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26/01/2002
-
07h01
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Defensor da aliança do PMDB com o ministro José Serra (Saúde), o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), diz ser "oportunismo esperar" o pré-candidato tucano à Presidência "crescer nas pesquisas" para selar a união. "Ou se acredita no projeto e no candidato, ou não."
Para Geddel, se o PMDB se aliar a Serra enquanto ele estiver em baixa nas pesquisas, "mais força o partido terá no futuro governo, tornando-se um aliado preferencial de fato, não um aliado de segunda classe". Serra teve 7% na última pesquisa Datafolha, contra 21% da governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
Apesar de falar que suas "opiniões são pessoais", Geddel diz não estar em minoria no PMDB. Julga "mixuruca" a candidatura do senador Pedro Simon (RS), mas diz que a apoiará se vencer a tese de candidato próprio.
Fala que Simon "não tem autoridade" para criticá-lo porque não apoiou Orestes Quércia, candidato a presidente pelo PMDB em 94. "Fiquei com Quércia. Ele minou e bombardeou Quércia".
Em relação aos ataques do governador de Minas, Itamar Franco, diz: "O Itamar conversa com o PT, com o PPS, com o PDT. Quando conversei com o Serra, imaginei que estava agradando ao Itamar, que vive trocando telefonemas gentis com o Serra e dizendo que tudo pode acontecer. Aconteceu. Tô [sic] conversando com o Serra". A seguir, os principais trechos da entrevista.
Folha - Por que o sr. defende uma aliança com José Serra?
Geddel Vieira Lima - Porque as candidaturas do PMDB não obtiveram unidade interna nem perspectiva de aliança. Não empolgaram a opinião pública. São fracas, sem voto. Defendo que o PMDB converse com os candidatos que mostrem vontade de ter o PMDB como parceiro em um projeto bom para o Brasil. Quem tomou essa iniciativa foi o Serra, que já sinalizou para o presidente do partido que gostaria de ter o PMDB como parceiro de chapa.
Folha - O baixo percentual de Serra nas pesquisas não é obstáculo para o PMDB se aliar a ele?
Geddel - É oportunismo esperar o Serra crescer nas pesquisas para decidir se vou apoiá-lo. Não dá para discutir a Presidência assim. Ou se acredita no projeto e no candidato, ou não. O Serra teve a capacidade de unificar o seu partido, deseja fazer aliança e tem possibilidade de crescimento por representar um projeto que vem dando certo para o Brasil, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Folha - Em reunião com o ministro da Previdência, Roberto Brant (PFL), o sr. disse que fechar logo com o Serra dará mais força ao PMDB num eventual governo porque o apoio seria dado com ele em baixa nas pesquisas?
Geddel - Serra tem perspectiva de vitória no longo prazo, tem idéias, tem projeto. Quanto mais cedo o PMDB fechar com o melhor projeto para o Brasil, mais força o partido terá no futuro governo, tornando-se um aliado preferencial de fato, não um aliado de segunda classe.
Folha - O sr. descarta Roseana?
Geddel - Por mais respeito que tenha por Roseana, o PFL não é a minha praia. Acho muito difícil o PFL se tornar parceiro preferencial do PMDB. Mas, se o partido decidir apoiá-la, sigo o partido.
Folha - O presidente do partido, o deputado federal Michel Temer (SP), divulgou nota dizendo que as declarações do sr. são opiniões pessoais, não do partido. O sr. está em minoria na cúpula?
Geddel - O Michel me ligou para ler a nota. Eu sempre disse que minhas opiniões eram pessoais, mas converso com todos no partido e não creio estar em minoria. A nota de Michel é de Michel.
Folha - O senador Simon disse que o sr. está desrespeitando decisões da convenção do partido.
Geddel - Ele não tem autoridade para falar isso. Em 1994, mesmo a candidatura do ex-governador Orestes Quércia não tendo nenhuma perspectiva, fiquei com a candidatura. Simon, ao contrário, não deu apoio. Se prevalecer no partido a candidatura Simon, ainda que mixuruca, vou apoiá-la. É fácil para ele, com mais quatro anos de mandato no Senado, posar de candidato sem nenhuma chance de ganhar.
Folha - Por que não a candidatura Itamar, que está melhor nas pesquisas do que Serra?
Geddel - Se Itamar não conseguiu nem sequer unir o seu partido, não pode apresentar projeto capaz de conquistar a nação.
Folha - Por que não a candidatura do ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário)?
Geddel - É um bom moço, mas sem densidade interna no PMDB.
Folha - O que fazer com a prévia presidencial decidida na convenção do ano passado?
Geddel - Já houve um adiamento para 17 de março, com respaldo de Itamar e de Simon, o que contrariou a vontade da convenção, que queria prévia em 20 de janeiro. Se as pré-candidaturas continuarem postas sem unir o partido e sem apoio, podemos adiá-las ou cancelá-las. Se minha tese for vencida, lutarei para viabilizar a candidatura do partido.
