Publicidade
Publicidade
09/01/2002
-
06h33
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Sob críticas pesadas da cúpula do PMDB e confessando seu "atropelo" político, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, anunciou ontem o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência. Ele reconheceu que a candidatura não tem respaldo político nem apoio popular. "A estratégia é de minha inteira responsabilidade", disse Jungmann.
Seu objetivo número um é frear a ascensão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL-MA), como candidata da aliança governista. Mas sua estratégia não está de acordo com a tendência existente hoje no PMDB. "Estamos caminhando para o fim da aliança", afirmou Jungmann. "Daqui a pouco só vamos poder discutir quem vai ser o vice [da chapa liderada por Roseana]."
Para o pré-candidato, a base do governo precisa decidir se busca uma nova coalizão mais à esquerda ou se vai "se subordinar àquelas forças de corte liberal ou conservador" -opção que, segundo ele, não asseguraria a continuidade do projeto de FHC.
Jungmann disse desejar sucesso à governadora, mas em outra chapa, sem o apoio do PMDB. O ministro considera que sua posição é democrática e não desdenha o PFL como aliado, desde que não seja cabeça da chapa ao Planalto.
Apesar de não ter um plano de governo para sustentar sua pré-candidatura, Jungmann disse que o rumo pretendido pelo governo, de maior inclusão social, vai contra com o que considera ser o rumo de Roseana e do PFL, de menor participação do Estado.
"As pessoas expressam forças, expressam rumos. Aí eu descordo do rumo [da candidatura de Roseana]. Eu quero um Estado com mais regulação social. Eu não acho que o mercado resolve todas as falhas que existem. Eu quero efetivamente ampliar o volume de recursos disponíveis para a pobreza", disse.
O ministro espera uma disputa entre Roseana e outro candidato governista no segundo turno das eleições presidenciais, devido ao "estacionamento" do virtual candidato petista, Lula, em 30%.
Jungmann classificou de "armação" os rumores de que sua pré-candidatura fosse uma jogada do Palácio do Planalto, tanto para eliminar o nome de Itamar Franco, governador de Minas Gerais, da sucessão dentro do PMDB, como para avalizar seu nome como vice de José Serra, ministro da Saúde.
O senador gaúcho Pedro Simon, outro pré-candidato do PMDB à Presidência, considera o lançamento de Jungmann uma articulação do Planalto: "O governo está dando uma cartada a mais para minar a candidatura própria do PMDB e atrair o partido para diminuir a angústia provocada pelo crescimento de Roseana".
Simon disse que o governo lançou Jungmann porque esta parece ser a última chance de atrair o PMDB para vice na chapa de Serra. O senador aponta dois problemas na candidatura do ministro. O primeiro é o fato de Jungmann estar "fazendo o jogo do PSDB"; o outro ponto frágil seria o pouco tempo do ministro no partido. "É difícil um pára-quedista derrotar a mim e ao Itamar, que temos mais de 40 anos de MDB."
Jungmann foi elogiado ontem no Planalto pelo governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves, e pelo ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral).
Mas Garibaldi ressalvou que a candidatura do ministro do Desenvolvimento Agrário será "perigosa". "Isso desgasta ainda mais o partido e fica difícil articular alianças", afirmou. Para Virgílio, Jungmann "vai trombetear o que o governo tem feito".
Jungmann deve se encontrar hoje com FHC para discutir sua saída do ministério, que deve ser antes das convenções do PMDB. Por meio da sua assessoria, o presidente negou ter incentivado Jungmann a se pré-candidatar.
Colaboraram OTÁVIO CABRAL e RENATA GIRALDI
Leia mais:
Ex-socialista, Jugmann ganhou projeção no governo FHC
Cúpula do PMDB vê Jugmann como "laranja" da candidatura de Serra
Jungmann se diz candidato, mas é rechaçado pelo PMDB
Publicidade
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Sob críticas pesadas da cúpula do PMDB e confessando seu "atropelo" político, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, anunciou ontem o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência. Ele reconheceu que a candidatura não tem respaldo político nem apoio popular. "A estratégia é de minha inteira responsabilidade", disse Jungmann.
Seu objetivo número um é frear a ascensão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL-MA), como candidata da aliança governista. Mas sua estratégia não está de acordo com a tendência existente hoje no PMDB. "Estamos caminhando para o fim da aliança", afirmou Jungmann. "Daqui a pouco só vamos poder discutir quem vai ser o vice [da chapa liderada por Roseana]."
Para o pré-candidato, a base do governo precisa decidir se busca uma nova coalizão mais à esquerda ou se vai "se subordinar àquelas forças de corte liberal ou conservador" -opção que, segundo ele, não asseguraria a continuidade do projeto de FHC.
Jungmann disse desejar sucesso à governadora, mas em outra chapa, sem o apoio do PMDB. O ministro considera que sua posição é democrática e não desdenha o PFL como aliado, desde que não seja cabeça da chapa ao Planalto.
Apesar de não ter um plano de governo para sustentar sua pré-candidatura, Jungmann disse que o rumo pretendido pelo governo, de maior inclusão social, vai contra com o que considera ser o rumo de Roseana e do PFL, de menor participação do Estado.
"As pessoas expressam forças, expressam rumos. Aí eu descordo do rumo [da candidatura de Roseana]. Eu quero um Estado com mais regulação social. Eu não acho que o mercado resolve todas as falhas que existem. Eu quero efetivamente ampliar o volume de recursos disponíveis para a pobreza", disse.
O ministro espera uma disputa entre Roseana e outro candidato governista no segundo turno das eleições presidenciais, devido ao "estacionamento" do virtual candidato petista, Lula, em 30%.
Jungmann classificou de "armação" os rumores de que sua pré-candidatura fosse uma jogada do Palácio do Planalto, tanto para eliminar o nome de Itamar Franco, governador de Minas Gerais, da sucessão dentro do PMDB, como para avalizar seu nome como vice de José Serra, ministro da Saúde.
O senador gaúcho Pedro Simon, outro pré-candidato do PMDB à Presidência, considera o lançamento de Jungmann uma articulação do Planalto: "O governo está dando uma cartada a mais para minar a candidatura própria do PMDB e atrair o partido para diminuir a angústia provocada pelo crescimento de Roseana".
Simon disse que o governo lançou Jungmann porque esta parece ser a última chance de atrair o PMDB para vice na chapa de Serra. O senador aponta dois problemas na candidatura do ministro. O primeiro é o fato de Jungmann estar "fazendo o jogo do PSDB"; o outro ponto frágil seria o pouco tempo do ministro no partido. "É difícil um pára-quedista derrotar a mim e ao Itamar, que temos mais de 40 anos de MDB."
Jungmann foi elogiado ontem no Planalto pelo governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves, e pelo ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral).
Mas Garibaldi ressalvou que a candidatura do ministro do Desenvolvimento Agrário será "perigosa". "Isso desgasta ainda mais o partido e fica difícil articular alianças", afirmou. Para Virgílio, Jungmann "vai trombetear o que o governo tem feito".
Jungmann deve se encontrar hoje com FHC para discutir sua saída do ministério, que deve ser antes das convenções do PMDB. Por meio da sua assessoria, o presidente negou ter incentivado Jungmann a se pré-candidatar.
Leia mais:
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice