a se incomodar com a atuação de FHC no final de novembro, quando a Folha trouxe reportagem informando que, em conversas reservadas, o presidente avaliava que nenhum dos dois tinha o preparo de Serra para sucedê-lo e que ele articulava intensamente a favor do ministro.
O presidente julga os dois representantes de oligarquias nordestinas atrasadas. Chega a ver maior dificuldade para Roseana do que para Serra quando o tema é denúncia de campanha.
Na época, por pressão de aliados de Tasso, FHC negou ter classificado o governador de "coronel moderno", mas não falou nada de Roseana. Ela registrou a omissão, e Tasso não acreditou na negativa via porta-voz.
O governadora do Ceará, que desistiu de disputar no PSDB contra Serra, tem defendido publicamente que os tucanos não podem descartar uma eventual aliança com Roseana, o que enfraquece o ministro da Saúde. Serra está empenhado em reunir apoio no seu próprio partido para tentar superar a presidenciável pefelista e fazer aliança com o PMDB.
O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também faltará à reunião de hoje, data em que viajará para os Estados Unidos. A ausência de Jarbas, porém, não faz parte do boicote de Roseana e Tasso. Ele é defensor de Serra, de quem pode ser vice.
Veja também:
Serra parte para a disputa pela candidatura governista
PFL mostrará projetos sociais da governadora
Leia mais no especial Eleições 2002
Apoio de FHC a Serra faz Roseana e Tasso faltarem a reunião
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
A justificativa é administrativa, mas a razão é política para Roseana Sarney (PFL-MA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) faltarem à reunião de governadores do Nordeste hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Estão descontentes com a forma como FHC apóia a candidatura ao Palácio do Planalto do ministro da Saúde, o tucano José Serra.
23.mar.01/ Folha Imagem |
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL) |
A governadora enviará o seu vice, José Reinaldo, para a reunião em que os nove representantes dos governos do Nordeste discutirão o racionamento de energia com FHC. Tasso também mandará o vice, Beni Veras.
Por meio da assessoria, Roseana afirma ter compromissos no Maranhão e querer dar visibilidade política ao pefelista Reinaldo, o candidato dela ao governo do Maranhão neste ano.
Procurado por intermédio da assessoria de imprensa, Tasso não respondeu. Mas políticos ligados ao governador dizem que ele está contrariado com o presidente e que deseja deixar isso claro faltando à reunião.
Jarbas Oliveira/FI |
Tasso Jereissati (PSDB-CE) |
Assim como Tasso, Roseana quer enviar o recado de insatisfação com FHC e, ao mesmo tempo, descolar-se do governo federal. Na avaliação de estrategistas da campanha da governadora, pode acabar sendo benéfico para ela reforçar o carimbo de que não é a candidata do presidente.
Até o momento, Roseana tem subido nas pesquisas se apresentando como alternativa não hostil a FHC, mas que representará correção de rumos. Já Serra, que sempre foi mais crítico da gestão presidencial do que o PFL de Roseana, poderá estar condenado a assumir um discurso fernandista a fim de tentar se viabilizar.
Na pesquisa Datafolha divulgada anteontem, Roseana teve 21% de intenção de voto no primeiro turno. Serra ficou com 7%. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuou liderando, com 30%. Mais: pela primeira vez no Datafolha, ela apareceu derrotando o PT na simulação de segundo turno.
"Atraso"
Roseana e Tasso começaram a se incomodar com a atuação de FHC no final de novembro, quando a Folha trouxe reportagem informando que, em conversas reservadas, o presidente avaliava que nenhum dos dois tinha o preparo de Serra para sucedê-lo e que ele articulava intensamente a favor do ministro.
O presidente julga os dois representantes de oligarquias nordestinas atrasadas. Chega a ver maior dificuldade para Roseana do que para Serra quando o tema é denúncia de campanha.
Na época, por pressão de aliados de Tasso, FHC negou ter classificado o governador de "coronel moderno", mas não falou nada de Roseana. Ela registrou a omissão, e Tasso não acreditou na negativa via porta-voz.
O governadora do Ceará, que desistiu de disputar no PSDB contra Serra, tem defendido publicamente que os tucanos não podem descartar uma eventual aliança com Roseana, o que enfraquece o ministro da Saúde. Serra está empenhado em reunir apoio no seu próprio partido para tentar superar a presidenciável pefelista e fazer aliança com o PMDB.
O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também faltará à reunião de hoje, data em que viajará para os Estados Unidos. A ausência de Jarbas, porém, não faz parte do boicote de Roseana e Tasso. Ele é defensor de Serra, de quem pode ser vice.
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