Leia mais: Site especial das Eleições 2002
Para líder do PMDB, esperar "ibope" de Serra crescer é oportunismo
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Defensor da aliança do PMDB com o ministro José Serra (Saúde), o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), diz ser "oportunismo esperar" o pré-candidato tucano à Presidência "crescer nas pesquisas" para selar a união. "Ou se acredita no projeto e no candidato, ou não."
Para Geddel, se o PMDB se aliar a Serra enquanto ele estiver em baixa nas pesquisas, "mais força o partido terá no futuro governo, tornando-se um aliado preferencial de fato, não um aliado de segunda classe". Serra teve 7% na última pesquisa Datafolha, contra 21% da governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
Apesar de falar que suas "opiniões são pessoais", Geddel diz não estar em minoria no PMDB. Julga "mixuruca" a candidatura do senador Pedro Simon (RS), mas diz que a apoiará se vencer a tese de candidato próprio.
Fala que Simon "não tem autoridade" para criticá-lo porque não apoiou Orestes Quércia, candidato a presidente pelo PMDB em 94. "Fiquei com Quércia. Ele minou e bombardeou Quércia".
Em relação aos ataques do governador de Minas, Itamar Franco, diz: "O Itamar conversa com o PT, com o PPS, com o PDT. Quando conversei com o Serra, imaginei que estava agradando ao Itamar, que vive trocando telefonemas gentis com o Serra e dizendo que tudo pode acontecer. Aconteceu. Tô [sic] conversando com o Serra". A seguir, os principais trechos da entrevista.
Folha - Por que o sr. defende uma aliança com José Serra?
Geddel Vieira Lima - Porque as candidaturas do PMDB não obtiveram unidade interna nem perspectiva de aliança. Não empolgaram a opinião pública. São fracas, sem voto. Defendo que o PMDB converse com os candidatos que mostrem vontade de ter o PMDB como parceiro em um projeto bom para o Brasil. Quem tomou essa iniciativa foi o Serra, que já sinalizou para o presidente do partido que gostaria de ter o PMDB como parceiro de chapa.
Folha - O baixo percentual de Serra nas pesquisas não é obstáculo para o PMDB se aliar a ele?
Geddel - É oportunismo esperar o Serra crescer nas pesquisas para decidir se vou apoiá-lo. Não dá para discutir a Presidência assim. Ou se acredita no projeto e no candidato, ou não. O Serra teve a capacidade de unificar o seu partido, deseja fazer aliança e tem possibilidade de crescimento por representar um projeto que vem dando certo para o Brasil, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Folha - Em reunião com o ministro da Previdência, Roberto Brant (PFL), o sr. disse que fechar logo com o Serra dará mais força ao PMDB num eventual governo porque o apoio seria dado com ele em baixa nas pesquisas?
Geddel - Serra tem perspectiva de vitória no longo prazo, tem idéias, tem projeto. Quanto mais cedo o PMDB fechar com o melhor projeto para o Brasil, mais força o partido terá no futuro governo, tornando-se um aliado preferencial de fato, não um aliado de segunda classe.
Folha - O sr. descarta Roseana?
Geddel - Por mais respeito que tenha por Roseana, o PFL não é a minha praia. Acho muito difícil o PFL se tornar parceiro preferencial do PMDB. Mas, se o partido decidir apoiá-la, sigo o partido.
Folha - O presidente do partido, o deputado federal Michel Temer (SP), divulgou nota dizendo que as declarações do sr. são opiniões pessoais, não do partido. O sr. está em minoria na cúpula?
Geddel - O Michel me ligou para ler a nota. Eu sempre disse que minhas opiniões eram pessoais, mas converso com todos no partido e não creio estar em minoria. A nota de Michel é de Michel.
Folha - O senador Simon disse que o sr. está desrespeitando decisões da convenção do partido.
Geddel - Ele não tem autoridade para falar isso. Em 1994, mesmo a candidatura do ex-governador Orestes Quércia não tendo nenhuma perspectiva, fiquei com a candidatura. Simon, ao contrário, não deu apoio. Se prevalecer no partido a candidatura Simon, ainda que mixuruca, vou apoiá-la. É fácil para ele, com mais quatro anos de mandato no Senado, posar de candidato sem nenhuma chance de ganhar.
Folha - Por que não a candidatura Itamar, que está melhor nas pesquisas do que Serra?
Geddel - Se Itamar não conseguiu nem sequer unir o seu partido, não pode apresentar projeto capaz de conquistar a nação.
Folha - Por que não a candidatura do ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário)?
Geddel - É um bom moço, mas sem densidade interna no PMDB.
Folha - O que fazer com a prévia presidencial decidida na convenção do ano passado?
Geddel - Já houve um adiamento para 17 de março, com respaldo de Itamar e de Simon, o que contrariou a vontade da convenção, que queria prévia em 20 de janeiro. Se as pré-candidaturas continuarem postas sem unir o partido e sem apoio, podemos adiá-las ou cancelá-las. Se minha tese for vencida, lutarei para viabilizar a candidatura do partido.
Leia mais: Site especial das Eleições 2002
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