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24/01/2002 - 06h30

Roseana procura Serra para discutir candidatura única

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OTÁVIO CABRAL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), telefonou na tarde de ontem para o ministro da Saúde, José Serra (PSDB), e o convidou para discutir a possibilidade do lançamento de uma candidatura governista de consenso à Presidência da República ainda no primeiro turno.

O pré-candidato tucano aceitou o convite da presidenciável pefelista, e o encontro deve ocorrer na semana que vem, em Brasília. A iniciativa de Roseana surpreendeu Serra, que despachava no ministério quando recebeu o telefonema. Os dois conversaram por cerca de dez minutos. Marcaram de se falar novamente até amanhã para acertar a data do encontro.

"Sou amigo dela, não conversamos nada especificamente, só na semana quem vem", comentou o ministro à noite, confirmando o telefonema e o encontro.
A atitude de Roseana tem explicações. Em primeiro lugar, seu telefonema é uma reação do PFL à aproximação do PMDB na direção da candidatura Serra. O ministro trabalha para que o PMDB defina até o final de fevereiro o apoio aos tucanos. Em troca, o partido indicaria o vice da chapa e teria apoio do PSDB em eleições estaduais. Mesmo com Roseana bem à frente nas pesquisas, o PFL, pragmático como sempre, anteviu a possibilidade de ficar isolado no processo sucessório.

Ameaça petista
Em segundo lugar, o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, acendeu a luz vermelha entre os candidatos do campo governista. Luiz Inácio Lula da Silva, provável candidato do PT à Presidência, que estava de férias e distante da mídia, ganhou visibilidade com a tragédia. A possibilidade de que ele, que já lidera as pesquisas, saia da faixa em que está estacionado e cresça passou a ser considerada como uma ameaça real. Unido, o campo governista teria mais chances de derrotá-lo.

Roseana irá propor a Serra no encontro que a definição das chapas do campo governista ocorra apenas em maio, e não antes. Na ocasião, o candidato que estiver à frente das pesquisas terá o apoio dos outros partidos. Só então será definido o candidato a vice-presidente. Até lá, PSDB e PFL interromperiam as negociações com outros partidos. O PMDB poderia desistir agora da candidatura própria, mas deixaria para maio a definição de alianças.

Trata-se, evidentemente, de uma jogada política do PFL para conter tanto os lances de Serra como a ameaça de Lula. Além do PMDB, Roseana e Serra cortejam o PPB e o PTB. O primeiro lançou o ministro Pratini de Moraes (Agricultura) à Presidência, mas tem a intenção de apoiar o mais forte candidato governista. Os petebistas ainda estão com Ciro Gomes (PPS), mas ninguém no governo acredita que o apoio dure até o segundo semestre.

O PSDB, porém, não aceita que as pesquisas sejam o único critério para definir o candidato. O partido considera que Serra irá deslanchar apenas nas proximidades da eleição. Até junho, data limite para a definição das alianças, o PSDB acredita que Roseana deverá permanecer à frente na corrida eleitoral.

Os tucanos consideram ainda a candidatura própria como uma questão de honra para o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Não tem cabimento um presidente que governou o país por oito anos não ter candidato à sucessão. Seria uma derrota pessoal", avalia um dirigente tucano.

Trégua política
O cenário mais provável, portanto, é que, se Roseana mantiver o segundo lugar com uma grande distância em relação a José Serra, cada partido terá seu candidato e a aliança será possível apenas no segundo turno. Mas, se a disputa ficar embolada ou Serra chegar ao segundo lugar, poderá ter o apoio do PFL no primeiro turno.

Roseana também irá propor uma trégua até a definição da chapa. Com o argumento de que o inimigo comum dos governistas é o petista Lula, a pefelista tentará evitar outros ataques como os desferidos pelo prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas, fiel escudeiro de Serra, que afirmou que a governadora não tem preparo para ser presidente.

O ministro da Saúde também fez sua parte para aproximar-se da pefelista. No final de semana, telefonou para o ministro Sarney Filho (Meio Ambiente), irmão de Roseana. "O clima entre PFL e PSDB está menos tenso do que já esteve", diz Zequinha, como o ministro é mais conhecido. Para ele, se Roseana e Serra disputarem entre si no primeiro turno, nada impede que um apóie o outro na etapa seguinte.

A última vez que os dois presidenciáveis conversaram foi na noite de Natal. José Serra ligou para a casa da família Sarney, na praia do Calhau, em São Luís (MA), para cumprimentar o ex-presidente José Sarney, que se recuperava de uma crise de hipertensão. Roseana, que estava ao lado do pai, pegou o telefone e desejou boas festas ao ministro.

 

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